*Por Thaissa Barzellai
Sempre sofisticadas, as personagens que integram a bagagem teledramatúrgica da atriz Malu Galli são mais do que as aparências permitem transparecer: por debaixo da máscara refinada, cada uma, a seu jeito, tem algo a dizer e a viver, instigando reflexões acerca de temas pertinentes aos tempos atuais. Depois do sucesso de ”Amor de Mãe”, novela na qual Galli deu vida à Lídia, uma socialite que sofre com o alcoolismo e as amarras do machismo em um casamento infeliz e repleto de traições, a atriz retorna para mais um papel a partir do qual irá subverter as relações de gênero e estigmas sociais, dessa vez em um Brasil dos anos 1930 e 1940, períodos marcados pela ebulição industrial no país.
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Em ”Além da Ilusão”, nova trama das 18h da Rede Globo, a personagem da vez é Violeta, uma figura à frente do seu tempo que, apesar de viver um casamento tradicional da época com o juiz Matias (Antonio Calloni), assume os negócios da família e não permite que as convenções sociais anulem a mulher obstinada, provocante e visionária que é. “A Violeta é uma mulher que quebra paradigmas, assim como tantas e tantas outras que abriram caminhos ao longo da história. Ela é corajosa, firme e amorosa, e um tanto explosiva também”, conta Malu que espera que o público enxergue as semelhanças entre os tempos retratados e os contemporâneos. “Me inspirei em todas nós para essa personagem. A Violeta é uma mulher como nós, dos dias de hoje, porém vivendo nos anos de 1940”, revela.
Na trama, Malu integra o núcleo protagonista como mãe de Elisa e Isadora Tapajós, ambas interpretadas pela estreante global Larissa Manoela, filha de Afonso Camargo (Lima Duarte), dono de terras na região, e irmã de Heloisa (Paloma Duarte). Escrita por Alessandra Poggi com direção artística de Luiz Henrique Rios e direção de Luís Felipe Sá, a novela, que acompanha a saga por justiça do ilusionista Davi Jardim (Rafael Vitti) após ser acusado injustamente por um crime, promete explorar ao máximo a verve dramática característica das telenovelas desde os primeiros capítulos.
Logo no início, Violeta e sua família terão que reencontrar os seus caminhos após o falecimento da filha, Elisa, que se envolve contra a vontade do pai com o mágico Davi, culpado pela morte da jovem, e a descoberta de que Camargo está à beira do falecimento. É aqui que começa a aventura independente de Violeta, que assume o comando da fazenda do pai e faz negócios com Eugênio (Marcello Novaes), um investidor machista e conservador com quem irá viver uma relação nos populares e divertidos moldes do tropo “entre tapas e beijos”.
A dinâmica da dupla é uma alusão às comédias românticas que preencheram as salas de cinema ao redor do mundo, evocando uma nostalgia pelos clichês que tornaram nomes como Fred Astaire e Ginger Rogers, Katharine Hepburn e Spencer Tracy, Doris Day e Rock Hudson, dentre tantos outros, atemporais nos corações dos cinéfilos apaixonados. “Eles vão viver situações muito engraçadas e emocionantes, além de romper padrões da época”, conta. Em contraste com o romantismo clássico de Eugênio e Violeta, o casamento dela com Matias, apesar do afeto entre os dois, será tudo o que se espera de uma união vivida nesses tempos. “É um casamento mais morno, mais vida em família. É um casamento bem padrão”, afirma.
Apesar do anúncio do fim do longo contrato com a emissora no início de 2021, o convite para viver Violeta veio quando ainda estava no ar com ”Amor de Mãe”, logo após a desistência da atriz Claudia Raia diante do cenário de pandemia e, portanto, do atraso nas gravações – o que, provavelmente, resultou em conflito na agenda da atriz que tem se apresentado em São Paulo ao lado do marido Jarbas Homem de Mello no espetáculo musical “Conserto para Dois”.
Além da novela, Malu Galli começa 2022 de vento em popa e também estreia no universo dos streamings com a segunda temporada de ”Desalma”, série original do Globoplay voltada para o universo sobrenatural. Dividida em duas fases, ”Além da Ilusão” estreia no dia 7 de fevereiro como substituta de “Nos Tempos do Imperador” com a promessa de tocar o coração dos espectadores com a sua verve lúdica e esperançosa.
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