Esqueça tudo o que você sabe sobre o cinema nacional e vá despido de qualquer preconceito para assistir ao longa “Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo”, que estreia no próximo dia 16, nos cinemas de todo o país. Dirigido por Afonso Poyart, a cinebiografia conta a trajetória de superação de um dos lutadores mais bem sucedidos da história do MMA: José Aldo, o temido “Scarface” dos octógonos. Aproveitando a boa fase do esporte, que virou uma sensação entre os amantes de pancadaria, Poyart encarou o desafio de mergulhar a fundo na vida do ex-campeão da categoria peso pena do UFC, para relatar desde sua infância pobre e traumática em Manaus, até o reconhecimento mundial de seu talento nas artes marciais. Não menos importante, mas fundamental para o sucesso da produção, o ator José Loreto dá um show de interpretação como nunca se viu antes.
“Fazer esse filme foi o maior desafio da minha vida. Durante vários meses eu deixei tudo de lado para virar um verdadeiro lutador de MMA. Foi muito exaustivo e de muita entrega. Quando a gente faz um personagem que não é real, a gente pode inventar, mas como ele é um cara que existe e está aqui, o desafio é muito maior. Eu não quis imitar o Zé (José Aldo), eu quis ser o Zé. Eu me embriaguei dele, quis entender qual era a motivação desse cara. Apesar das diferenças físicas, que são evidentes, eu agi e pensei como ele”, comentou José Loreto, que ainda falou sobre a preparação para viver um atleta. “Eu encarei esse filme como se fosse a minha disputa pelo cinturão. Fiz uma uma dieta rigorosa, onde eu fiquei com 2% de gordura corporal e treinava quatro horas por dia. Quando chegou a hora das filmagens foi só lembrar que eu era ator, porque eu já estava mais atleta do que ator. Foi muito intenso, muito desgastante, mas valeu. Cada murro que eu tomei na cara, valeu a pena”, revelou, orgulhoso.
Durante a pré-esteia carioca, que aconteceu nesta quarta-feira, no shopping Downtown, na Barra da Tijuca, Loreto contou ao HT que, apesar de ser adepto de esportes na sua vida pessoal, se surpreendeu com o resultado do longa. “Tudo foi muito difícil, mas isso me estimula. O mais complexo, foi ter um pai que é um vilão e um herói ao mesmo tempo. Porque o meu pai é um herói para mim. Foi uma linha muito tênue que a gente teve para não fazer desse pai (vivido por Jackson Antunes) um anti-herói”, disse. “Eu sou faixa preta de judô desde os cinco anos. A arte marcial foi a grande escola da minha vida. Eu sou bem dedicado, mas o Aldo sou eu vezes mil. É uma história incrível de superação. Eu já tive muito ‘não’ em teste para a televisão, mas ele teve o não do mundo e mesmo assim não desistiu. Ele é uma inspiração”, declarou o ator de 32 anos.
No longa, que mistura ação, romance e drama, Cléo Pires interpreta Vivianne Oliveira, ex-lutadora e mulher de Aldo. Já os pais do atleta, Seu José e Dona Rocilene, são vividos por Jackson Antunes e Claudia Ohana, respectivamente. Além de outras questões, o casal traz à tona temas mais polêmicos como a agressão à mulher. Durante muitas cenas dramáticas, Seu José, alcoólatra, desconta sua raiva batendo na mulher, mãe do lutador. “Ela é uma personagem muito sofrida e simples. Ela sofre abusos dentro de casa e é uma mulher que representa várias outras mulheres do Brasil. Esse tema veio em um momento super oportuno, para a gente discutir o que é a defesa da mulher. Por favor, mulher não gosta de apanhar. Qualquer tipo de violência é um absurdo”, ponderou Cláudia. “Mas apesar disso, eu ganhei dois filhos. Os dois ‘Josés’ ficam me chamando de mãe em todo lugar”, contou.
Embora não seja muito fiel à história real de José Aldo, o longa consegue prender a atenção do início ao fim contando todos os dramas, fantasmas e glórias do ex-campeão do UFC. Nas questões técnicas, o filme é também não deixa a desejar. Cortes de cena, fotografia, enredo e profundida são apresentados de forma excepcional, trazendo uma nova perspectiva para o cinema nacional. Motivo de orgulho para os cinéfilos mais críticos. Segundo o diretor, Afonso Poyart, um dos grandes desafios do longa foi mesclar a história real do lutador com a dramaturgia. “Apesar de ser uma biografia, o filme tem uma parcela de ficção, e eu avisei ao Aldo. Acho que esse equilíbrio entre o lúdico e o real foi o grande desafio. O Loreto conseguiu capturar a essência do que a gente queria passar, desse cara que traz um certo ódio de diversos traumas para se expressar no que faz”, confessou.
Destaque para as cenas de luta. Bem dirigidas e coreografadas, elas não ficam devendo absolutamente nada para as produções hollywoodianas. “Estas foram as mais difíceis. Foi muito complexo e nós passamos vários dias gravando as cenas de porradaria. Queríamos fazer algo de muita competência. Que saísse do lugar comum”, entregou ele, que já dirigiu os filmes “Dois Coelhos” e “Presságio de um Crime”. Ele ainda aproveitou para deixar no ar uma possível continuação da franquia: “É uma biografia de um cara novo ainda, que tem muita história pela frente. Acho que sim, acho que podem ter muitos filmes aí. De repente uma luta contra o McGregor seria o segundo filme, com certeza. Só ela já dá um filme”, contou. Poyart fez um comparativo da produção com a atual situação política do país. “A gente acredita muito no filme, porque ele tem uma mensagem que combina com esse momento. Ele não fala das vitórias de José Aldo. Mas da superação de José Aldo. A mensagem é essa. Não é simplesmente ganhar, ganhar e ganhar. É apanhar e ter que levantar de novo”, completou.
A grande estrela da noite, o cinebiografado não escondeu a satisfação por poder ver sua história virar filme e revelou ter chorado na primeira vez a que assistiu. “Realmente eu só tenho a agradecer ao Afonso, ao elenco inteiro pela emoção que eu senti ao ver a minha história contada no cinema. Ficou muito show. Acho que sendo fã de luta ou não vai se emocionar com o filme, porque ele é bastante forte. A primeira vez que vi foi uma emoção muito grande pelo fato de que eu não procurei ver muito como filme. Na segunda eu assisti mais tecnicamente e vi que estava lindo. Estava tudo perfeito e só tenho a agradecer por tudo que eles passaram. Não tem como não chorar” revelou.
O longa é produzido pela Black Maria e Paris Produções e tem coprodução UFC, Globo Filmes, Universal e Combate. A estreia acontece dia 16 de junho, com distribuição da Paris Filmes e Downtown Filmes.
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