Luiza Gattai, sobrinha bisneta da autora Zélia Gattai, brilha em série da Turma da Mônica e vai se lançar cantora


Antes de lançar álbum próprio, a intérprete da Carminha Frufru, que estreou na TV, no “The Voice Kids”, em 2017, chega às plataformas, no final do mês, em dueto no EP de Gabriel Moreira, que dá vida ao Cascão. Além de compor letra e música, a jovem de 15 anos gosta também de escrever. Multifacetada, que carrega essa herança cultural genética, em setembro, ela estreou nos cinemas com o filme “A Vida de Pedro”, que tem como protagonista Cauã Reymond no papel de D. Pedro I

* Por Carlos Lima Costa

Descoberta pelo público no The Voice Kids 2017Luiza Gattai, intérprete da antagonista Carminha Frufru, em Turma da Mônica: A Série, do Globoplay, e que, em setembro, estreou nos cinemas com o filme “A Viagem de Pedro”, interpretando a primogênita de Dom Pedro I (1798-1834), vivido por Cauã Reymond, integra uma família cujas obras e personagens fazem parte do imaginário coletivo dos brasileiros. A atriz, que planeja também trilhar carreira de cantora (ela compõe letra e música), e gosta de escrever crônicas, é sobrinha bisneta da escritora Zélia Gattai (1916-2008), casada por 56 anos com o também escritor Jorge Amado (1912-2001). “Desde pequena, minha avó, que é sobrinha dela, sempre me falou muito, contou histórias. Queria ter conhecido, mas gosto bastante dos livros deles, que são fenomenais”, frisa ela, apontando, com orgulho, entre os prediletos “Anarquistas, Graças a Deus”, de sua tia bisavó, e “Capitães de Areia”, de Jorge Amado.

Luiza Gattai interpreta Carminha Frufru em “Turma da Mônica – A Série”, do Globoplay (Foto: Divulgação)

Zélia, irmã do bisavô de Luiza, morreu quando a jovem tinha apenas dez meses de vida. “Desde pequena, tanto com os livros da Zélia, do Jorge e do meu avô, o engenheiro Nagib Anderáos, pai da minha mãe, que escreve muito sobre logosofia, sempre tive contato próximo com a literatura. Adoro ler. Sempre estou com um livro na bolsa ou no meu kindle. Acho que isso melhora as minhas composições e a minha escrita. Quando era menor, tinha umas histórias bem maluquinhas, mas se perderam aqui nas memórias de casa.Teve uma sobre uma menina que achava um isqueiro e toda vez que o acendia, ela se teletransportava para lugares diferentes, conhecendo o mundo e coisas novas. Às vezes, me dá um surto criativo e eu preciso escrever algo, compor uma música ou gravar um vídeo. Gosto bastante de escrever sobre fatos da minha vida mesmo, espécies de crônicas. Por enquanto, para publicar, somente as músicas”, diverte-se ela, que espera um dia ter a oportunidade de atuar em um espetáculo baseado em livro de seus parentes famosos.

Luiza tem músicas compostas em português e inglês e planeja trilhar carreira de cantora paralela a de atriz (Foto: Juliana Sabbatini)

Mais do que participar de espetáculos musicais, ela deseja realmente enveredar pela carreira de cantora mostrando seu trabalho autoral. Se definindo como autodidata no piano, ela tem canções compostas em inglês e português e vem conversando com os pais para produzi-las e lançá-las. “Tenho bastante vontade de me lançar também como cantora. Acho que dá para conciliar as carreiras”, ressalta ela, cujo estilo é o pop, com uma pegada R&B. Mas fã de músicas antigas, em seu canal no YouTube é possível conferir covers que ela gravou como a da clássica “Onde Anda Você”, de Vinicius de Moraes (1913-1980).

“Sou apaixonada por músicas antigas, tanto brasileiras quanto americanas. Para ser sincera, sou bem eclética. Gosto de tudo… pagode, MPB, jazz, blues, R&B… Das antigas, principalmente MPB, a as canções de Tom Jobim (1927-1994). Eu me chamo Luiza por causa da música dele”, conta.

PARCERIA MUSICAL COM GABRIEL MOREIRA

No final deste mês, deve chegar aos streamings dois duetos dela com Gabriel Moreira, intérprete do Cascão, que vai lançar um EP. “O primeiro é uma música que eu e o Biel compomos e produzimos juntos. Ainda não definimos o título. Ela tem uma pegada mais trap, que é o estilo dele, depois cai um pouco para o pop, e vira um trap meio soft. Além dessa, gravamos ‘Gelo’, um trap que ele lançou recentemente. Fizemos uma versão acústica para combinar com a minha voz.”

Luiza e Gabriel se conheceram nas gravações de “Turma da Mônica – A Série”. Os personagem dos quadrinhos criados por Mauricio de Souza fizeram parte da infância da atriz. “Eu lia bastante os gibis. Eles e os filminhos animados me marcaram bastante, eu adorava. Sempre gostei da Magali, mas o Do Contra foi o meu personagem favorito, porque o considero muito autêntico e eu prezo isso”, cita. Assim, encarou com enorme responsabilidade ingressar nesse universo no audiovisual dando vida à Carminha Frufru. “Mas é muito gostosa essa responsabilidade. Diria até que é atípica. Eu sempre falo que são personagens escritas em pedras, então, a gente não pode viajar muito na construção delas, mas claro interpretei a Carminha com a minha assinatura. Foi um trabalho que exigiu força, foco e pesquisa, mas foi gostoso. Meus amigos tiveram um susto coletivo quando contei que ia participar da série. Acharam muito legal, porque a Turma da Mônica é um patrimônio brasileiro. Eu quase explodi de felicidade”, lembra.

Ela só lamenta ter conhecido o cartunista apenas no lançamento da produção do Globoplay. “O Mauricio ia participar da série. Ele tinha uma única cena e era comigo, mas gravamos quando teve aquele surto da ômicron, então, por conta da pandemia da covid, a cena dele acabou caindo”, recorda.

Luiza Gattai e equipe no lançamento de Turma da Mônica – A Série (Foto: Divulgação)

Carminha é a antagonista da história. “À princípio, ela é o que toda menina quer ser, o ideal da adolescência, porque está todo mundo naquele limbo de pré-adolescência e ela já é meio que um modelo para as pessoas. Mas vai se desmanchando aos poucos e aí no final da série vemos que ela não é tão bem resolvida quanto aparenta”, frisa. E explica que a série não vai ganhar uma segunda temporada. “Os próximos projetos da Turma da Mônica serão com outros atores, que com certeza vão arrasar bastante. Essa série foi a despedida desse elenco”, revela, referindo-se além de Gabriel, a Giulia Benite, Laura Rauseo e Kevin Vechiatto, os intérpretes de Mônica, Magali e Cebolinha, que deram vida também aos personagens nos filmes “Turma da Mônica – Laços” e “Turma da Mônica – Lições”.

Aos 15 anos, Luiza ressalta que sempre foi bem extrovertida e teve tendência para ser artista. “Desde pequenininha, gostava de performar, cantar, de me fantasiar, desfilar. Descobri o dom da atuação ao participar do The Voice Kids. Mas sou uma adolescente normal: estudo, tenho vida social e tento conciliar com o trabalho. Só esse é o diferencial. Fui obrigada a amadurecer um pouco mais cedo, por conta da responsabilidade do trabalho”, enfatiza.

Tive que abrir mão de algumas coisas na infância. O trabalho, que eu mais amo fazer na vida, sempre compensou esses momentos em que abri mão de brincar ou fazer atividades comuns para alguém da minha idade – Luiza Gattai

ESTREIA NO CINEMA AO LADO DE CAUÃ REYMOND

Ainda criança, ela filmou, em 2018, o longa-metragem “A Viagem de Pedro”, seu primeiro trabalho no audiovisual, lançado no último mês de setembro. Ela interpreta Maria da Glória (1819-1853), a primogênita de Dom Pedro I com a Imperatriz Leopoldina (1797-1826). O filme se passa no ano de 1831, em uma fragata inglesa, no meio do Oceano Atlântico, mostrando Pedro, inseguro e doente, a caminho de Portugal, onde o trono foi roubado por seu irmão. “É a história que não foi contada nos livros. Foi muito legal. Quando pego uma personagem inspirada em alguém que existiu, gosto bastante de pesquisar. A Laís Bodanzky, diretora do filme, me ajudou muito, me contou bastante sobre a história que não está nos livros, porque essa é a ideia do longa, mostrar um pouquinho da história que não é contada nas escolas. Eu, por exemplo, não sabia que ele teve sífilis, o que no filme fica bastante evidente. Por conta disso, ele tinha várias convulsões, alucinações. Aprendi também sobre os vários filhos, as esposas”, observa.

Cauã Reymond e Luiza Gattai nos bastidores do longa-metragem “A Viagem de Pedro”, filmado em 2018 (Foto: Arquivo Pessoal)

E relembra o contato com Cauã. “Ele é muito atencioso, gostei bastante de trabalhar com ele, uma pessoa bem alto astral, do jeito que eu gosto. Nos divertíamos bastante. A filhinha dele (Sofia, herdeira de Grazi Massafera) fez uma mini participação no filme em cenas que eu também estou. Adorei conhecê-los. Ele estava sempre disposto a ajudar. Fora que é um baita ator”, comenta. Sofia interpreta filha de Dom Pedro I com a amante Domitila de Castro (1797-1867), a Marquesa de Santos.

Carlinhos Brown e Luiza Gattai, no “The Voice Kids”, de 2017 (Foto: Divulgação)

Luiza deu os primeiros passos artísticos no “The Voice Kids”, em 2017, onde chegou até a terceira das cinco fases, no time de Carlinhos Brown. “Ele é uma baita inspiração, tinham momentos de ensaios, que do nada ele tinha uma ideia e começava a compor. Achava isso demais, ficava maravilhada”, recorda. Foi nessa fase, que descobriu o desejo de atuar.

Luiza Gattai e Miguel Falabella, no espetáculo teatral “Annie, o Musical” (Foto: Divulgação)

“Quando entrei no programa, alguns fãs começaram a me seguir e comentavam nas minhas redes sociais que parecia que eu estava atuando enquanto cantava. Era uma performance mesmo e sugeriram que eu fosse atrás do teatro musical. Aí fiz cursos preparatórios, consegui entrar para o elenco de ‘Annie, o Musical’ (adaptação da peça americana ‘Annie’, dirigida por Miguel Falabella, que também atuou). Quando fiz as audições achava que não ia passar logo de cara, mas passei e para protagonista. Nisso, comecei a trabalhar com música e atuação juntas. Passei a desvincular um pouco do canto no filme. Fui me aprimorando e aí cheguei a ‘Turma da Mônica’”, lembra ela, que este ano, em vez de dar uma festa para celebrar seus 15 anos de idade, preferiu viajar. Ela e a família foram para a Itália. Visitaram as cidades de Milão, Veneza, Florença, Roma e a ilha de Capri. “Não me arrependo. A viagem foi muito gostosa, aprendi várias coisas. Não faço tanta questão de dar festas, eu prefiro ir nas festas”, assegura ela, que tem dois irmãos. Dante Gattai, 12 anos, e Alice Gattai, 9, também atores. Mas Luiza nunca contracenou com os dois.