* Por Carlos Lima Costa
Na televisão brasileira e no cinema mundial já vimos inúmeras crianças que vivenciaram o sucesso, mas, na transição para a adolescência e a fase adulta, as oportunidades se tornaram escassas ou simplesmente optaram por um novo rumo profissional. Este é o caso de Thiago Oliveira. Longe das novelas desde o término de Araguaia, em abril de 2011, ele se destacou em tramas como Chiquititas e em O Clone, que está sendo reprisada, à tarde, na Globo, na qual interpretou Amin, filho de Mohamed (Antonio Calloni) e Latiffa (Letícia Sabatella). “Mesmo quem fala que não, passa por dificuldade na transição, isso é natural. Eu comecei com 4 anos, fiz mais de 350 propagandas. O importante foi que eu sempre gostei do backstage. Então, não tinha outra forma de lidar com a vida profissional que não fosse envolvido nessa área”, pontua ele, que se tornou cineasta. Ele dirigiu Caio Castro, no longa-metragem Se a Vida Começasse Agora, que estreia este ano em uma plataforma de streaming e revela que está alinhavando uma nova produção de um longa-metragem com Giovanna Antonelli.
A atriz deu vida a Jade, protagonista de O Clone. “Começamos a tratar do projeto de um longa, veio a pandemia, atrasou tudo. É produção nossa com a Imagem Filmes, distribuidora, e ela vai protagonizar. Existe uma vontade da Giovanna e também da Carla Diaz, a Khadija, filha de Jade na trama de Gloria Perez, fazerem um filme juntas e a gente está movimentando para isso acontecer”, explica Thiago.
Ele conta que a verve cineasta aconteceu de forma natural, quando, aos 18 anos, decidiu ingressar na faculdade de cinema. “Sou muito feliz e realizado com o que faço hoje. Desenvolvo outras funções, mas não existe para mim essa história de ex-ator. Se surgir uma oportunidade, que eu achar interessante, que me desafie, eu toparei. Tenho muita saudade, sem dúvida. E, com certeza, com a novela reprisando, todo mundo comentando, ou eu mesmo, quando vejo a minha carinha gordinha, sapeca, o personagem aprontando, dá uma nostalgia”, revela.
E comenta sobre a repercussão da reprise de O Clone duas décadas depois. “Sou bastante reconhecido. Sempre me falam: ‘Tirando a barba, a carinha é a mesma’. Se colocar o cabelo para trás, então. Meus amigos já fizeram até memes. Foi um personagem muito engraçado”, conta, acrescentando que o seu núcleo era muito bacana. “A Carlinha é praticamente minha irmã, a gente se conhece desde bebê, fazíamos muita publicidade juntos. Com ela e com a Sthefany Brito, eu tinha atuado em Chiquititas. Sem falar nos outros atores, o Calloni, a Letícia, a Eliane Giardini, o Stênio Garcia. Esse núcleo de São Cristóvão foi ganhando cada vez mais espaço na trama, porque era muito engraçado, tinha o Bar da Dona Jura (Solange Couto), onde passaram nomes como Pelé e Roberto Carlos. Então, sem dúvida, o Amin foi um personagem que me deu muito destaque”, ressalta.
Na vida profissional, ele conta com a parceria da Produtora Executiva Carolina Boschini, neta do humorista Dedé Santana e da atriz Ana Rosa, com quem namora há sete anos. “Temos um relacionamento supersadio e bacana. Ela é meu braço direito e esquerdo para quase tudo, todos os negócios que eu tenho, ela consegue ser o cérebro da operação, me ajuda pra caramba. É fundamental que um casal se complete e transborde”, avalia.
Thiago ainda não tem filho. “Sempre tomei cuidado com isso, porque se vier em uma hora em que você não estiver preparado é complicado, principalmente depois desses dois anos de pandemia. Estamos retomando os trabalhos e colocamos uma outra empresa na rua. Tudo começou a girar. Está sendo uma loucura, graças a Deus, não posso reclamar, porque sou workaholic total. Por mim, viro noites fazendo o que eu gosto”, observa.
E ele tem como exemplo Marcos Schechtman, que o dirigiu na minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes. “Tenho experiência positiva com equipe, porque gosto de ter um lado humano bem presente, sem estrelismo, nem mau humor. Isso eu peguei muito do Marquinhos. Lembro de vê-lo meia-noite estudando o roteiro de um lado para o outro. No dia seguinte, no set, falava ‘bom dia’ para todo mundo, do pessoal de limpeza aos atores, com a mesma simplicidade. Eu via o carinho dele com a profissão, que faz com que todo mundo trabalhe melhor. Quero pregar isso em todos os meus negócios”, enfatiza.
E ressalta que artistas, no geral, devem correr atrás de projetos próprios, até por conta da dificuldade da profissão. “Se você fica parado, esperando a indústria te chamar em algum momento, de fato você é esquecido. Quem não é visto, não é lembrado. Faz parte você se movimentar, tentar criar um projeto seu, juntar com uns amigos. Com qualquer celular, com qualquer câmera você grava algo, tira uma ideia do papel e consegue fazer tudo acontecer. Então, é mais do que necessário. E tem tantos festivais, tantas portas abrindo. Agora, quantos streamings não estão produzindo no Brasil, quer dizer, as oportunidades vão além do que a gente já tinha. O mercado não é mais o mesmo, outras portas surgiram. Cabe ao diretor, ao ator, produtor fazer o melhor possível e tentar conquistar o seu espaço”, analisa ele.
Thiago é dono da ToO (abreviação de Thiago Oliveira) Filmes. “Já fiz um longa, alguns curtas, como O Vestido de Myriam (Thiago foi responsável pela co-produção) com Camila Amado (1938-2021) e o Tonico Pereira. E me orgulho de falar que tenho um Cannes Lion de bronze (no Cannes Lions International Festival of Creativity), por uma campanha publicitária, onde fui produtor executivo”, vibra ele, que tem uma agência de publicidade.
Este ano, está bem focado também na empresa SKN, criada há sete meses. “Ela é uma Multi-Family Office para jogadores, atores, músicos, enfim. Resumindo, a gente consegue cuidar do que a pessoa não domina, digamos assim. Ela gera uma estrutura para que aquela pessoa consiga atingir seus objetivos financeiros de patrimônio, quer dizer, eu e meus sócios trabalhamos com gestão patrimonial para fazer com que todos tenham acesso a um futuro melhor de fato. Começamos com jogadores de futebol, porque o meu sócio que teve a ideia lá atrás, é desse mercado. E eu falei que era extremamente necessário trazer também para os atores e músicos. São pessoas que ganham muito dinheiro por um bom período e, muitas vezes, acabam torrando tudo se não fizer um planejamento. Hoje em dia, a gente está atuando também na Europa, na Ásia, nos Estados Unidos”, observa.
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