‘Levo na boa o que falam sobre mudanças no meu rosto. Se não satirizar o que falam, não vale’, diz Rodrigo Sant’Anna


O ator estreia a quarta temporada do Tô de Graça, no Multishow, no dia 15, e fala ao site sobre a quarentena ao lado do marido e da família, das mulheres que são inspiração na sua vida, das suas origens e das intervenções estéticas que fez: “Acho que a mudança maior foi a rinoplastia. A harmonização facial já tinha feito antes, daí o nariz saltou. Também fiz implante capilar. Então, o povo começou mesmo a questionar porque eu estava diferente. Não fico chateado com as críticas, é normal, todo mundo fala de todo mundo. Ficou diferente? Ficou. Mas o importante é que estou satisfeito com o resultado”

*Por Brunna Condini

Rodrigo Sant’Anna vai trazer um pouco de alegria para a casa dos espectadores ainda durante esta quarentena. O humorista estreia dia 15 de junho a quarta temporada do Tô de Graça, no Multishow. Ator e produtor da atração, ele conta que os episódios foram gravados um pouco antes da necessidade de isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus. “Ainda bem, porque teríamos que parar, até porque temos participação do público na plateia”, diz, sobre o sitcom que será exibido de segunda a sexta-feira, às 22h30.

Na nova temporada, Dona Graça, vivida por Rodrigo, e sua grande família voltam à programação e recebem as participações especiais de BeloCacau ProtásioValesca Popozuda e Nego do Borel. Apesar do recolhimento ter diminuído o ritmo da vida, Rodrigo tem sido múltiplo. “Além do ‘Tô de graça’, estou trabalhando em um novo projeto para o Multishow. Nele, faço quatro personagens dentro de um hospital público”, revela o humorista, que também assina o roteiro de Tô de Graça, ao lado de Denise Crispun. “Estou tendo a oportunidade de trabalhar, então ocupo a cabeça. Quando veio a pandemia, estávamos fazendo o “Tô de Graça” no teatro, íamos para São Paulo, suspendemos”.

Rodrigo na pele de Dona Graça no sitcom Tô de Graça, que estreia sua nova temporada dia 15, no Multishow (Foto: Juliana Coutinho)

O ator está recolhido em casa com o marido, o roteirista Junior Figueiredo, com a mãe Ana, e com a avó Adélia, de 94 anos. “Somos fieis à quarentena aqui. Mas por incrível que pareça, tenho ficado muito comigo, me cuidado mais, refletido sobre escolhas, o que é bom “, pontua.

E como vai ser o Dia dos Namorados na sexta? “Vamos transar (risos). Não, sério. Vamos ficar juntos, quietinhos, o clima não é muito para celebrações, né? Minha mãe e eu também fizemos aniversário em abril, mas não fizemos nada especial. O importante agora é estarmos bem. Isso vai passar”.

‘Vamos ficar juntos, quietinhos no Dia dos Namorados, o clima não é muito para celebrações, né?” (Reprodução Instagram)

Ele tem feito lives compartilhando suas experiências culinárias, e seus momentos em casa, como uma recente, que fez ao lado da avó Adélia, sua maior inspiração. “A Graça, do Tô de Graça, é a minha avó. A personagem teve 13 filhos, minha avó teve 10 filhos. A Graça é sexual, minha avó é danada, com 60 já namorou homem de 30, por exemplo. Minha avó é inspiração para o meu trabalho e tenho orgulho disso”, diz o artista. “Ela foi empregada doméstica, sempre uma mulher empoderada e nem sabia, subversiva. Fez o que teve vontade, nunca ligou para o que diziam. Quero cada vez mais dar voz para essas mulheres que não têm muito lugar na dramaturgia. Tenho a felicidade de ter sido criado por grandes mulheres, potentes, vem daí essa paixão por interpretar muitas personagens femininas”.

“Minha avó é inspiração para o meu trabalho e tenho orgulho disso. Era uma mulher empoderada e nem sabia, subversiva” (Reprodução Facebook)

Rodrigo foi criado no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro, e a partir da própria vivência e da observação dos tipos do subúrbio, ele elabora suas criações. O ator se popularizou com o espetáculo “Suburbanos”, criado em 2006, e com as personagens do extinto Zorra Total, Valéria e Adelaide, com seus bordões que caíram no gosto do público. Ele diz que por conta dos personagens, o público nas ruas se sente “íntimo” dele. “É muito louco. Meus personagens falam alto, são expansivos. E eu no meu dia a dia sou mais na minha. Uma vez entrei em um carro de aplicativo, e a motorista dirigindo gritava que me adorava, falava alto, empolgada. Claro que adorei o carinho e agradeci. E ela: “Você vai falar só assim comigo?”. Ela queria que eu gritasse como os personagens, fosse eufórico”, recorda. “Hoje já entendi. Desmistifico essa história de que sou antipático. O que sou é mais reservado. A expectativa das pessoas é alta e quando veem que não sou assim tão animado, se frustram. Mas adoro o contato com o público, não tenho problema nenhum com assédio, curto, não tem questão. Só sou diferente dos personagens”.

“Adoro o contato com o público, não tenho problema nenhum com assédio, curto, não tem questão. Só sou diferente dos personagens” (Reprodução Facebook)

Com a pandemia, a situação de muitas famílias que moram em comunidades e estão mais vulneráveis, se agravou. Pensando nisso, o ator tem se engajado, sem esquecer de suas origens. “Tomei conhecimento do projeto “Entre Amigos”, no Morro dos Macacos. Há uma página no Instagram com todas as informações. Abracei a causa de distribuição de alimentos. Mas com meu envolvimento, pensei em ampliar, porque nem só de alimento vive o homem. Então, fiz parceria com eles e estou tentando ajudar as famílias mais precárias, com um valor mínimo”, conta. ‘Meu trabalho fala dessas pessoas, é muito próximo para mim. Então, é natural que eu colabore, queira estar junto neste momento”.

Mudanças

Esse moço está diferente. Aos 39 anos, o ator gosta de se cuidar, é fã de uma alimentação mais equilibrada, se exercita, mas também se submeteu a procedimentos estéticos para se sentir melhor com sua autoestima. “Acho que a mudança maior foi a rinoplastia. A harmonização facial já tinha feito antes, daí o nariz saltou. Também fiz implante capilar. Então, o povo começou mesmo a questionar porque eu estava diferente”. Fica chateado com críticas? “Não. É normal, todo mundo fala de todo mundo. Ficou diferente? Ficou. Mas o importante é que estou satisfeito com o resultado”, garante.

Faria outras intervenções? “Não sei, acho que não. O nariz, por exemplo, quis fazer porque tinha um osso que eu não gostava. Desde jovem eu desejava fazer, mas tinha muito medo. Achava que se não desse certo, eu não poderia reclamar”, divide. “Olha, tento lidar com humor com os comentários. Lembro que fui no Altas Horas, tirei uma selfie com o Serginho Groisman e depois todo mundo ficou falando do meu rosto. Minha mãe quando viu, me ligou: “Meu filho, você fez alguma coisa no queixo para ir no programa?”. Respondi que estava com o mesmo queixo que tinha saído do Rio (risos). Essa coisa das mudanças no rosto e tal, coloquei até no Tô de Graça. Faço humor, se não satirizar o que falam de mim, não vale”.

Rodrigo revela ainda, alguns desejos no caminho, pós confinamento:  “Quero viajar e voltar a fazer programa com plateia, que amo. E eu e o Junior queremos planejar um filho, pretendemos adotar. Mas é um trâmite complexo, então, ainda estamos conversando sobre o melhor momento”.