*Por Simone Gondim
Ao fim de 2020, Lázaro Ramos define o ano com uma palavra: complexo. Mesmo com todas as dificuldades impostas pela pandemia causada pelo novo coronavírus, o baiano conseguiu virar o jogo e fazer desses 12 meses um período produtivo. Entre os destaques, a direção do especial “Falas negras”, exibido em novembro na TV Globo, e os 15 anos do programa “Espelho”, no Canal Brasil. Mas o fato de acreditar na capacidade de as pessoas se reinventarem na adversidade não significa romantizar os obstáculos. “Não foi um ano de emoções simples, foi tudo muito complexo. Acho que a proximidade com a família é a coisa a se comemorar mais, bem como a certeza de que dá para se reinventar nas situações mais difíceis”, diz ele. “Lidei (com a pandemia) como todo mundo. Angustiado em alguns momentos, esperançoso em outros, revoltado. Foi um turbilhão de emoções”, garante.
Para 2021, Lázaro vai além da torcida pela distribuição da vacina contra a Covid-19 e os tradicionais votos de paz, saúde e prosperidade. Como em seus projetos profissionais, ele valoriza a força das palavras e apela para a consciência social. “Quero mais sossego, respeito pela diversidade que somos nós e pela coisa pública”, afirma.
Por falar em trabalho, para celebrar os 15 anos do “Espelho”, Lázaro apresentou nesta segunda-feira (dia 28) um especial com uma hora de duração, no Canal Brasil. Haverá reapresentações na quarta (30), às 15h30, e na sexta (1º de janeiro de 2021), às 7h30. No programa, personalidades que se destacaram em segmentos como religião, medicina, televisão e humor discutem os temas que mais mobilizaram as pessoas em 2020.
Por conta dos riscos relacionados à Covid-19, as entrevistas não puderam ser feitas pessoalmente. Entre os convidados, o ator Terry Crews, conhecido do público brasileiro por papéis como o de Julius Rock na série “Everybody hates Chris” (“Todo mundo odeia o Chris”) e do sargento Terry Jeffords em “Brooklyn Nine-Nine”; a médica Thelma Assis, campeã do BBB 20; o professor e advogado Silvio Almeida; o policial Alexandre Felix Campos, engajado na luta antifascista; o teólogo e pastor Ronilso Pacheco; a Yalorixá e mestra em Cultura e Sociedade Nívea Santana e a humorista Thamirys Borsan.
O curioso é que Lázaro Ramos chegou a cogitar botar um ponto final no “Espelho”. “Há cinco anos pensei em acabar com o programa, porque achei que nosso depoimento tinha se encerrado. Depois de tanto tempo, de ser um dos programas mais longevos da TV por assinatura, pensei que tinha que mudar formato e nome”, lembra. “Mas descobri que, quanto mais o tempo passa, aqueles assuntos que ninguém discutia na televisão nos primeiros anos do ‘Espelho’ se tornaram mais fundamentais”, acrescenta.
Para Lázaro, a atração do Canal Brasil está longe de ficar datada. “O tom e o jeito que a gente fala nesse programa, buscando pautas relevantes, mas procurando convidar as pessoas para participarem da discussão, sem nunca abrir mão de falar o que precisa ser falado, mostram que o ‘Espelho’ ainda tem uma contribuição a dar”, explica.
Ao fazer um balanço dos 15 anos do “Espelho”, o apresentador e idealizador atribui ao público a longevidade da atração. “Esse fôlego quem foi dizendo foi a sociedade. O ‘Espelho’ tem a característica de trazer assuntos relevantes, mas sempre tentando apontar caminhos de solução. Essa é a voz do programa”, acredita Lázaro.
E será que ele tem uma edição favorita? “Corro muito risco ao escolher alguma entrevista xodó, porque posso ser injusto com os entrevistados que foram sempre tão generosos a cada momento que apareciam”, observa. “Este ano, a gente teve só dois programas, então vou dizer que o xodó foi a do Lewis Hamilton e o especial de fim de ano, com uma hora de duração e esses entrevistados todos, somente para convocar vocês a verem quais foram os programas comemorativos em 2020, esse ano tão simbólico”, conclui.
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