Lázaro Ramos e balanço de 2020: “Turbilhão de emoções. Angustiado em alguns momentos, esperançoso em outros”


Ator comemora os 15 anos no ar do programa “Espelho”, no Canal Brasil, com especial de uma hora de duração. “Quanto mais o tempo passa, aqueles assuntos que, nos primeiros anos do programa, ninguém discutia na televisão, se tornaram mais fundamentais”, explica. “Quero para 2021 mais sossego, respeito pela diversidade que somos nós e pela coisa pública”, acrescenta

Lázaro Ramos e balanço de 2020: "Turbilhão de emoções. Angustiado em alguns momentos, esperançoso em outros"

*Por Simone Gondim

Ao fim de 2020, Lázaro Ramos define o ano com uma palavra: complexo. Mesmo com todas as dificuldades impostas pela pandemia causada pelo novo coronavírus, o baiano conseguiu virar o jogo e fazer desses 12 meses um período produtivo. Entre os destaques, a direção do especial “Falas negras”, exibido em novembro na TV Globo, e os 15 anos do programa “Espelho”, no Canal Brasil. Mas o fato de acreditar na capacidade de as pessoas se reinventarem na adversidade não significa romantizar os obstáculos. “Não foi um ano de emoções simples, foi tudo muito complexo. Acho que a proximidade com a família é a coisa a se comemorar mais, bem como a certeza de que dá para se reinventar nas situações mais difíceis”, diz ele. “Lidei (com a pandemia) como todo mundo. Angustiado em alguns momentos, esperançoso em outros, revoltado. Foi um turbilhão de emoções”, garante.

Para 2021, Lázaro vai além da torcida pela distribuição da vacina contra a Covid-19 e os tradicionais votos de paz, saúde e prosperidade. Como em seus projetos profissionais, ele valoriza a força das palavras e apela para a consciência social. “Quero mais sossego, respeito pela diversidade que somos nós e pela coisa pública”, afirma.

Lázaro Ramos celebra os 15 anos no ar do programa “Espelho”, no Canal Brasil (Foto: Celino Vitorino)

Por falar em trabalho, para celebrar os 15 anos do “Espelho”, Lázaro apresentou nesta segunda-feira (dia 28) um especial com uma hora de duração, no Canal Brasil. Haverá reapresentações na quarta (30), às 15h30, e na sexta (1º de janeiro de 2021), às 7h30. No programa, personalidades que se destacaram em segmentos como religião, medicina, televisão e humor discutem os temas que mais mobilizaram as pessoas em 2020.

Por conta dos riscos relacionados à Covid-19, as entrevistas não puderam ser feitas pessoalmente. Entre os convidados, o ator Terry Crews, conhecido do público brasileiro por papéis como o de Julius Rock na série “Everybody hates Chris” (“Todo mundo odeia o Chris”) e do sargento Terry Jeffords em “Brooklyn Nine-Nine”; a médica Thelma Assis, campeã do BBB 20; o professor e advogado Silvio Almeida; o policial Alexandre Felix Campos, engajado na luta antifascista; o teólogo e pastor Ronilso Pacheco; a Yalorixá e mestra em Cultura e Sociedade Nívea Santana e a humorista Thamirys Borsan.

(Foto: Celino Vitorino)

O curioso é que Lázaro Ramos chegou a cogitar botar um ponto final no “Espelho”. “Há cinco anos pensei em acabar com o programa, porque achei que nosso depoimento tinha se encerrado. Depois de tanto tempo, de ser um dos programas mais longevos da TV por assinatura, pensei que tinha que mudar formato e nome”, lembra. “Mas descobri que, quanto mais o tempo passa, aqueles assuntos que ninguém discutia na televisão nos primeiros anos do ‘Espelho’ se tornaram mais fundamentais”, acrescenta.

Para Lázaro, a atração do Canal Brasil está longe de ficar datada. “O tom e o jeito que a gente fala nesse programa, buscando pautas relevantes, mas procurando convidar as pessoas para participarem da discussão, sem nunca abrir mão de falar o que precisa ser falado, mostram que o ‘Espelho’ ainda tem uma contribuição a dar”, explica.

(Foto: Reprodução Instagram / Fred Othero)

Ao fazer um balanço dos 15 anos do “Espelho”, o apresentador e idealizador atribui ao público a longevidade da atração. “Esse fôlego quem foi dizendo foi a sociedade. O ‘Espelho’ tem a característica de trazer assuntos relevantes, mas sempre tentando apontar caminhos de solução. Essa é a voz do programa”, acredita Lázaro.

E será que ele tem uma edição favorita? “Corro muito risco ao escolher alguma entrevista xodó, porque posso ser injusto com os entrevistados que foram sempre tão generosos a cada momento que apareciam”, observa. “Este ano, a gente teve só dois programas, então vou dizer que o xodó foi a do Lewis Hamilton e o especial de fim de ano, com uma hora de duração e esses entrevistados todos, somente para convocar vocês a verem quais foram os programas comemorativos em 2020, esse ano tão simbólico”, conclui.