*por Vítor Antunes
Lázaro Ramos viverá no remake de “Elas por Elas” um personagem de destaque, o icônico Mário Fofoca, que na outra versão da novela, em 1982, coube ao ator Luís Gustavo (1934-2021). A entrada de Lázaro, bem como a de Késia, Mariah da Penha, Mary Sheila e Cosme dos Santos na novela acaba por revelar-se como uma reparação histórica. Conforme citado na entrevista com a atriz Maria Ceiça, não havia elenco preto na primeira versão da novela. Não só não havia naquela como eles eram poucos nas outras tramas do mesmo ano. “A presença preta nas novelas é algo que deveria ser natural há muito tempo. O mundo é assim. O mundo é diverso. E essa é uma boa luta do nosso tempo. Não é um assunto novo, ele vem sempre sendo pautado pelos artistas e é um reflexo muito positivo do que deve ser a nossa televisão e do que deve ser a cara do país que é profundamente diversificado”.
Além desta novela, Lázaro poderá ser visto no longa-metragem “Ó Paí, Ó – Dois“, previsto para 15 de novembro. O filme é uma continuação da obra original exibida nos cinemas em 2007 e que deu origem a uma telessérie de sucesso no ano seguinte. Segundo o ator, “esse filme novo atualiza várias pautas que eram debatidas no primeiro e isso eu acho importante. Às vezes, a gente acha que está tudo à estante, paradinho ou está resolvido, mas não, o tempo vai nos ensinando e ensinando… inclusive novas estratégias de combate em favor das nossas lutas”.
Pai de dois filhos – João Vicente e Maria Antônia – com a também atriz Taís Araújo, Lázaro aponta que seus filhos ainda não se direcionaram se vão manter a dinastia artística dos pais. “Eles estão em outras pesquisas profissionais. Ele é muito da matemática, ela muito ligada em animal, em bicho… Não sei o que será”, observa.
SOU MÁRIO CURY, DETETIVE PARTICULAR
Mário Fofoca foi uma dos mais importantes papéis da carreira de Luís Gustavo. Junto a ele, Beto Rockfeller, da novela homônima, de 1969, e o Victor Valentin, de “Tititi” (1985). O que os une, além do mesmo ator, é o fato de serem anti-heróis. Em todos os casos. Lázaro relata-nos que inspirou-se nos personagens vividos pelo grande ator para dar vida a um de seus primeiros papéis importantes em novela, o Foguinho, de “Cobras e Lagartos” (2006). Conta-nos que “já tinha Luís Gustavo como referência. Os personagens dele já estavam no meu radar, como o Beto Rockfeller, o Victor Valentin… Luiz fazia muito bem personagens com esse perfil. Fico, deste modo, muito feliz com a oportunidade de homenageá-lo e, ao mesmo tempo, também poder imprimir minha assinatura ao Mário Fofoca”. O personagem de Lázaro, nesta releitura é um detetive atrapalhado e pouco talentoso. Um herói latino que sobrevive apesar de tudo.
Lázaro revela que vem sendo cobrado a escrever a continuação de seu livro “Na minha Pele“, e que esta demanda está há meses entre seus próximos passos. Porém, de imediato, lançará a continuação de “Ó Paí, ó“. O volume dois do clássico do cinema baiano ganhará as telas no feriado da Proclamação da República, em novembro. “É um filme que começou a ser feito antes da pandemia, foi finalizado agora e, enfim, vai chegar ao cinema. Relata o cotidiano de pessoas que moram na capital baiana em condições precárias, mas que, mesmo assim, não perdem a alegria e não desanimam. O longa também trata de questões importantes, como os preconceitos social e racial. “Voltar a este projeto, de 17 anos atrás, é como olhar para si também. Um projeto feito há tantos anos e retomado é uma oportunidade de rever como a gente falou de alguns temas naquele momento e como atualizá-los. “Ó Paí, Ó – Dois” representa isso pra mim. Estou ansioso em ver o resultado”, revela.
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