Não é à toa que o Canal Brasil é chamado de “a casa do cinema brasileiro”. Há 20 anos, o canal fortalece a indústria audiovisual do país e reserva a maior parte da sua programação a longas e curtas-metragens nacionais. Na noite desta terça-feira, dia 11, ficou bem claro o quanto a equipe, desde a diretoria até os apresentadores, estavam felizes em fazer parte desta história ao se reunirem para uma grande festa no Circo Voador, centro do Rio. Entre as personalidades do cinema, música e cultura brasileira presentes, estavam Lázaro Ramos, Bárbara Paz, Michel Melamed, Paulinho Moska, Cláudio Assis e muito mais!
No palco, foram exibidos trechos da nova série de ficção do canal, “Lama dos Dias”, dirigida por Hilton Lacerda e Hélder Aragão e que estreia dia 23 deste mês. A produção retrata o início do manguebeat nos anos 1990, um dos maiores movimentos musicais de Recife e do país. A atriz Maeve Jinkings faz uma participação especial na obra e não poupa elogios ao Canal Brasil, que valoriza a cultura nacional e propõe enxergar para além dos principais polos comerciais. “Como artista, a importância do canal para mim é justamente fomentar esse mercado e a possibilidade de que a gente continue vivendo, trabalhando e produzindo. Tem um aspecto deles que me encanta, que é a preocupação com a diversidade, inclusive em termos geográficos. É o canal reconhecendo que existe além do eixo Rio-SP, a própria indústria tem muito a ganhar descentralizando esse núcleo narrativo e se abrindo para outros sotaques, outras perspectivas”, afirma.
Quem também marcou presença no evento foi Lázaro Ramos, apresentador do “Espelho” há 13 anos, o programa de entrevistas há mais tempo no ar na TV paga do país. Para ele, o Canal Brasil se mistura com a história da sua vida. “É um canal que além de sempre prestigiar os trabalhos no cinema que fiz, dar visibilidade, divulgar, tratar com carinho e respeito nos making offs, é o lugar que escutou minha voz como criador pela primeira vez. Quando eu entrei no canal, eu estava só com uma ideia de ter um programa de entrevistas, mas não sabia exatamente qual seria o formato. Hoje a gente completa 13 anos de moradores desse canal, com muito orgulho e alegria, fazendo parte de algo que é muito relevante para o país”, conta.
O ator Marcos Frota chegou à festa com um sorriso estampado no rosto, mas também, motivos não faltavam. Nesta terça-feira, foi divulgado que “O Grande Circo Místico”, filme em que é protagonista, será o representante do Brasil na disputa por uma vaga no Oscar. A obra é inspirada em um poema de Jorge de Lima e conta com clássicos de Chico Buarque e Edu Lobo na trilha. Para ele, estar em um evento que enaltece o cinema nacional no dia do anúncio desta notícia representa muito. “Estamos comemorando a indicação do filme do Cacá Diegues para a vaga do Oscar e tem tudo a ver essa festa ser em um circo, esse circo que é democrático e aberto a todas as linguagens, inclusive a arte circense. E tomara que o canal possa, nesse momento, promover mais do que nunca o encontro entre o povo brasileiro”, enfatiza.
E não é só em cinema e programas de entrevista que o canal Brasil foca seu conteúdo, o Canal Brasil também tem uma grande preocupação em promover a música nacional. O cantor Paulinho Moska sabe muito bem. Apresentador do Zoombido, programa que mescla música, fotografia e descontração, ele relembra momentos que marcaram os 12 anos do projeto. “De 276 programas tem muita história boa, mas tive o prazer de estar ao lado de Gilberto Gil, Milton Nascimento, Djavan, Zé Ramalho, João Bosco, Erasmo Carlos…Quando eu era criança eu não pensava que ia ser amigo desses meus ídolos todos na minha ingenuidade, claro, mas de repente você está na frente deles, cantando, conversando, fotografando, é uma realização quase que juvenil. Nunca pensei que isso poderia ser realizado”, conta empolgado.
Outro programa ousado e irreverente do canal foi o Bipolar Show, apresentado por Michel Melamed, que terminou este ano depois de três temporadas, totalizando quase 80 episódios. Para ele, o Canal Brasil estimula o espectador a enxergar televisão como arte. “O canal valoriza esse aspeto da TV como obra artística, que se arrisca. Então, os meus projetos estão totalmente nessa região, e ter parceiros assim, que procuram coisas que não foram feitas antes, ousadas, e que no primeiro momento embarcam contigo. O que dizer? Muito feliz e honrado!”, comemora.
E para embalar a noite, a atração musical que combinou perfeitamente com a festa: a banda pernambucana Nação Zumbi, uma das percursoras do movimento manguebeat. O vocalista Jorge du Peixe animou o Circo Voador cantando sucessos antigos, como Quando a Maré Encher, até os mais recentes, como Cicatriz, do último álbum de inéditas da banda. O diretor geral do Canal Brasil, Paulo Mendonça, acredita que o sucesso do canal está no profissionalismo do grupo e ressalta que a luta pelo conteúdo nacional é também uma atitude política. Mas, como principal, ele destaca o amor do canal pela sétima arte: “Eu gostaria de agradecer, acima de tudo, ao cinema brasileiro, ele é a razão de ser da nossa existência e para ele que propomos nossa dedicação”.
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