*por Vitor Antunes
Na carreira profissional desde muito pequena, Klara Castanho lança-se em mais uma temporada de seu projeto de sucesso: o podcast “Sem Nome PodE”. A nova temporada terá 20 episódios e temas bem diversos a cada semana. Ainda que tenha passado a vida inteira dando entrevistas, a atriz vem tendo boa repercussão como comunicadora. Nega, num primeiro momento que vá graduar-se em Jornalismo, mas pretende fazê-lo em Cinema. “Tenho muita vontade de estudar diferentes coisas. Já pensei em Psicologia, já passei até por Direito. Jornalismo eu não descarto de nenhuma forma”. Além da verve comunicadora, não abandonará os trabalhos como atriz. Começa ainda neste semestre a gravar a terceira temporada da série “De Volta aos Quinze“, que deve ganhar as plataformas no meio do ano que vem, além de estar nos preparativos da série “Bom Dia Verônica” para chegar às telas de todo mundo.
Klara Castanho comenta conosco, também, sobre o seu primeiro papel na TV, que seria disruptivo na História da televisão: A Rafaela de “Viver a Vida” seria a primeira vilã criança da da teledramaturgia, mas a ideia acabou não acontecendo. Tanto por um cuidado da emissora como por um zelo dos pais da atriz. “Eu acredito que tenha sido uma decisão conjunta de muitas partes. (…) Havia uma preocupação muito grande de que houvesse uma confusão entre realidade e ficção”. Como nunca mais houve proposta semelhante na TV, de se colocar uma criança para ser vilã, a atriz aponta que isto é algo que exige cuidado: “Em relação a ter uma criança vilã hoje em dia eu acho que tudo depende de respaldo psicológico, da produção, do projeto. Tudo é válido a partir do momento que todos estejam saudáveis e de acordo com o que está acontecendo. Eu tive a sorte de ter pais muito cuidadosos. Então acho que tudo é válido se é com cuidado e de forma leve pra que tudo seja muito claro pra criança também”.
KLARA POD TUDO
No início deste ano, Klara Castanho aliou-se à amiga Fernanda Concon e ambas colocaram-se a fazer o podcast “Sem Nome PodE“, com a proposta de ser um veículo de comunicação divertido e descontraído. O projeto teve boa recepção e está em sua segunda temporada ainda neste ano. Segundo conta-nos Klara, ele “surgiu duma vontade de experimentar. Eu, como atriz, e sabendo que a comunicação tem muitas frentes e vertentes, gosto da possibilidade de explorar cada uma delas”. A diferença entre este grupo de episódios e o primeiro, para a atriz, está no aprofundamento: “Sinto que esta é uma temporada mais intimista, e a gente tem toda uma pesquisa antes de chegar até o convidado. Tentamos buscar momentos marcantes, de virada na vida dele convidado. Eu sinto que nessa a gente tem falado mais aprofundadamente com eles, mais íntimo”.
ATRIZ MIRIM
Como já informado, Klara tem 22 anos. E, supreendentemente, 21 de carreira. Estreou como modelo aos 9 meses. Seu primeiro trabalho como atriz foi na série “Mothern”, em 2008, quando ela estava com oito anos. No ano seguinte, fez sua primeira novela na Globo, “Viver a Vida“. A contrário de muitos atores que assim como ela iniciaram cedo na profissão, ela diz que não foi difícil trabar na infância: “Eu fazia brincando, não sabia que aquilo podia ser uma responsabilidade ou que se tornaria o meu trabalho de fato. Era como se fosse o parquinho de uma criança. E era um trabalho muito leve. Eu acho que só entendi o que eu estava fazendo, por volta dos treze, catorze anos. Foi quando compreendi que aquilo podia ser uma profissão. E aí sim se tornou responsabilidade. Até então eu cumpria horários assim como eu cumpria os da escola”.
O maior ponto positivo é eu entender o que é cumprir as minhas responsabilidades desde muito cedo. Quando se chega na vida adulta já se compreende a agenda, as funções e que há de se atender,diferentes pessoas que estão cumprindo diferentes atribuições e que você é uma peça daquele grande quebra-cabeça. Eu não consigo ver ponto negativo – Klara Castanho
A primeira novela de Klara na Globo foi “Viver a Vida“. Caberia a ela viver a vilã da trama, Rafaela. Mas tanto a casa como o autor e os pais da atriz repensaram: “Foi uma decisão conjunta. Havia uma preocupação muito grande de que houvesse uma confusão entre realidade e ficção – Coisa que nunca aconteceu por que eu sempre tive e tenho um respaldo muito grande da minha família. E esse apoio me permitiu saber o que era realidade, o que era ficção, o que era meu trabalho e o que era chegar em casa e ser criança. Era uma preocupação válida, mas que naquele momento não era uma coisa que era a minha realidade. Por fim, Rafaela acabou tornando-se uma criança de personalidade forte, talvez dependendo de pulso firme. Havia uma estrutura criada dentro da novela pra que eu tivesse muito saudável emocionalmente, psicologicamente e fisicamente, claro”.
No que tange às crianças vilãs, Klara é cautelosa: “Acho que tudo depende de respaldo psicológico. Tudo é válido a partir do momento em que todos estejam saudáveis e de acordo com o que está acontecendo. É importante ter a chancela dos pais e eu tive a sorte de ter pais muito cuidadosos. É importante que seja uma brincadeira com responsabilidade, mas que tudo esteja muito explícito pra que a criança tenha dimensão do que está acontecendo”.
MULHERIDADE
Diante das batalhas que uma mulher enfrenta na sociedade, a rede de apoio entre elas é fundamental, especialmente às que vivem situações adversas e limite. Para Klara, a presença de mulheres à sua volta é algo definitivo: “Cresci com figuras femininas muito fortes ao meu redor. Então, desde cedo sei o que é sororidade, ainda que eu não entendesse bem sobre o que é a palavra, o termo. Era algo já praticado no meu dia a dia. Fui ensinada a estender a mão pra quem precisava, a quem eu podia ajudar e eu acho que uma rede de apoio ela é crucial em todos os aspectos da nossa vida. E eu tive a sorte de ter uma família que me ajuda e que está sempre ao meu lado independentemente de qual seja a situação. Seja ela boa, seja ela ruim. E eu acredito que quando a gente entende o que é a sororidade, que é você trocar com o seu similar e que aquela dor pode ser sua ou que você pode simplesmente entender mesmo sem ir muito longe na explicação”.
“Creio que quanto mais você ajuda, mais você é ajudado. A sororidade está em todos os aspectos da nossa vida. Nascer mulher e entender o que é isso faz com que a vida seja minimamente mais leve. Ao entender a dor do outro você consegue entender também a sua dor. Então ter tido figuras femininas muito fortes me fez conseguir fazer com que os percalços fossem minimamente mais leves”.
Klara, nas últimas palavras poderia remontar à poetisa nicaraguense Gioconda Belli: “Se és uma mulher forte, se proteja com palavras e árvores e invoca a memória de mulheres antigas. (…) Ampara, mas te ampara primeiro”. Ser mulher parece ser uma órbita entre proteger-se e protegerem-se.
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