Junior Vieira roda longa internacional sobre jovem da periferia que torna-se traficante

*Por Karina Kuperman

Ator, diretor e roteirista, Junior Vieira é o criador da campanha “Quero ser Feliz”, que abriu a programação cultural de direitos humanos da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e foi a grande vencedora do Festival Internacional Rio Web Fest como melhor web publicidade. Por conta disso, foi convidado pela Rede Globo para dirigir as campanhas de negritude da plataforma “Tudo Começa Pelo Respeito”. Pensa que acabou? Pois tem muito mais. Como ator, ele acaba de integrar o elenco do filme “O Último Animal”, do premiado diretor português Leonel Vieira.

O longa conta a história de Didi, um jovem da periferia que tem em sua vivência os traumas da favela e busca um caminho de vida diferente do irmão, que é o dono do morro do Coral. Por isso, forma-se em contabilidade, aprende inglês sozinho e consegue a oportunidade de trabalhar em uma multinacional, onde sofre diversas ações preconceituosas e passa a querer resolver certas questões com as próprias mãos, tornando-se chefe do tráfico.

“Ele tem mais oportunidades do que o irmão traficante, mas não uma vida diferente em essência. E, diante de mais oportunidades, mesmo que limitadas, o preconceito e a segregação são muito presentes e marcantes na sua vida. Humilhações, violências psicológicas e físicas norteiam a vida desse jovem, que diante de uma série de provações se transforma nesse ‘animal’, fruto da sociedade doente em que vivemos”, explica.

Junior é Didi no longa “O último animal” (Foto: Divulgação)

Maranhense, negro e de família muito pobre, Junior morou em diversas favelas do Rio de Janeiro e, assim como seu personagem, passou por grandes dificuldades. “Didi seria quase como um retrato fiel da minha própria história de vida com uma diferença do final de sua trajetória, onde sei que eu sou exceção diante de uma realidade vivida em periferias do Brasil. Eu emagreci 6 quilos para fazer o personagem e me dediquei muito a fisicalidade de uma forma orgânica, até porque ele passa por momentos de transição até chegar ao momento mais cruel de sua existência”, conta ele, que acha fundamental essa história: “Considerando que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, onde o discurso da meritocracia ganha mais força junto à onda conservadora, colocar uma lente sobre a vida de um jovem que usa todas as ferramentas à sua disposição para ultrapassar a barreira do preconceito e mesmo assim é massacrado e segregado, é algo necessário. É falar sobre as dezenas de milhares de Didis vivendo honestamente nas periferias brasileiras, mas tendo suas vidas marcadas por uma política de segurança genocida, que mata”, diz.

“Colocar uma lente sobre a vida de um jovem que usa todas as ferramentas a sua disposição para ultrapassar a barreira do preconceito e mesmo assim é massacrado e segregado, é algo necessário”, destaca (Foto: Divulgação)

No longa, ele teve a oportunidade de atuar lado de atores internacionais como Joaquim de Almeida, Alejandra Toussant,  Duran Fulton Brown e Joe Reinteria. “Foi incrível estar ao lado de atores que já contracenaram com Arnold Schwarzenegger, Antônio Banderas, Will Smith, Penélope Cruz entre outros. Todos foram super generosos, humildes e pude aprender muito ao observá-los, como trabalham suas pausas, olhares e sentimentos em cena”, lembra ele, que sonha com uma carreira internacional. “Não sou tão pretensioso em dizer que é o início de uma carreira internacional, mas se tratando de um filme multilíngue e com atores estrangeiros de renome pode ser um caminho. Mas só vamos saber da repercussão após a estreia, vamos ver”, diz.

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Junior Vieira (Foto: Divulgação)

Além dessa estreia – logo no primeiro semestre do ano, Junior tem outros projetos para 2020, como, por exemplo, mais campanhas de impacto social como foi a “Quero ser feliz”. “Eu estou bem focado no ‘Nosso Legado’, fazê-lo continuar produzindo e disseminando conteúdo audiovisual de impacto social é uma prioridade. Para isso estamos fechando excelentes parcerias, abrindo novas frentes, vem muita novidade por aí! Vou dirigir mais alguns trabalhos para Globo em parceria com o time responsabilidade social da casa e a Clube Mídia. Aguardo a estreia o ‘The Last Animal’ e outros dois longas que rodei esse ano, além de alguns trabalhos como ator, que é a minha paixão. E, logicamente, ser feliz que é o que mais importa no fim das contas, né?”. A gente fica torcendo por muito!