Juliette e Camilla: parceria que era improvável se tornou amizade e empatia derrubou as relações tóxicas no BBB21

*Por Brunna Condini

Ao que tudo indica, esse foi realmente o ‘Big dos Bigs’. A atual edição do Big Brother Brasil 21 ainda não chegou ao fim e já bateu seus próprios recordes de audiência e votações. A atração termina na próxima terça-feira (4) e já começa a deixar saudade entre os fãs do reality. Mas ainda tem muita emoção pela frente e ainda dá tempo de eleger que vai ganhar o prêmio de R$ 1,5 milhão de reais. E na ‘superquinta’ na casa, Pocah foi a eliminada. E vamos poder continuar a a ver ainda alguns dias a amizade ou diríamos a ‘irmandade’ que se fortaleceu entre Juliette Freire e Camilla de Lucas.

Juliette e Camilla de Lucas no último ‘pódio’ formado pela maquiadora. Lembrando que Viih Tube e Arthur estão fora. Quem será o terceiro lugar? ‘É verdade, esse pódio?’ (Reprodução)

Com histórias de vida que exaltam a potência feminina e a construção de relações afetivas através do diálogo, mesmo sem serem ‘duplas’ desde o início do jogo, as duas até parecem ter feito um ‘pacto subliminar’, de que uma sempre estaria ali para a outra, como postou a escritora Joice Berth em seu Instagram.

“Se tem algo com o qual eu jamais brinco é com sentimentos. Nem meus e nem dos outros. Sentimento é coisa séria e precisa ser dado a eles o valor e cuidado que eles merecem. Isso implica em prestar atenção e compreender seus “porquês”, já que são nesses “porquês” que residem muito da nossa história, do nosso caráter, das nossas motivações. Nossos sentimentos dizem tanto sobre nós quanto nossas atitudes. Eles são espontâneos, mas nunca são neutros. Quem busca entender seus sentimentos não se desconecta de si mesmo. E o que observei no comportamento de muitos ao longo do programa foi a total desconexão de si mesmo. Eles se enxergam completamente diferentes do que realmente são. A prova disso é que a maioria passou todo o tempo atribuindo a outro características que, na maioria das vezes, eram suas! Compreender nossos sentimentos é exercício de conexão com nós mesmos. Quando conseguimos isso fazemos escolhas consistentes e ajustes necessários nas nossas atitudes. Do contrário criamos monstros externos que nada mais são do que a representação dos nossos monstros internos. Nesse quesito Camilla de Lucas deu aula”, refletiu.

“Ela passou o tempo todo muito ocupada avaliando a si mesma, tentando compreender o que estava sentindo, entendendo as próprias necessidades e de alguma forma chamando as pessoas para fazerem o mesmo. Por isso conseguiu ser generosa e equilibrada com todos, mas só João e Juliette atenderam (ou entenderam intuitivamente) o seu chamado e, por isso, foram suas parcerias mais bem-sucedidas no jogo. As duas construíram um pacto poderoso e resistente. Ou seja, uma relação de afeto, que pode até ter pontos críticos e alguns desencontros, mas é de longe a mais verdadeira. Relações são (ou deveriam ser) construções conscientes resultantes de pactos lúcidos onde cada um sabe o que precisa, o que quer e o que é possível trocar. E essa matemática dos afetos, a soma da maturidade emocional da Camilla com a disponibilidade afetiva da Juliette resultou em um prêmio tão transformador quanto um milhão e meio em dinheiro. Valorizem mais os sentimentos (seus e dos outros) e tudo que se constrói com base neles”.

Parceria ‘improvável’, amizade ‘certeira’

Para o especialista em teledramaturgia Valmir Moratelli, o ‘par queridinho’ agora, era um ‘par improvável’ incialmente. “Elas não eram a dupla mais próxima do jogo desde o começo. Nas minhas análises faço sempre uma correlação com a dramaturgia, porque é a área que tenho mais familiaridade. O que vejo acontecer dentro do Big Brother são as alianças por ocasião, por isso mesmo, essas relações de amor e ódio ali dentro mudam a cada rodada, a cada paredão ou prova. As relações ou se estremecem ou se fortalecem de acordo com o andamento do programa. Porém, quando são baseadas em empatia, o que percebemos é que existe uma comunicação muito próxima ao público, que  percebe e se identifica com pessoas que se relacionam não só pelo interesse no jogo”, observa Moratelli.

“E volto a fazer essa relação com a dramaturgia, porque, assim como o BBB, as telenovelas precisam de um agendamento de roteiro. Para um personagem ‘brilhar’ precisa que tenha um outro ali servindo de ‘escada’. É muito importante que todo protagonista tenha sempre um bom coadjuvante ao seu lado. E não falo de coadjuvante no sentido simplório ali no jogo, como se fosse uma ‘planta’. Falo de alguém capaz de elevar a participação do outro, a ponto de também pegar para ele o ‘mérito’ daquele momento. E isso, a Camilla faz muito bem”, pontua Valmir.

E, segundo ele, Camilla em nenhum momento foi a protagonista desta edição, mas esteve o tempo todo articulando relações de amizade dentro da casa, que fizeram dela uma pessoa interessante de ser acompanhada. Na ficção, temos vários casos de protagonistas que ‘brilham’ e se tornaram icônicas na história da TV, mas que junto delas arrebataram a simpatia do coadjuvante. E digo isso, tanto para protagonista vilão, quanto mocinho. Um dos casos mais emblemáticos talvez seja a Carminha da novela Avenida Brasil personagem brilhantemente feita por Adriana Esteves. Junto com ela, tinha um protagonista tão necessário quanto ela para a trama que era o Max, feito pelo Marcelo Novaes. Juntos eram uma dupla incrível. Tivemos também a relação de Lourdes (Regina Casé) e Thelma (Adriana Esteves) em ‘Amor de Mãe’ recentemente. E no Big Brother não é diferente: ninguém vence jogando sozinho, sem ter relações de afeto e amizade ali dentro. E o que acontece com Juliette e Camilla é isso: a relação das duas volta e meia se estremecia, mas a Camilla estava sempre dando suporte. Antes, algumas pessoas ocuparam esse espaço, como Gil, por exemplo, mas agora, na reta final, a escolha da Juliette, uma grande protagonista desta edição e favorita, foi trazer junto a Camilla. Uma brilha mais se a outra está próxima”.

O Brasil está vendo

Apresentadora do TV Fama, da Rede TV, Alinne Prado é fã do reality e tem acompanhado tudo que rola desde o início. “Acho Camilla e Juliette duas forças da natureza. A Juliette é a ‘Girl from Paraiba’, e a Camila é a ‘Girl from Rio’. Ambas sofrem inúmeros preconceitos, mas têm a alma curada e leve”, analisa Alinne. “Acredito que por isso chegaram tão longe. E por isso se olham, se reconhecem, se honram. Esta edição do BBB historicamente trouxe a maior gama de participantes negros. Mas pessoas com fraturas emocionais graves. Dores da alma. E virou uma feira livre onde um gritava que sua dor era maior que a do outro. E queriam ferir uns aos outros, esquecendo que o rancor é um veneno que a gente toma e espera o outro morrer. Camilla e Juliette encontraram no humor a leveza para transmutar as dores. Elas conseguem enxergar pela sua própria perspectiva, mas também pela do próximo. Assim são menos egoístas, mais empáticas, simpáticas e mais vivas e gostosas. Elas conquistaram a si, a mim e ao Brasil”.

“Acho Camilla e Juliette duas forças da natureza. A Juliette é a ‘Girl from Paraiba’, e a Camila é a ‘Girl from Rio’. Ambas sofrem inúmeros preconceitos, mas têm a alma curada e leve” (Reprodução)

Ineditismo

No dia 8 de maio, pela primeira vez na história do reality, os ex-BBB’s se reencontrarão dentro da casa do programa para celebrar a 21ª temporada. Por algumas horas, eles poderão rever seus lugares prediletos, relembrar e destacar os grandes momentos do confinamento. E poderão, até mesmo, matar a saudade de ver o apresentador do BBB 21 no telão da sala: Tiago Leifert comandará, dos estúdios, esse encontro inédito entre os brothers e sisters da atual edição para festejar os 100 dias do programa.