Juliana Knust volta ao ar em ‘Reis’ e ‘Apocalipse’ e se redescobre pós-separação: “Fui ao fundo do poço, mas floresci”


A atriz pode ser vista em “Reis” e “Apocalipse” na Record, além de participar de projetos como o filme “Luccas e Gi em: Dinossauros” e a série “Estranho Amor” e estará no filme biográfico sobre Zeca Padoginho, interpretando a mulher do cantor. Fora das telas, inaugurou o SPA Botânico, em Penedo (RJ). Juliana fala abertamente sobre os desafios de sua separação. “Sou grata por tudo, até mesmo pela dor que senti e que me transformou na pessoa que sou hoje, consciente, madura, controlada e com amor próprio, por conta desse processo que vivi. Consegui com terapia, autoconhecimento, meditação, equilíbrio emocional. O processo foi bem dolorido. Uma vez superado, é um renascimento, um florescer de novo para a vida”. Aborda ainda a criação de seus filhos, o impacto da conectividade na saúde mental das crianças. Espiritualizada, ela busca equilíbrio e autoconhecimento para enfrentar os desafios da vida pessoal e profissional.

*por Vítor Antunes

Juliana Knust surgiu nas telas em “Malhação” (1997), depois brilhou em “Bambuluá, programa infantil que misturava dramaturgia e entretenimento, e que era apresentado por Angélica, no início dos anos 2000. De lá pra cá, o tempo parece ter passado em um piscar de olhos para ela, mas sua jornada na teledramaturgia seguiu marcada por momentos significativos e transformadores. Atualmente, ela pode ser vista na reprise de “Apocalipse” (2017) na Record, que também exibe a 12ª temporada de “Reis”, série de sucesso na emissora paulista. “Faço uma vilã que sai do óbvio, diz ela. Além disso, a atriz está envolvida em diversos projetos, incluindo um filme do Luccas Neto, “Luccas e Gi em: Dinossauros” e “Estranho Amor“, série da AXN que aborda a violência doméstica.

Não se limitando à atuação, Juliana também se aventurou no ramo do bem-estar. Em fevereiro inaugurou, junto com a sua sócia, Nina Garcia, um SPA em Penedo, no Rio de Janeiro, o SPA Botânico. “Trata-se de um local de referência para o encontro da paz, do autocuidado e do autoconhecimento, onde trabalhamos com saúde integrativa”.

Além destes temas, Juliana fala com aprofundamento sobre os desafios que viveu diante da separação do empresário Gustavo Machado, tendo dois filhos para criar e conciliar com sua carreira: “Separar-se é algo muito dolorido. Sempre fomos um casal parceiro, mas realmente vimos que naquele momento não estávamos próximos como homem e mulher. É uma decisão dolorida que leva por água abaixo toda a idealização de ‘família eterna’. Mas acho que, quando as coisas não estão indo bem, não adianta forçar ou ficar em um relacionamento que não está legal. Temos que encontrar caminhos para continuar bem e a família continuar num formato diferente. É um processo dolorido. Depois de anos com a casa cheia, eu me vi num outro momento de vida, me entendendo de novo, transformada, e dar de cara comigo mesma”.

E ela traz um questionamento muito recorrente entre as mulheres: “Passei anos pensando no bem-estar de todos, quando tive que olhar para mim, foram muitas perguntas que tive dificuldade de encontrar resposta. É voltar para si e ficar feliz com sua companhia, se reconhecer, se reconectar consigo mesmo, descobrir novos gostos, sabores, vontades, alegrias e muitas coisas, especialmente aprendizado”.

Sou grata por tudo, até mesmo pela dor que senti e que me transformou na pessoa que sou hoje, consciente, madura, controlada e com amor próprio, por conta desse processo que vivi. Consegui com terapia, autoconhecimento, meditação, equilíbrio emocional. Está tudo certo, mas o processo foi bem dolorido. Uma vez superado, é um renascimento, um florescer de novo para a vida porque se vai realmente ao fundo do poço – Juliana Knust

Lá se vão alguns pares de anos entre o primeiro papel em “Malhação” (1997), o primeiro de destaque “Celebridade” (2003) e os vários outros papéis na telinha. “É muito louco porque não parece que passou esse tempo todo,” reflete a atriz. O atual momento de sua carreira é muito proveitoso e ativo. Ela está gravando a 12ª temporada de “Reis”, série da Record. “Nesta faço uma vilã que sai do óbvio. Estou me deleitando com ela, porque pode ser louca, divertida, verdadeira, e transitar entre as emoções”.

Juliana Knust está num momento prolífico da vida (Foto: Priscila Nicheli)

Ainda na emissora pode ser vista em “Apocalipse“, sua primeira protagonista de novela. “Apocalipse trata da questão da fé, traz uma questão bíblica, mas numa novela contemporânea. Foi minha primeira protagonista e, diferentemente da Globo, onde fiz bons personagens, não protagonizei. Minha personagem passou por coisas diferentes e eu, por minha vez, vivi coisas diferentes como atriz. Muita gente passou a gostar do meu trabalho e a ver meu trabalho. A Record tem um público muito fiel que me acolheu muito e onde fui respeitada, me senti muito bem acolhida e fiquei feliz com a experiência de trabalhar lá.”. Ainda segundo a atriz, “Não é fácil protagonizar uma novela, é algo bem trabalhoso. Tem que estar bem energeticamente para aguentar o tranco”.

Além da vilã de “Reis” ela pode ser vista fazendo uma perversa em “Luccas e Gi em: Dinossauros“, do Luccas Neto, para o público infanto juvenil. Para os adolescentes, ela estará em “A Princesa Adormecida”, obra baseada no livro da Paula Pimenta, que vai estrear em agosto. E para o público adulto, a série “Estranho Amor“, da AXN, na qual faz a protagonista, uma delegada. “Cada episódio fala de uma história diferente de mulher e discute a violência doméstica. Vai ser bacana, já está previsto um spin-off da série”. Em paralelo a isso, há a pré-produção da biografia de Zeca Pagodinho, no qual darei vida à Mônica, mulher do cantor e cuja gravação deve acontecer no final do ano”.

Juliana Knust vive a protagonista de “Apocalipse” (Foto: Edu Moraes)

NOS BRAÇOS DO ARARIBÓIA

Nascida em Niterói, Juliana guarda uma conexão especial com sua cidade, que para ela é seu lugar no mundo. Essa ligação profunda com suas raízes se refletiu na sua trajetória profissional, especialmente durante as gravações de “Celebridade“, quando precisou deixar o município fluminense. “Eu estava na Globo desde meus 15 anos e ficava muito na ponte Niterói-Rio, ia e voltava, ficava presa no engarrafamento, e isso me assustou e uma vez fiquei em meio a um fogo cruzado na Linha Amarela. Foi quando pensei em vir e resolvi dar esse salto na vida para ficar mais próxima do trabalho.”

Mas ela não perdeu a ligação com a cidade: “Minha família é de Niterói. Gosto de ir para lá por que meus filhos podem andar na rua, e eles adoram, porque posso mostrar um pouco do que vivi”. Inclusive, este é um dos desafios de ser mãe em tempos de ultra modernidade. Como lidar com crianças que ficam super ligadas ao celular e ao videogame e que não brincam na rua? E os perigos que o próprio celular oferece?

Juliana se mostra uma mãe atenta e reflexiva sobre os desafios modernos da criação de filhos. Essa questão, uma das grandes batalhas dos pais contemporâneos, enfrentada com diálogo e limites bem definidos. “Não podemos isolar a criança do mundo em que cresceram, onde fazem tudo pelo computador e celular. Mas, o quanto pudermos segurar é importante. Meus filhos, desde jovens, são atletas e estão sempre ocupados, não tendo tempo ocioso para o telefone. Sempre estamos revendo limites de tempo e aplicativos e sempre conversando. Entendendo que é importante viver a vida. E compreender que pensar na vida e não ter nada para fazer é ótimo. Meus filhos, desde jovens, são atletas e estão sempre ocupados, não tendo tempo ocioso para o telefone. Sempre estamos revendo limites de tempo e aplicativos e sempre conversando.”

A atriz observa com preocupação o impacto da conectividade na saúde mental das crianças. “A atual geração vive a síndrome do pensamento acelerado que a conectividade traz. As crianças têm crises de ansiedade e falso diagnóstico de TDAH porque vivem em um mundo acelerado. As redes sociais têm vídeos de 15 segundos, e elas não se conectam e param em uma coisa porque o cérebro está acostumado a ver coisas rápidas e fica entediado. Temos que prestar atenção e entender o que eles estão consumindo porque precisa haver um equilíbrio. Muitos filhos são largados pelos pais aos celulares e não têm noção do que estão consumindo. Estamos vivendo um tempo de inteligência artificial, de gente inventada, e temos que orientar e rezar para que tudo dê certo. Estamos aprendendo a viver nesse mundo corrido. Eu não sou dessa época, sou de outra, e os pais estão aprendendo a lidar com isso. Cada vez mais vem uma surpresa. É um tempo que exige muito diálogo aberto com as crianças”

Eu lamento algumas coisas que se viviam antigamente, quando os encontros aconteciam nas festinhas, o ‘será que vai encontrar ou não?’. Hoje o WhatsApp combina tudo. Não tem a coisa do ‘se esbarrar na festa e ver o que vai acontecer. Antigamente havia a magia do encontro casual, do bate-papo. Eu acho estranho que os adolescentes de hoje não vão viver isso, mas que, ao mesmo tempo, tem muita liberdade para se experimentar, uma liberdade muito grande, e isso é muito legal – Juliana Knust

Juliana Knust é ligada nos movimentos modernos, especialmente no que diz respeito à educação dos filhos (Foto: Priscila Nicheli)

VIDA

Mãe dedicada, Juliana encontra na espiritualidade um alicerce para enfrentar os desafios pessoais. “Eu me conecto com Deus. Não tenho religião, vou onde me sinto bem. Estimulo meus filhos a rezar, conectar com a espiritualidade e acreditar que tem algo maior. Rezando para que tudo dê certo e sabendo o que tem de bom no caminho. A fé que nos move e nos deixa seguir bem, apesar de tudo. Viver não é fácil, e nesses momentos temos que fortalecer nossa fé, estando conosco em todos os momentos”

Para Juliana, a emoção está presente tanto na vida pessoal quanto na profissional. “Meus filhos me emocionam, com simples coisas, na simplicidade com que fazem sorrisos alegres. Eles são tudo para mim e meu trabalho também. Me emociono estando em um estúdio, no trabalho onde transbordo em minha arte e meus sentimentos.” Juliana Knust é não apenas como atriz, mas como uma mulher que se reinventa e abraça cada fase de sua vida com coragem e gratidão. Sua história é um testemunho de resiliência, dedicação e, acima de tudo, uma profunda conexão com suas raízes, sua família e sua arte.

Juliana Knust (Foto: Priscila Knust)

Fotos Priscila Nicheli
Styling Samantha Szczerb