*Por Brunna Condini
Ator, roteirista e apresentador, João Vicente de Castro tem muitos projetos a caminho, e a maioria em sua ‘casa’ nos últimos anos: o canal GNT. No ar com ‘Quem salva quem‘, no qual aborda, em dez episódios, a relação das pessoas com seus cães e como essa troca transformou suas vidas, ele também prepara um programa para o canal sobre a masculinidade e suas fragilidades. “Acabei de escrever quatro projetos e estou oferecendo para o GNT. Estamos conversando. Também trabalho em duas séries para o Porta dos Fundos (João é um dos fundadores do coletivo), e esperando ansioso o próximo projeto pra atuar”, anuncia o ator, que também trabalha na série sobre a história do jornal ‘O Pasquim‘, em que vai interpretar seu pai, o jornalista Tarso de Castro (1941-1991), um dos fundadores da publicação.
Com a curiosidade constante sobre sua vida pessoal, que inclusive voltou a ser notícia após um comentário de Juliette de que ele estaria se relacionando com uma amiga dela, João desconversou e declarou: “Estou solteiro”. Nesta entrevista exclusiva, João Vicente fala dos projetos, escolhas a poucos dias das eleições, e de uma de suas grandes paixões: os animais. Uma coisa é certa: para se relacionar com ele é fundamental ter simpatia pelos bichos. “Quando digo que só me relacionaria com quem respeita os animais, quero dizer que uma pessoa que não tem essa consciência não ‘linka’ ideias comigo. Assim como eu não me relacionaria com alguém que tem vários outros tipos de posicionamentos. Não por ser preconceituoso contra outras ideias, mas porque não me interessaria mesmo”.
Uma pessoa que não entende o afeto que você pode ter por um animal, não merece nem meu tempo de explicar – João Vicente de Castro, ator e apresentador
Pai dos pets Jude, Lulu da Pomerânia, Milka, uma Fox Paulistinha, e da Vira-Lata Chica, João constata como os seus o ‘resgatam’ na vida. “Ah, eles realmente me ‘salvam’ todos os dias com esse amor incondicional que dão. Pode parecer piegas, mas muda muito a vida da pessoa esse tipo de afeto diário”.
Estudos já comprovam, mas quem tem um animal de estimação sente na pele o bem que os bichos podem fazer, não só nos bons momentos, como nos difíceis também. Já viveu algo do tipo, João? “Não lembro de uma situação específica em que a relação com os cachorros tenha me ‘salvado’ mais concretamente. Mas me vem à memória uma passagem, quando eu e minha ex-mulher (Cleo) sentamos para conversar e decidimos nos separar. Neste dia, eu lembro que os cachorros agiram diferente. Ficaram ansiosos na porta do quarto. Depois, quando fui para a sala, ficaram muito grudados. Achei que realmente estavam sentindo que algo estava acontecendo e ‘cuidavam’ de mim”.
Consciência
O ator comenta sobre a importância da escolha de candidatos que se comprometam com políticas ambientais e também de amparo aos animais. “Acredito que qualquer candidato sério que esteja pensando no meio ambiente, e a causa animal faz parte desse pacote, deve firmar esse compromisso com a vida neste país. Temos muito o que consertar, mas esse assunto também é urgente, e deve estar no topo da lista das prioridades de um governante minimamente consciente. Acho que ainda não é prioridade como deveria, porque a educação em relação ao tema é muito pouco difundida, temos muito a fazer. Infelizmente, é uma pauta que muita gente ainda acredita ser de segunda importância, alguns até julgam como ‘mi mi mi’ de pai de pet. Quando não é. São 30 milhões de animais abandonados no Brasil. São muitas almas sofrendo”, aponta.
E faz questão de reafirmar que a natureza dos bichos é muito melhor do que a nossa. “O bicho é um ser que emana amor 100% do tempo. Talvez as pessoas não estejam acostumadas a este tipo de sentimento tão puro. É uma questão de você ter os olhos abertos e perceber como a existência desses seres melhora, na prática, a vida de seres tão poucos evoluídos como nós, em tantos sentidos. Bicho não critica, não julga, não é vaidoso, narcisista, psicopata, corrupto. Animal é o bem. E, quando é mais agressivo, por exemplo, não é porque tem raiva de você: ou está se defendendo ou ficou com medo. Isso é bonito de ver. Principalmente em um mundo onde as pessoas são imprevisíveis”.
Embaixador da ONG Ampara Animal, João opina sobre esse tipo de comércio no país: “Acho que esse debate é mais longo do que eu posso desenvolver em uma rápida resposta. Temos um problema grande de super população animal, e posso chutar, por exemplo, que a maioria dos canis não têm condições para criar um cachorro com a dignidade que ele precisa. Acho isso mal regulado, em relação às leis mesmo. O Brasil infelizmente ainda é esse lugar ‘terra de ninguém’. Então, as pessoas se sentem muito livres em escravizar os bichos”, lamenta ele, que é defensor da adoção. Acredito que não deveria haver venda de animais, apesar de saber que tem gente que os cria com muito amor, para perpetuação da raça. Mas acho que colocar mais animais no mundo, de propósito, é um contrassenso sob o ponto de vista dessa grande população de bichos abandonados, sem ajuda nenhuma do estado”.
Bicho não critica, julga, não é vaidoso, narcisista, psicopata, corrupto. Animal é o bem – João Vicente de Castro, ator e apresentador
E aproveita para dar algumas dicas para quem deseja receber um animal em sua vida: “A pessoa deve se perguntar se tem condições de recebê-lo de forma responsável. Se tem dinheiro para alimentar, levar ao veterinário se preciso, tempo para passear, dedicar amor. Mas sobretudo, acho que a pergunta é: se ela realmente quer cuidar de outro ser ou quer um ‘móvel’ novo? Geralmente, a pessoa que adota ou compra um cachorro pela estética, já mostra um indicativo de que pode estar querendo um bicho para decoração. Não pela personalidade, empatia, simpatia que possam ter tido um pelo outro”.
Se seus cachorros pudessem responder, que pergunta gostaria de fazer para eles? “Faria a mesma pergunta para os três: “Onde posso melhorar?”. Claro que eles têm a linguagem deles, e se comunicam muito, mas muitas vezes não tenho a sabedoria de entender. Acho, por exemplo, que sempre posso melhorar na questão do tempo. Nos acostumamos nesta vida intensa. Temos quase uma certa vaidade nisso. Achamos horrível falar que não estamos fazendo nada. Acabo trabalhando muito, e acho que posso dedicar mais tempo para eles”.
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