*Por Brunna Condini
Isabella Santoni está bem diferente da jovem mulher de 18 anos, que viveu uma lutadora de boxe em ‘Malhação Sonhos’, reprisada no momento na Globo. Afinal, da sua estreia na TV para cá, se passaram sete anos, muitos outros personagens e um crescimento pessoal vivido intensamente pela atriz carioca. “Essa personagem, a Karina, deixou muita coisa em mim! Principalmente, a certeza de que ser atriz é o que quero para a minha vida. Ela me fez olhar para o meu lado mais reativo, para atitudes mais impulsivas e perceber o quanto a agressividade é uma proteção para quando se está mais vulnerável. Não sei se na época eu percebia isso, mas hoje consigo enxergar” analisa sobre o trabalho que protagonizou ao lado de Rafael Vitti.
Da menina cheia de sonhos criada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, para a mulher que vem se tornando, cada vez mais potente, construindo caminhos para suas conquistas, Isabella contabiliza: “Foram muitas mudanças neste tempo, é até difícil falar tudo aqui. A novela foi um divisor de águas na minha vida, ampliando meus horizontes. As maiores conquistas são as que são relacionadas à família, poder proporcionar para todos experiências que antes eu não podia. Vejo que aquela menina ainda existe aqui dentro e isso me dá um alívio enorme, sempre tive receio de me afastar de quem eu sou em essência. Consigo ver essa menina mais madura, conquistando seus sonhos e mantendo suas raízes”.
Aos 25 anos, ela vem mesmo mergulhando no desejo de realizar. Tanto, que durante a pandemia investiu no seu lado empreendedor, unindo a moda à uma atitude consciente, criando uma marca para mulheres empoderadas, buscando a representatividade. “O nome da marca é NIA, ‘nia e crua’ é o @ do Instagram, nessa brincadeira de resgatar a beleza nua e crua, a verdadeira essência. NIA também significa propósito e são as iniciais das mulheres da minha família (a irmã Nina, ela, Isabella, e a mãe Ana). Criei a marca junto da minha mãe, minha sócia, na busca de fortalecer o feminino e libertar padrões”, detalha. “Nosso objetivo é que as mulheres se reconheçam únicas, enxergando a beleza que existe nelas, para isso não existe padrão, por isso buscamos representar todos os tipos de beleza”.
Mesmo dentro dos padrões, já sentiu a pressão estética em alguma fase da vida? “Acho que é algo comum de se sentir, pois todos nós estamos inseridos nesse contexto capitalista de nunca estarmos satisfeitos e nos compararmos. Toda mulher já sentiu pressão estética. É preciso sabedoria para não pirar e entender quais desejos são genuínos”.
Liberdade
Isabella revela ainda, que a marca nasceu de uma inquietação pessoal em buscar sua voz e seu lugar no mundo. “A pandemia me fez ficar mais reflexiva, mas essa busca já caminha comigo há algum tempo. Diria que tem uns três anos que parei para dar o meu primeiro mergulho profundo. É um caminho sem volta, você começa a questionar todas suas ações e a real importância de você fazer o que faz. Me sinto cada vez mais consciente das minhas escolhas e alinhada com meus propósitos. É sobre viver de acordo com seus valores e com o que você acredita, para mim é sobre estar conectada com a natureza, dando valor para as coisas simples e que realmente importam”.
Conexão com a natureza e o amor pela liberdade acompanham a rotina da atriz, que há pouco tempo fez um post no Instagram questionando o uso do sutiã. Quando parou de usar? Isso pode ser encarado como um ato de libertação, um quase ‘queimar’ a peça nos dias de hoje? “Foi uma brincadeira esse post, nem imaginava que ia render tantos comentários. Tenho várias amigas que não usam sutiã, perguntei para saber da minha audiência se elas usavam e fiquei bem surpresa, porque parece que esse assunto ainda é um tabu. Parei de usar ao me dar conta que era algo que me incomodava, me apertava e me deixava desconfortável. E daí me questionei: Qual é a necessidade disso? Nenhuma, então passei a não usar. Percebi o quanto era automático e habitual o uso”.
O que é ser consciente, engajada e feminista hoje? Se considera uma mulher assim? “É se posicionar sobre tudo e confesso que me sinto desconfortável de dizer que me considero assim. Embora eu tenha minhas causas e use minha voz, é uma estrada longa a ser percorrida, ainda há muito o que aprender. Sinto que rola uma cobrança das pessoas terem que se posicionar sobre tudo e nem sempre eu tenho uma opinião formada ou me sinto confortável para opinar”.
Ela vai estar em ‘Além da Ilusão’, folhetim das 18h da TV Globo, como uma líder sindical. A exibição é prevista para depois de ’Nos Tempos do Imperador’ (adiada por conta da pandemia) a próxima no horário. “Ainda sei muito pouco sobre ela, as datas estão mudando e ainda não temos um início definido. Eu estou muito ansiosa para voltar a gravar e dar vida a essa personagem. Este ano também tenho a estreia de uma série pela Amazon. Vem muito trabalho”.
Entre as novidades, Isabella também conta está morando com o surfista Caio Vaz, com quem namora há três anos. Você também surfa, pode-se dizer que o mar uniu vocês? “Pode-se dizer que o mar foi nossa primeira interseção. Eu surfava há pouco tempo e começamos a conversar porque ele me viu pelo Instagram do meu primeiro professor de surfe. O que mais amo é a simplicidade que ele leva a vida, tudo é muito no fluxo e ele faz a convivência ser leve”. E avisa: “Mas não planejamos casar e muito menos ter filhos por agora, isso ainda vai demorar. A gente vivendo junto e curtindo muito essa nova fase”.
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