Isabel Teixeira será vilã e uma das protagonistas em “Elas por Elas” e vai se envolver em um quente triângulo amoroso


Após mega sucesso que foi sua Maria Bruaca em ‘Pantanal’, a atriz mergulha em remake das 6 da Globo para viver papel que foi de Aracy Balabanian na primeira versão. Ela também brinca, defendendo que no triângulo amoroso de sua personagem com os de Mateus Solano e Thalita Carauta, “Pode até rolar um trio ou até um casal das duas, no fim das contas, já que é uma releitura da trama. Por que, não?” E veterana dos palcos, ela também defende o gênero: “O remake é como uma obra clássica que se reinventa para chegar até nós. Brinco, perguntando, o que seria de Shakespeare se não fossem os remakes, não é? As obras dele também não chegariam até hoje. É um jeito da gente se ver enquanto sociedade. Escritor de novela brasileira é digno de Academia Brasileira de Letras. Acho que é um patrimônio que temos e precisamos começar a olhar cada vez mais para isso como as obras maiores que são”

*Por Brunna Condini

Depois da projeção nacional com o sucesso empático da sua Maria Bruaca de ‘Pantanal’ (2022), Isabel Teixeira volta à TV como uma das protagonistas de ‘Elas por Elas‘, nova novela das seis da Globo, que estreia dia 25. A novela é uma releitura de Thereza Falcão e Alessandro Marson da trama de 1982 de Cassiano Gabus Mendes (1929-1993), e Isabel vem em um papel bem diferente do anterior, como a poderosa Helena, vilã das boas folhetinescas. “Ela também é totalmente diferente de mim. Amei porque vou brincar de mudar radicalmente tudo”.

A Helena, de Isabel Teixeira, foi vivida por Aracy Balabanian (1940-2023) na primeira versão da novela. Na releitura, comanda a fábrica de cosméticos fundada por seu pai, Sérgio (Marcos Caruso). É mãe superprotetora de Giovanni (Filipe Bragança) e casada com Jonas (Mateus Solano). Mas o casamento vai mal, e piora quando Adriana (Thalita Carauta), ex-noiva de Jonas, retorna para a vida deles. Ou seja, pintando de cara um triângulo amoroso. “Não é chapado, tem afeto entre os três. Mesmo na disputa das duas existe afeto, porque o protagonismo desta novela é a amizade, e elas também sofrem chacoalhos. Pode ser que fiquem os três juntos, hoje em dia, não sei, quem sabe?”, provoca.

“Neste horário? Acho difícil. Esse tipo de trama em outros horários já foi complicado rolar”, instiga ainda mais Matheus Solano, parte do ‘triângulo’ em questão, em sua contribuição no início do bate-papo. Já nós do site, queremos é ver transgressão inovadora e acreditamos que grande parte do público também. Vai, humanidade! Vai, Globo! Nos surpreenda.

Na história, o encontro de sete amigas formadas por Isabel, Deborah Secco (Lara), Thalita Carauta (Adriana), Maria Clara Spinelli (Renée), Késia (Taís), Mariana Santos (Natália) e Karine Teles (Carol), 25 anos depois, é o ponto de partida para tramas multiplots, com histórias emocionantes e instigantes que se cruzam. Prato cheio?  Uma linguagem inovadora no horário, já que a diretora Amora Mautner adiantou que o folhetim tem algo mais aproximado das séries, embora estrutura dramatúrgica seja a dos bons novelões.

Isabel Teixeira volta à TV com personagem surpreendente e cheia de vilanias (Foto: Guilherme Nabhan)

Isabel Teixeira volta à TV com personagem surpreendente e cheia de vilanias (Foto: Guilherme Nabhan)

Aliás, Thalita Carauta, também presente neste momento, tece elogios à parceira de cena, de quem diz ser – visivelmente – muito fã. Isabel se desconcerta e brinca: “Tenho uma mania de fingir que as coisas não são comigo (risos). Mas fico chocada as vezes. Gente, como você me diz isso assim? Olha, acho que a Helena e a Adriana também podem acabar ficando juntas, hein. Estamos dando pistas para os autores, bem sutis. Lá no canto do olho de uma cena, reparem o universo de possibilidades que se abrem (risos). Mas o público adora um triângulo, um ‘com quem vai ficar’. Sério, é muito bom poder jogar com isso, as possibilidades”.

Isabel Teixeira como Helena Aranha. É ela! (Foto: Globo/Estevam Avellar )

Isabel Teixeira como Helena Aranha. É ela! (Foto: Globo/Estevam Avellar )

E pontua, com entusiasmo: “Gosto muito de inteligência cênica e acho que todo mundo neste trabalho tem. Quando estou de folga fico feliz, mas também triste, porque paro de ‘jogar’. Adoro trocar com esse núcleo, essa bem que podia ser uma daquelas novelas americanas, que não acabam nunca. Porque é uma trama que trata da diversidade de ser humano, então eu penso: eu caibo aqui. É bonito isso, tudo mundo cabe. Me emociona”.

A atriz paulistana de 49 anos, que começou sua trajetória no teatro aos 10, veterana nos palcos, com cerca e 40 espetáculos no currículo, se alimenta do frescor de mais um novo trabalho na TV, sua terceira novela. “Duas delas foram remakes. Acho isso maravilhoso”.

Estou desenvolvendo uma ‘linguagem-remake’. A primeira coisa que eu fiz quando recebi o convite foi ver a novela original de cabo a rabo, estou muito apaixonada pelo gênero, no início do ‘namoro’ e empolgada em fazer parte – Isabel Teixeira

As sete protagonistas de 'Elas por Elas' (Foto: Divulgação/ Globo)

As sete protagonistas de ‘Elas por Elas’ (Foto: Divulgação/ Globo)

Atriz, dramaturga, diretora e pesquisadora, ouvindo sobre a preparação de Isabel, poderíamos citar aquela frase-metáfora clássica do cineasta David Linch, em seu livro ‘Águas Profundas‘: “Ideias são como peixes. Se você quer pegar um peixinho, pode ficar em águas rasas. Mas se quer um peixe grande, terá que entrar em águas profundas”. Ela mergulha fundo e parece gostar mesmo é dos ‘peixes parrudos’.  “Li a novela toda, aliás estou vendo muitas novelas, começando por ‘Baila comigo‘, no Globoplay, que é uma loucura. Amo muito o Tony Ramos. E é interessante, que antes de cada capítulo vem a informação de que a obra corresponde à época em que foi realizada, e agora também vem um adendo, que diz que estão colocando-a na íntegra para suscitar o diálogo. O remake é como uma obra clássica que se reinventa para chegar até nós. Brinco, perguntando, o que seria de Shakespeare se não fossem os remakes, não é? As obras dele também não chegariam até hoje. É um jeito da gente se ver enquanto sociedade”, analisa.

Escritor de novela brasileira é digno de Academia Brasileira de Letras. Acho que é um patrimônio que temos e precisamos começar a olhar cada vez mais para isso como as obras maiores que são – Isabel Teixeira

"Estou desenvolvendo uma 'linguagem-remake'. A primeira coisa que eu fiz quando recebi o convite foi ver a novela original de cabo a rabo, estou muito apaixonada pelo gênero" (Foto: Reprodução/ Instagram)

“Estou desenvolvendo uma ‘linguagem-remake’. Vi a novela original de cabo a rabo” (Foto: Reprodução/ Instagram)

“E tem o Cassiano nesta novela, que criou esse multiplot, esse jogo de dramaturgia tão bem feito. Depois de ver a versão dele, pensava: o que vem na reescrita? E ela é muito potente. Além disso, vi a novela original quando passou. Eu tinha 8, 9 anos. Me lembro dela. Acredito que esse exercício, que aconteceu comigo em ‘Pantanal‘, acontece agora: estava vendo, fazendo uma obra, e também refletindo sobre o tempo. Um tempo continental, de um país inteiro. De como mudamos socialmente”, conclui.

Mais uma vilã para amarmos?

Com sua primeira vilã na TV, a atriz realiza que está fazendo uma novela tradicional do país, no sentido das que fizeram escola. “É uma vilã do Cassiano. Uma vilã na dramaturgia é o atrito, que faz a obra ir para frente. Estou vendo vilãs, com a Fernanda Montenegro em ‘Belissima’ (2005). A própria Aracy Balabanian em a ‘Próxima Vítima‘ (1995). A Susana Vieira como Branca, em ‘Por amor‘ (1997). É interessante demais. A da Aracy, por exemplo, é uma vilã que não sabe que é vilã. Estudando esse leque de vilania, podemos dizer que as vilãs têm fé cênica. Passo passar por opostos totalmente bem distantes, porque a vilania suporta isso. Observo que minhas duas primeiras novelas eram da imagem, da composição. E agora, faço uma trama fincada na palavra, naquela coisa do rádio, da palavra que pega, do ritmo. Estou fazendo a novela tradicional do Brasil pela primeira vez. É um jogo de cena que cresce. Amo quando isso acontece, porque sou maratonista, amo quando me espremo no excesso de cenas que tenho pra decorar e fazer. Acho que todos os dias, até a gente terminar de gravar, serão belos e úteis. Amo estar viva aqui e agora fazendo isso”.

A Helena de Isabel

A protagonista de Isabel Teixeira no passado é vivida por Fernanda Lasevitch, e era apaixonada por Jonas (Dani Flomin/Mateus Solano), que estava noivo de Adriana (Mari Oliveira/Thalita Carauta). Helena separa os dois e se casa com Jonas, mas no presente o relacionamento dos dois está em uma crise, que se agrava quando Adriana volta a fazer parte da vida deles, e Helena se vê novamente diante de sua grande rival, de quem será uma pedra no sapato.

Isabel Teixeira vive mesma vilã feita por Aracy Balabanian em 'Elas por Elas' (Divulgação/ globo)

Isabel Teixeira vive mesma vilã feita por Aracy Balabanian em ‘Elas por Elas’ (Divulgação/ globo)