* Por Carlos Lima Costa
Com o olhar literalmente focado entre o presente, o futuro e o passado, o ator Edson Celulari festeja 64 anos no domingo, dia 20, com o jeito brincalhão como se percebe ao acompanhar as postagens de sua página no Instagram, onde tem 1,4M de seguidores, intensificando esse lado influencer durante a pandemia. Depois de quase duas décadas se tornou pai novamente. Chiara, fruto da união de dez anos com a atriz Karin Roepke, completa um mês, na quarta-feira, 23. “Ela nasceu cheia de charme. Agora, vamos de mãos dadas, construir o amanhã”, se desmanchou o galã, nas redes sociais. Em casa, nesse momento de renovação, ele relembra o ano de 1989. Seus filhos mais velhos, Sophia, de 19 anos, e Enzo, de 24, do casamento de 17 anos com Claudia Raia, ainda não tinham nascido, e ele protagonizava a novela Que Rei Sou Eu?, que acaba de estrear no Globoplay.
Valente e idealista, Jean Pierre, seu personagem, filho bastardo do Rei Petrus II, vivido por Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), era um jovem de ideias firmes e claras a respeito das desigualdades e não se conformava com o abismo entre as classes sociais, fazendo tudo para diminuí-lo. “Foi o único ‘capa e espada’ na minha carreira como ator. Ele era um herói, destemido, em busca da justiça, igualdade e esperança aos famintos. É um prazer enorme matar a saudade da novela. Acho que todo mundo vai se divertir revendo. Nós brasileiros estamos precisando rir e a comédia, a sátira, tem esse poder de trazer assuntos relevantes e sérios de uma forma engraçada, com leveza”, afirma Celulari, longe das novelas desde O Tempo Não Para, exibida até janeiro de 2019.
Quando, em 2020, a pandemia surgiu, ele respeitou o isolamento com atenção redobrada, até por conta do linfoma não-Hodgkin, que ele enfrentou em 2016, um câncer que afeta o sistema de defesa do organismo. O ator e Karin só saíam de casa, no Rio, para algo extremante necessário ou para se refugiarem na casa deles, na Região Serrana do estado. “Somos bem rígidos com o isolamento. Ir para serra e curtir nossos cachorros foi nosso programa preferido nesses meses. No confinamento aprendemos ainda mais a respeitar nossas individualidades, foi um crescimento enorme. Dizem que os relacionamentos são uma verdadeira escola de vida e eu concordo. Tiveram dias em que fizemos tudo juntos, em outros, a gente decidia que um ficava na sala, o outro no escritório e tudo bem. Fomos lidando com as nossas semelhanças e diferenças, nos aprofundamos nos conhecimentos de nós mesmos e do outro”, disse Karin, em entrevista à revista Quem.
Edson e Karin, que se conheceram atuando no musical Hairspray, em 2009, e que iniciaram relacionamento no final de 2011, se casando posteriormente na Itália, em novembro de 2017, engravidaram e prepararam tudo para a chegada de Chiara durante o isolamento, como o próprio ator mostrou no Instagram. “Não basta ser pai, tem que participar”, escreveu ele em sua página da rede social, em dezembro, ao mostrar foto montando a luminária no quarto da filha. Em clima de brincadeira, dividiu com os seguidores o momento em que assistia Encanto, filme recente da Disney, contando que estava se atualizando sobre os novos desenhos para poder mostrar para Chiara, após seu nascimento. Criativo, gravou ainda vídeos em que ele próprio se entrevistava abordando questões sobre como dar banho em um bebê, como colocar a manta no bebê e se ele ainda sabia trocar uma fralda. “O meu espaço como ator e diretor ficou muito restrito. Eu já passeava pelas redes sociais e resolvi encarar de outra forma e interagir mais. Comecei a pesquisar e fui fazendo. Estou me divertindo muito. O público que me acompanha tem dado um retorno muito estimulante”, explicou o ator e influencer, no programa É de Casa.
Após o nascimento de Chiara, Celulari já postou foto com toda sua prole reunida. “‘Tamo junto’ e ninguém tira o olhar de ninguém! Muito amor pelos meus três filhos”, escreveu. E antes da chegada da neném, garantiu em entrevista nos bastidores do Faustão na Band. “Não tem idade certa para ser pai, é tudo do zero, é emocionante.” E à revista Quem frisou que criança sempre traz o novo, a esperança. “A gente está precisando tanto disso nesse momento… Um filho que chega é uma energia que se renova. É uma sensação de que você vai se perpetuar, é tudo muito bonito. Por mais que eu já tivesse dois filhos antes, é tudo novo, é um outro momento, um outro Edson”, frisou ele, que em novembro do ano passado foi imunizado com a terceira dose da vacina contra a covid-19.
Também não faltou trabalho durante a quarentena. O casal gravou a webserie Marilyn, e, com equipe reduzida, filmou o longa-metragem Contratempos. Edson participou ainda da segunda temporada da série Chuteira Preta, que estreia no segundo semestre deste ano, na Amazon Prime Video.
É com esse espírito que revisita o passado, assistindo a novela Que Rei Sou Eu?, escrita por Cassiano Gabus Mendes (1927-1993), com a colaboração de Luís Carlos Fusco (1952-2003) e Solange Castro Neves, que se passava em Avilan, fictício reino europeu, onde o povo miserável vivia às voltas com governantes corruptos, sucessivos planos econômicos, moeda desvalorizada e altos impostos. Com a morte do rei Petrus II, uma armação de Ravengar, bruxo do condado, interpretado por Antônio Abujamra (1932-2015), fez com que a coroa caísse nas mãos do mendigo Pichot (Tato Gabus Mendes). Assim, Jean Pierre lidera um grupo de revolucionários para derrubar os vilões e a novela termina com o povo tomando o poder. “O duelo entre Jean Pierre e o Pichot foi um ponto alto da trama. O sucesso da novela foi tanto que teve até álbum de figurinhas”, relembra Celulari sobre a produção que contava ainda no elenco com nomes como Aracy Balabanian, Giulia Gam, Natalia do Vale, Jorge Dória (1920-2013) e Tereza Rachel (1935-2016).
Por vezes, cenas da novela faziam os brasileiros refletirem sobre o país. O povo se preparava para eleger o presidente com voto direto. Era o primeiro, após a ditadura militar que havia sido instaurada em 1964. Eleito no segundo turno das eleições, Fernando Collor de Mello renunciou ao cargo em dezembro de 1992, enquanto sofria processo de impeachment. Mesmo assim, ficou inelegível por oito anos.
“Tenho boas lembranças. A novela marcou época abordando um tema histórico universal, que foi a Revolução Francesa, em forma de comédia, com leveza. Uma trama inteligente, que continua muito atual. Vai ser bom demais poder rever”, ressalta ele. E conta que gravar as cenas de lutas de espada não foi um desafio tão fora da curva para ele, que durante a formação na escola de teatro teve aulas de esgrima. Vale ressaltar, que nas gravações, todos contaram com o acompanhamento de atletas profissionais do Clube do Flamengo.
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