Conhecido pelos seus papéis no teatro musical e na TV, Hugo Bonemer tem tido um ano agitado. O ator interpretou Ayrton Senna no teatro, dublou a série animada Trolls 2 para a Netflix, apresenta o programa Like e agora vive um dos momentos mais significativos em sua carreia: dar voz a Freddie Mercury na dublagem brasileira do filme “Bohemian Rhapsody”. As gravações estão intensas e no intervalo de uma delas, o ator conversou com o site HT para falar dessa fase importante em sua vida. Hugo mostrou a satisfação de ter sido escolhido para o papel e contou um pouco sobre esse processo. “Eu tenho feitos uns trabalhos na Delart, um estúdio de dublagem no Rio de Janeiro que existe há muitos anos. Rolou uma seleção dentro do estúdio e fui um dos escolhidos, depois ocorreu uma outra triagem dentro da distribuidora internacional do filme. Eles acharam que eu tinha algo que eles chamam de matching voice, que meu timbre tem como ser próximo da voz falada do Freddie no filme e principalmente da cantada, porque as pessoas vão para ouvir a música dele, mas não pode existir uma diferença tão gritante “, explica. No longa dirigido por Bryan Singer, quem interpreta o astro do rock é o ator norte-americano Remi Malek.
Para o ator, dublar o vocalista da banda Queen é muito importante, já que o músico fez, de alguma forma, uma grande diferença em sua vida. “O Freddie Mercury foi um pioneiro, na época dele era tudo muito mais difícil e o filme conta justamente um pedaço no qual ele vivia em guerra consigo mesmo, inclusive com sua sexualidade. Mas no final das contas, o Freddie é um cara que conseguiu respeito através da profissão e isso se tornou mais potente do que qualquer preconceito que pudesse existir em cima dele, antes de qualquer coisa…eu sou muito fã do trabalho do Freddie, da música, do artista que ele é”, pontua o ator, demonstrando toda sua admiração. Apesar da clara relevância do músico para a representatividade LGBT, o cantor, talvez por viver naquele período, não levantava bandeiras. Inclusive existe grande parte da comunidade que o criticava por isso. Hugo, que é gay, reconhece esse aspecto do astro do rock, mas não julga: “Ele só viveu a vida dele com sinceridade e deixou que as pessoas acompanhassem quem ele era ou quem ele representava de forma natural”.
Encantado pelo universo da dublagem, ramo em que entrou há dois anos, o ator discorre que precisamos valorizar esses profissionais. “Eu fico muito impressionado com a quantidade de artistas super talentosos no país que a gente só conhece através da voz. A preferência no Brasil ainda é filme dublado, algo comprovado estatisticamente, a maioria dos brasileiros não gosta de ler legenda ou prefere prestar atenção nas imagens e atuações”, expõe.
Com 31 anos, o ator faz teatro desde os 11 -isso mesmo!- e dá para perceber o quanto é apaixonado pelo ofício na maneira em que fala sobre seus trabalhos. Recentemente, ele interpretou nos palcos outro grande ídolo nacional: Ayrton Senna na peça Ayrton Senna – O Musical, que rodou os estados do Rio e São Paulo. “Tem sido um ano muito diferente pra mim, um ano que estou tendo a oportunidade de falar sobre ídolos e heróis. Me sinto emocionado em poder entrar em contato com essa experiência e conforme eu vou vivendo esses ícones, ainda que eu seja muito fã deles, eu descubro gente que tem idolatria por essas pessoas e entrar em contato com essa energia é muito emocionante”, lembra. Mesmo sendo tão diferentes, para o ator, Freddie e Ayrton tem suas semelhanças. “Eles inspiram e fazem a gente acreditar que é possível vencer, ser feliz, viver sendo quem se é. Eles tem em comum a busca pela perfeição técnica. Um perfeccionismo muito grande, e eles terem aparecido na minha vida esse ano, não é à toa, eles me motivam a buscar isso em mim”, conta o ator empolgado.
Hugo é, ainda, um dos apresentadores do canal Like da NET e Claro HD, que indica filmes e séries para espectadores que não sabem o que assistir na televisão. No momento, também está na preparação da segunda temporada da série “A Vida Secreta dos Casais” que vai ao ar na HBO ano que vem, onde vive Erick Andreazza. “Ele é um vilão, mas tem sensibilidade, existe chances de redenção”, conta. Mas enquanto isso, o ator não contém a ansiedade para ver “Bohemian Rhapsody” nos cinemas, as gravações das dublagens encerram essa semana. Com distribuição da Fox Films, o longa estreia dia 1º de novembro.
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