*Por Brunna Condini
Tão bonito ver uma artista florescer. Do verbo fazer brotar, brilhar. E é bem assim que temos acompanhado Guilhermina Libânio desde sua estreia em ‘Malhação: Vidas Brasileiras’ (2018). A atriz vem mostrando seu talento e versatilidade, concentrando ternura e potência em suas escolhas, fazendo acontecer a carreira que a arrebatou. E em sua terceira novela na Globo, ‘Fuzuê’, Guilhermina celebra a personagem Bianca e o fato de que qualquer atriz poderia fazê-la, já que a TV hoje tem dado mais espaço à diversidade de existências no mundo. “Isso é maravilhoso. Finalmente podemos ver diversos tipos de pessoas, fazendo diversos tipos de papéis. Esse é o exercício fundamental do ator. Enquanto a TV não absorvesse isso, ia ficar muito difícil se comunicar com a vida real, como é o objetivo do veículo”, analisa.
“Quando vemos pessoas plurais fazendo vários tipos de papéis funciona. Não à toa, ‘Vai na fé’ foi um sucesso. Funciona porque as pessoas se veem e acreditam naquelas histórias. Os personagens se tornam próximos. Isso é muito positivo. Quanto mais tirarmos as pessoas das ‘caixinhas’, mais vamos surpreender o público, que se acostumou a ver muito do mesmo. E também criamos essa possibilidade diversa para todos os tipos de atores. A arte pode fazer a gente se sentir menos sozinho, legitimar quem a gente é. E para o público, isso é representatividade, algo natural. É uma menina me olhar na TV e pensar que pode ser atriz, pode ser babá como minha personagem, universitária como ela é também, por exemplo”.
Diria que o audiovisual ainda é gordofóbico…e não falo de uma gordofobia direta, pelo menos comigo, embora saiba de casos com outras atrizes. Falo de uma gordofobia de não saber lidar com corpos diferentes – Guilhermina Libânio
Há cinco anos, em sua estreia na TV em ‘Malhação’, Guilhermina fez Úrsula, personagem que sofria preconceito por ser gorda. A trama inspirou muitas meninas que também se viam enfrentando gordofobia em suas vidas, já que fora da ficção, infelizmente, ainda há muito preconceito. Mas e no audiovisual brasileiro? “Talvez a pressão estética na sociedade esteja um pouco mais tímida hoje. Vem mudando, é uma exigência do público, que pede representatividade no geral. isso vem equilibrando mais a balança, mas sabemos que ainda falta muito. Os testes de elenco ainda são muito nichados. A gente consegue esses espaços, mas quando são direcionados e pensados para nós. Não conseguimos entrar em uma disputa de igual para igual. Eu diria que o audiovisual ainda é gordofóbico…e não falo de uma gordofobia direta, pelo menos comigo, embora saiba de casos com outras atrizes”, reflete.
“Uma gordofobia de não saber lidar com corpos diferentes, porque não está acostumado. Durante muito tempo era o mesmo tipo de pessoa, um único padrão. O audiovisual está aprendendo a lidar com a diversidade. Das coisas mais simples às mais complexas. Uma coisa que sempre peço em qualquer trabalho que entro, é que providenciem um roupão em que eu fique confortável. Peço isso sempre na primeira prova de figurino, porque é um detalhe que não é pensado. Não por mal, mas por falta de hábito, não vejo como tentativa de exclusão. Mas tudo bem, a gente vai entrando, ocupando esses espaços e fazendo as pessoas ficarem habituadas. As vezes é um pouco cansativo, mas é como é. Já teve gente que abriu o caminho e continuamos capinando o mato…vamos lá”, completa o pensamento.
Finalmente podemos ver diversos tipos de pessoas, fazendo diversos tipos de papéis. Esse é o exercício fundamental do ator. Enquanto a TV não absorvesse isso, ia ficar muito difícil se comunicar com a vida real, como é o objetivo do veículo’ – Guilhermina Libânio
Fuzuê
Guilhermina festeja a estreia de ‘Fuzuê‘ perto do seu aniversário de 25 anos, no próximo dia 29 de agosto. “Tenho a sorte de trabalhar com uma profissão que amo muito. Amo ser atriz e estar em cena, então se calhar de estar gravando no dia, vai ser um presente. Nesta data agradeço pelo básico, a minha saúde, por ter um teto, segurança, uma família amorosa, amigos que me querem bem. E renovo esses pedidos, pedindo também pela minha carreira. Quero poder trabalhar nela para o resto da vida”, deseja a atriz.
Na trama de Gustavo Reiz, ela faz Bianca, funcionária de Alícia (Fernanda Rodrigues) e Cláudio (Douglas Silva), e babá de Valentina (Maria Flor Samarão), de quem se torna muito amiga. Uma menina simples, estudiosa e competente, que faz faculdade de Comunicação após o expediente. “Ela tem uma patroa que colabora para que se forme, para que tenha a carreira que sonhou. Isso é bonito e sutil na novela. Eu, Fernanda e DG conversamos sobre isso e está ali. É algo potente. Temos que potencializar as pessoas que ajudam a gente. A Fernanda falou sobre isso até a partir da sua própria vivência, por exemplo, de que a babá dos filhos é uma grande parceira na vida, porque sem ela não conseguiria trabalhar com tranquilidade. E é isso que a Bianca acaba sendo para a Alícia”.
Multifacetada
Além da trama das sete, em breve Guilhermina Libânio também poderá ser vista na pele de duas personagens bem diferentes: como a Pri, uma adolescente, na segunda temporada da primeira série brasileira original da Disney+, ‘Tudo Igual… SQN’, prevista ainda para esse segundo semestre, e também em ‘Fim‘, do Globoplay. “Na série da Disney vai ter babado, confusão e gritaria com a Pri nesta temporada. Tem ex voltando…já soltei um spoiler. Está intenso. Já na série ‘Fim‘, faço uma participação como Cinira, uma mulher de 27 anos, que é apaixona pelo chefe, vivido pelo Fábio Assunção. Ela tenta seduzi-lo. Mas ele não dá muita bola. Foi muito divertido de fazer e me senti muito à vontade no set do Andrucha Waddington para me expressar como atriz. O Fábio também é muito generoso. Fiquei encantada, me senti potente, criativa”.
O audiovisual está aprendendo a lidar com a diversidade. Das coisas mais simples às mais complexas – Guilhermina Libânio
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