Guilhermina Libânio volta às novelas em ‘Fuzuê’ e aponta importância da naturalização da diversidade no audiovisual


No ar na novela das sete da Globo como a babá e universitária Bianca, a atriz fala sobre a versatilidade dos papeis que tem experimentado, também nas séries ‘Tudo Igual… SQN’, da Disney+, prevista para esse segundo semestre, e em ‘Fim’, do Globoplay. Guilhermina reflete ainda, sobre as transformações no que diz respeito à representatividade no audiovisual desde que estreou na TV, há cinco anos. “Finalmente podemos ver diversos tipos de pessoas, fazendo diversos tipos de papeis. Esse é o exercício fundamental do ator. Enquanto a TV não absorvesse isso, ia ficar muito difícil se comunicar com a vida real, como é o objetivo do veículo”. E completa: “Eu diria que o audiovisual ainda é gordofóbico…e não falo de uma gordofobia direta, pelo menos comigo, embora saiba de casos com outras atrizes. Uma gordofobia de não saber lidar com corpos diferentes, porque não está acostumado”

*Por Brunna Condini

Tão bonito ver uma artista florescer. Do verbo fazer brotar, brilhar. E é bem assim que temos acompanhado Guilhermina Libânio desde sua estreia em ‘Malhação: Vidas Brasileiras’ (2018). A atriz vem mostrando seu talento e versatilidade, concentrando ternura e potência em suas escolhas, fazendo acontecer a carreira que a arrebatou. E em sua terceira novela na Globo, ‘Fuzuê’, Guilhermina celebra a personagem Bianca e o fato de que qualquer atriz poderia fazê-la, já que a TV hoje tem dado mais espaço à diversidade de existências no mundo. “Isso é maravilhoso. Finalmente podemos ver diversos tipos de pessoas, fazendo diversos tipos de papéis. Esse é o exercício fundamental do ator. Enquanto a TV não absorvesse isso, ia ficar muito difícil se comunicar com a vida real, como é o objetivo do veículo”, analisa.

“Quando vemos pessoas plurais fazendo vários tipos de papéis funciona. Não à toa, ‘Vai na fé’ foi um sucesso. Funciona porque as pessoas se veem e acreditam naquelas histórias. Os personagens se tornam próximos. Isso é muito positivo. Quanto mais tirarmos as pessoas das ‘caixinhas’, mais vamos surpreender o público, que se acostumou a ver muito do mesmo. E também criamos essa possibilidade diversa para todos os tipos de atores. A arte pode fazer a gente se sentir menos sozinho, legitimar quem a gente é. E para o público, isso é representatividade, algo natural. É uma menina me olhar na TV e pensar que pode ser atriz, pode ser babá como minha personagem, universitária como ela é também, por exemplo”.

Diria que o audiovisual ainda é gordofóbico…e não falo de uma gordofobia direta, pelo menos comigo, embora saiba de casos com outras atrizes. Falo de uma gordofobia de não saber lidar com corpos diferentes – Guilhermina Libânio

Guilhermina Libânio fala sobre a naturalização da diversidade na TV (Foto: Paola Vespa)

Guilhermina Libânio fala sobre a naturalização da diversidade na TV (Foto: Paola Vespa)

Há cinco anos, em sua estreia na TV em ‘Malhação’, Guilhermina fez Úrsula, personagem que sofria preconceito por ser gorda. A trama inspirou muitas meninas que também se viam enfrentando gordofobia em suas vidas, já que fora da ficção, infelizmente, ainda há muito preconceito. Mas e no audiovisual brasileiro? “Talvez a pressão estética na sociedade esteja um pouco mais tímida hoje. Vem mudando, é uma exigência do público, que pede representatividade no geral. isso vem equilibrando mais a balança, mas sabemos que ainda falta muito. Os testes de elenco ainda são muito nichados. A gente consegue esses espaços, mas quando são direcionados e pensados para nós. Não conseguimos entrar em uma disputa de igual para igual. Eu diria que o audiovisual ainda é gordofóbico…e não falo de uma gordofobia direta, pelo menos comigo, embora saiba de casos com outras atrizes”, reflete.

"Talvez a pressão estética na sociedade esteja um pouco mais tímida hoje. Vem mudando, é uma exigência do público, que pede representatividade no geral" (Foto: Paola Vespa)

“Talvez a pressão estética na sociedade esteja um pouco mais tímida hoje. Vem mudando, é uma exigência do público, que pede representatividade no geral” (Foto: Paola Vespa)

“Uma gordofobia de não saber lidar com corpos diferentes, porque não está acostumado. Durante muito tempo era o mesmo tipo de pessoa, um único padrão. O audiovisual está aprendendo a lidar com a diversidade. Das coisas mais simples às mais complexas. Uma coisa que sempre peço em qualquer trabalho que entro, é que providenciem um roupão em que eu fique confortável. Peço isso sempre na primeira prova de figurino, porque é um detalhe que não é pensado. Não por mal, mas por falta de hábito, não vejo como tentativa de exclusão. Mas tudo bem, a gente vai entrando, ocupando esses espaços e fazendo as pessoas ficarem habituadas. As vezes é um pouco cansativo, mas é como é. Já teve gente que abriu o caminho e continuamos capinando o mato…vamos lá”, completa o pensamento.

Finalmente podemos ver diversos tipos de pessoas, fazendo diversos tipos de papéis. Esse é o exercício fundamental do ator. Enquanto a TV não absorvesse isso, ia ficar muito difícil se comunicar com a vida real, como é o objetivo do veículo’ – Guilhermina Libânio

Guilhermina Libânio está em 'Fuzuê', nova trama das sete da Globo (Foto: Divulgação/Globo)

Guilhermina Libânio está em ‘Fuzuê’, nova trama das sete da Globo (Foto: Divulgação/Globo)

Fuzuê

Guilhermina festeja a estreia de ‘Fuzuê‘ perto do seu aniversário de 25 anos, no próximo dia 29 de agosto. “Tenho a sorte de trabalhar com uma profissão que amo muito. Amo ser atriz e estar em cena, então se calhar de estar gravando no dia, vai ser um presente. Nesta data agradeço pelo básico, a minha saúde, por ter um teto, segurança, uma família amorosa, amigos que me querem bem. E renovo esses pedidos, pedindo também pela minha carreira. Quero poder trabalhar nela para o resto da vida”, deseja a atriz.

Na trama de Gustavo Reiz, ela faz Bianca, funcionária de Alícia (Fernanda Rodrigues) e Cláudio (Douglas Silva), e babá de Valentina (Maria Flor Samarão), de quem se torna muito amiga. Uma menina simples, estudiosa e competente, que faz faculdade de Comunicação após o expediente. “Ela tem uma patroa que colabora para que se forme, para que tenha a carreira que sonhou. Isso é bonito e sutil na novela. Eu, Fernanda e DG conversamos sobre isso e está ali. É algo potente. Temos que potencializar as pessoas que ajudam a gente. A Fernanda falou sobre isso até a partir da sua própria vivência, por exemplo, de que a babá dos filhos é uma grande parceira na vida, porque sem ela não conseguiria trabalhar com tranquilidade. E é isso que a Bianca acaba sendo para a Alícia”.

Fernanda Rodrigues e Guilhermina Libânio estão no mesmo núcleo em 'Fuzuê' (Foto: Reprodução/ Instagram)

Fernanda Rodrigues e Guilhermina Libânio estão no mesmo núcleo em ‘Fuzuê’ (Foto: Reprodução/ Instagram)

Multifacetada

Além da trama das sete, em breve Guilhermina Libânio também poderá ser vista na pele de duas personagens bem diferentes: como a Pri, uma adolescente, na segunda temporada da primeira série brasileira original da Disney+,Tudo Igual… SQN’, prevista ainda para esse segundo semestre, e também em ‘Fim‘, do Globoplay. “Na série da Disney vai ter babado, confusão e gritaria com a Pri nesta temporada. Tem ex voltando…já soltei um spoiler. Está intenso. Já na série ‘Fim‘,  faço uma participação como Cinira, uma mulher de 27 anos, que é apaixona pelo chefe, vivido pelo Fábio Assunção. Ela tenta seduzi-lo. Mas ele não dá muita bola. Foi muito divertido de fazer e me senti muito à vontade no set do Andrucha Waddington para me expressar como atriz. O Fábio também é muito generoso. Fiquei encantada, me senti potente, criativa”.

O audiovisual está aprendendo a lidar com a diversidade. Das coisas mais simples às mais complexas – Guilhermina Libânio

"Agradeço pelo básico, pela minha saúde, por ter um teto, uma família amorosa, amigos. E renovo esses pedidos, pedindo também pela minha carreira, quero poder trabalhar nela para o resto da vida" (Foto: Paola Vespa)

“Agradeço pelo básico, pela minha saúde, por ter um teto, uma família amorosa, amigos. E renovo esses pedidos, pedindo também pela minha carreira, quero poder trabalhar nela para o resto da vida” (Foto: Paola Vespa)