*Por Brunna Condini
Vinte anos separam a primeira exibição da novela “Laços de Família”, de mais uma reprise, que estreia na TV Globo na segunda-feira (7). E, em bate-papo virtual, os atores da trama, como Carolina Dieckman, Giovanna Antonelli, Deborah Secco, Regiane Alves, Luigi Baricelli, Ana Carbati e Tony Ramos recordações da época.
Tony Ramos era um dos mais animados. Com 57 anos de carreira, o ator comemorava o estilo de Manoel Carlos, que conduz conflitos nas relações de forma profunda, com diálogos emocionantes, criando assim, personagens inesquecíveis para os atores que o vivem. “É o jeito Maneco de contar histórias. Ele propõe reflexões do cotidiano, o simples. E fazer o simples é difícil. Acho que foi um acerto da emissora reprisar essa novela neste momento”, diz Tony, que acabou de completar 72 anos.
“Tenho algumas décadas de trabalho, e fui vendo autores como o Manoel Carlos, que gostavam de pegar as notícias do dia e escrever o capítulo, como uma crônica daquela realidade. Maneco sempre foi esse grande observador do cotidiano das pessoas. Ele gosta de sentar em uma livraria e fica olhando a vida, mas olhando a vida com criatividade. Um olhar pela janela no cotidiano das pessoas”.
Atualidade
Para Tony “Laços de Família” continua atual, porque fala de questões humanas. No folhetim, o ator deu vida a Miguel, dono de uma livraria e apaixonado pela Helena de Vera Fischer. “Você sempre vai encontrar um texto atemporal nas obras do Maneco. Eu fiz ‘Baila Comigo’ com ele (1981), e ainda é uma história presente. Quando lemos um texto do Manoel Carlos percebemos que aquelas palavras não estão jogadas ali por acaso. Ele consegue, com uma forma de se comunicar extremamente simples, atingir todos os públicos”, detalha. “O folhetim é uma grande identificação universal. Está presente nas séries americanas, nórdicas, japonesas. Faz as pessoas se perguntarem “o que vem depois? “. As nossas novelas fazem isso. E Maneco faz a gente se emocionar com seus textos. O público vai continuar sentindo isso”.
A partir do dia 7, Tony vai estar no ar em duas produções, já que “Mulheres Apaixonadas’, também do autor Manoel Carlos, estreou há uma semana no canal Viva. Nesta trama, Tony vive o saxofonista Teo, casado com outra Helena, a de Christiane Torloni. “Miguel e Teo são muito diferentes. Teo é o amante do jazz, da música. Aliás, por conta da novela toco até hoje, mal, mas toco.. Já o Miguel, de “Laços de Família”, nunca superou o acidente que deixou o filho Paulo (Flávio Silvino) com sequelas. Era um literato. Até se apaixonar por aquela mulher esplendorosa, a Helena, e perceber que não será amado por ela. Já o Teo só acorda para a vida depois da cena do tiroteio na rua Dias Ferreira e do coma, em que ele e a Fernanda, personagem da Vanessa Gerbelli são baleados”, compara Tony, dando sem querer spoiler para quem ainda não assistiu.
Na sua carreira, Tony já fez cinco novelas de Manoel Carlos e ressalta que o Miguel de “Laços” foi especial por ser um personagem que aborda a importância da leitura, e as dificuldades encontradas pelas pessoas com deficiência, através da trama do filho na ficção. “O público sempre comenta comigo que foi muito importante o incentivo à leitura e as questões difíceis vividas pela família do Miguel. É uma novela imperdível que merece ser revista pelas pessoas que gostaram, e vista por quem não assistiu”.
Convidado para a próxima novela que João Emanuel Carneiro escreve para o horário das 21h, ainda sem previsão de estreia, Tony tem mantido o isolamento social, e afirma só sair quando estritamente necessário. “Não sei quando começaremos os trabalhos ainda. É um momento delicado. Recordo que as primeiras cenas que gravei em “Laços de Família” foram no Japão, e há 20 anos as pessoas já usavam máscaras por lá. Lembro que aquilo me impressionou. E agora, precisamos usá-las para nos proteger também. É uma realidade mundial”.
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