* Por Junior de Paula
O Globo de Ouro é o tipo de cerimônia que deve ser muito, mas muito mais divertida quando assistida in loco. De casa, como bem sugeriu Amy Poehler e Tina Fey, as apresentadoras da noite, só interessa para as mulheres e os gays, em tom, claro, de brincadeira politicamente incorreta. Lá nos salões do Beverly Hilton, onde rola anualmente a entrega dos prêmios escolhidos pela Associação dos Correspondentes Internacionais de Hollywood, a coisa parece ser bem mais animada.
É só prestar atenção nas mesas, nos papinhos paralelos que estão sempre rolando, mesmo quando um discurso emocionado está sendo feito no palco, e as muitas, muitas taças de Moët (patrocinadora da noite) não param de ser servidas.
Bom, mas enquanto nos restar o sofá de casa para assistir a uma das premiações mais descontraídas da indústria da TV e Cinema, a gente vai se divertindo como dá. Tina e Amy, aliás, são estrelas absolutas quando o assunto é apresentar premiações. Sem medo de fazer piadas com todos os convidados – não interessa a que escalão eles pertencem – elas foram responsáveis por alguns dos melhores momentos da noite.
Quando, por exemplo, ao falar de “Gravidade” (Gravity, Warner Bros) – filme que deu a Alfonso Cuarón o Globo de Ouro de melhor diretor -, lembraram que o longa “é a história de como George Clooney prefere ficar vagando sozinho no espaço até morrer do que passar um minuto a mais ao lado de uma mulher da sua idade”, se referindo, claro, à Sandra Bullock, sua companheira de cena. Ou que tal quando Tina chamou Leonardo DiCaprio ao palco, o Melhor Ator em Comédia por “O Lobo de Wall Street”(The Wolf of Wall Street, Paramount Pictures / Paris Filmes ), e sugeriu que todo mundo “tal qual uma vagina de uma supermodelo, desse uma calorosa recepção a ele”. Leo, claro, corou.
Outros motivos de vergonha da noite? O discurso de Jacqueline Bisset, vencedora do prêmio de melhor atriz coadjuvante em série, minissérie ou telefilme por sua atuação em “Dancing On The Edge”, que incluiu palavrões, pausas dramáticas, gritos e outras coisas que a gente faz quando bebe demais. Ou Matt Damon rebatendo a piada feita pela dupla de apresentadoras e Sean Combs fazendo seu eterno papel de descontraído constrangedor.
Apesar dos muitos prêmios em muitas categorias – o Globo de Ouro, para quem não sabe, premia telefimes e séries de TV, além, claro, de longas para o cinema em duas categorias: comédia ou musical e drama, multiplicando ad infinitum o número de discursos e suspense pré-abertura de envelope – foram poucas as surpresas. A maior da noite talvez tenha sido a série “Brooklyn 9-9” ter levado a melhor série de Comédia, e seu protagonista, Andy Samberg, ter ganho o prêmio de melhor ator. No mundo do cinema, os grandes vencedores foram “12 Anos de Escravidão” (12 Years a Slave, Disney / Buena Vista), que ganhou o prêmio de Melhor FIlme na categoria Drama, e “Trapaça” (American Hustle, Sony Pictures), entre os de Comédia.
Ah, e se não tivemos nenhum momento memorável ou histórico no palco do Globo de Ouro, o mesmo não podemos dizer do red carpet: só se falou do vestido Dior, branco, de Jennifer Lawrence. Para o bem e para o mal, o look virou motivo de piada e se transformou no grande meme da internet, com a turma reproduzindo a criação em casa e compartilhando suas selfies tal qual JLaw, a vencedora na categoria Melhor Atriz Coadjuvante por seu personagem em “Trapaça”.
A lista completa dos vencedores? Segura aí:
Melhor atriz coadjuvante
Jennifer Lawrence, “Trapaça”
Melhor atriz coadjuvante em série, minissérie ou telefilme
Jacqueline Bisset, “Dancing on the edge”
Melhor Minissérie ou Telefilme
“Behind The Candelabra”
Melhor atriz em minissérie ou telefilme
Elisabeth Moss, “Top of the Lake”
Melhor ator em série dramática
Bryan Cranston, “Breaking bad”
Melhor série dramática
“Breaking bad”
Melhor trilha sonora
“Até o fim”
Melhor canção original
“Ordinary Love”, do U2, para “Mandela”
Melhor ator coadjuvante em série, minissérie ou telefilme
Jon Voight, “Ray Donovan”
Melhor atriz em filme de comédia
Amy Adams, “Trapaça”
Melhor atriz em série dramática
Robin Wright, “House of cards”
Melhor ator coadjuvante
Jared Leto, “Clube de compras Dallas”
Melhor roteiro
Spike Jonze, “Ela”
Melhor ator em série de comédia
Andy Samberg, “Brooklyn Nine-Nine”
Melhor filme estrangeiro
“A grande beleza” (Itália)
Melhor ator em minissérie ou telefilme
Michael Douglas, “Behind the Candelabra”
Melhor animação
“Frozen: Uma aventura congelante”
Melhor atriz em série de comédia
Amy Poehler, “Parks and recreation”
Melhor diretor
Alfonso Cuarón, “Gravidade”
Melhor série de comédia ou musical
“Brooklyn Nine-Nine”
Melhor ator em filme de comédia
Leonardo Dicaprio, “O lobo de Wall Street”
Melhor filme de comédia ou musical
“Trapaça”
Melhor atriz de filme dramático
Cate Blanchett, “Blue Jasmine”
Melhor ator em filme dramático
Matthew McConaughey, “Clube de compras Dallas”
Melhor filme dramático
“12 anos de escravidão”
* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura.
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