* Por Carlos Lima Costa
Giulia Benite retorna aos cinemas de todo o Brasil interpretando Mônica, uma das mais carismáticas personagens das histórias em quadrinhos, criada em 1963 por Mauricio de Souza. A atriz é a protagonista do filme Turma da Mônica – Lições, sequência de Turma da Mônica – Laços, assistido por mais de dois milhões de pessoas, em 2019, que marcou a estreia profissional da jovem, que teve a vida transformada ao ganhar notoriedade. A força da fama repentina ela atestou ao retornar à escola.
“O filme tinha acabado de estrear e aí foi um choque para as crianças ao me verem no colégio, que tem quatro mil alunos. Eu era perseguida pelo pessoal do quarto, do quinto ano, e, às vezes, para não atrasar na aula depois do lanche, eu precisava me esconder (risos). Aos poucos, as crianças se acostumaram comigo e tudo voltou ao normal. E, apesar do meu trabalho como atriz, eu não mudei, continuo sendo a mesma Giulia tímida. Assim, inicialmente, não gostava muito de ter as pessoas atrás de mim, cobrando um sorriso o tempo todo. Não por ser metida, mas por timidez”, pontua ela, que está na segunda temporada da série Segunda Chamada, que estreou dia 10, no Globoplay.
Durante a pandemia, em seu isolamento social, mesmo sem estar em contato com os fãs, Giulia, de 13 anos, refletiu sobre a questão da timidez e amadureceu com relação a isso para não decepcionar os pequenos fãs da mesma forma como ela já se decepcionou com alguns ídolos. “Tenho minhas inspirações e já tive vezes de me frustrar um pouco quando encontrei alguns ídolos, que não foram tão simpáticos. Para não ser a decepção de ninguém, sempre tento ser o mais simpática e carismática possível para atender e até superar as expectativas”, relata.
Sobre o longa ainda inédito, Giulia explica que a principal mensagem que Turma da Mônica – Lições vai levar para as crianças é relativa à questão do crescimento. “O jeito que a Mônica não consegue lidar com o fato de ela estar crescendo, com o amadurecimento, sobre amizade, sobre como tudo muda e está tudo bem, que para você crescer, não precisa deixar de ser criança. O filme está muito bonito, acho que todo mundo vai se identificar de alguma forma”, explica.
Giulia mesmo se identificou bastante com sua própria personagem. “Enquanto estava filmando, acho que eu estava passando pela mesma questão do crescimento e amadurecimento, é como se tivesse na transição de criança para pré adolescente. Então, tudo que vocês vão ver na tela, as fases da Mônica, era o que eu estava vivendo na vida real assim como todos os outros personagens, a Magali, Cascão, Cebolinha”, conta.
Giulia acrescenta que também tem personalidade muito forte. “Dia desses, fui gravar um vídeo para o canal da minha irmã. Tinha que analisar certas situações e dizer se elas eram mais a cara da Mônica ou a minha. Concluí que tenho as mesmas atitudes, somos muito parecidas. Óbvio que eu não dou coelhada em ninguém (risos), mas tenho uma personalidade muito forte tanto quanto ela. E tenho ainda o lado doce e da amizade igual a Mônica, que ela ama e faz tudo pelos amigos”, compara.
No segunda longa, Giulia gravou cenas mais densas. Por isso mesmo, está ansiosa pela estreia. Ela quer sentir a reação do público em relação a seu desempenho. “Tive mais cenas dramáticas, a Mônica tinha que chorar. Gosto muito de gravar cena assim, sinto que consigo me mostrar mais como atriz. Amei fazer e estou ansiosa para que as pessoas possam ver esse meu lado dramático”, ressalta ela.
Histórias em quadrinhos
Giulia cresceu lendo gibis, como os da Turma da Mônica. E lembra o inesquecível momento em que foi informada de que iria interpretar a personagem. “Nos levaram para o local onde fizemos os testes, de repente o Mauricio entrou na sala. Nossa, enlouqueci! Aí ele falou que nós tínhamos sido aprovados, fiquei extremamente feliz. Eu tinha muita insegurança do que todo mundo ia achar da Mônica que eu criei, então, fiquei satisfeita em ver como ele se emocionou nos vendo, é sinal de que gostou de verdade. Ele é um amor de pessoa”, lembra.
Giulia continua nutrindo o hábito da leitura. No momento, vem lendo na hora de dormir, História Sem Fim, que ganhou de Daniel Rezende, diretor da Turma da Mônica. “Esse livro tem uma leitura muito difícil, então, estou aprendendo muito, ampliando meu vocabulário. E recentemente comprei todos os livros do Harry Potter”, conta. Ela e a irmã, Isabela Benite, de 16 anos, costumam revezar as obras. Na família, aliás, Isabela foi a primeira a estudar teatro. “Sempre me inspirei muito no que ela fazia, eu a via atuando na frente do espelho ou no banho e eu fingia também, gostava muito disso. Profissionalmente, ela que quis começar, fazia testes, pediu para a minha mãe colocá-la em uma agência de atores e eu segui esse processo depois. Ela fez participações pequenas”, conta.
Redes sociais
Giulia faz muito sucesso nas redes sociais. Ela tem 1,3 milhão seguidores do Instagram, 330 mil inscritos em seu canal do YouTube e 996,7k no Tik Tok. “Tenho muita consciência do que é bom ou não falar na internet, por exemplo, tenho a minha opinião política, mas sinto que ainda não é o momento de expor. Gosto de mostrar tudo da minha vida, coloco umas fotos bonitinhas, mas nos stories do Instagram posto o que me dá vontade. Deixo aquela caixinha de perguntas paras as pessoas perguntarem o que querem saber, então, ali está a Giulia de verdade. No YouTube gosto de gravar vídeos de desafios. Na quarentena, gravei vários com a minha irmã. Meus pais confiam muito em mim, mas sempre tem essa questão do monitoramento, me ajudam no que eu posto. Acho que em toda família deveria ter isso”, observa.
Covid-19, nos Estados Unidos
Desde o início da pandemia, Giulia vem tendo aulas online. E admite que não vem rendendo como antes. “Estou um pouco insegura, com medo, porque faz muito tempo que não vou para a aula presencial. Quero muito voltar, rever meus amigos. Antes eu tinha uma rotina, acordava, ia para a escola, voltava, tinha que fazer lição de casa, tinha meu tempo livre e agora não. E tenho muita dificuldade de prestar atenção na aula online. Antes da quarentena eu era uma aluna que não precisava estudar. Era só prestar atenção nas aulas, que eu ia bem. Agora tudo mudou. Preciso estudar muito para ir bem nas provas. Espero recuperar isso quando eu voltar para a aula presencial”, torce.
Ela reforça que o início da pandemia foi um período difícil de lidar. “Eu tinha uma rotina e de repente não tinha o que fazer. Com o tempo percebi que precisava ocupar o meu tempo, então, comecei a ajudar nas tarefas de casa, que não fazia antes. Foi uma forma de não ficar desocupada, entediada”, revela ela, que, recentemente, esteve com a família nos Estados Unidos, onde tomou as duas doses da vacina contra a Covid-19, em Nova York e em Orlando.
No final da viagem, no dia em que foi imunizada com a segunda dose, Giulia não estava bem. “Meu corpo estava doendo e testei positivo para a Covid-19. Tivemos que prolongar a viagem, ficamos isolados, mas graças a Deus ficou tudo bem e meus pais e minha irmã não tiveram”, revela ela, que, em 2019, fez a voz original de uma ursinha no inédito desenho Viajantes do Bosque Encantado.
No dia 10, no Globoplay, estreou a segunda temporada da série Segunda Chamada, onde Giulia interpreta Giovana, filha dos personagens de Hermila Guedes e Otávio Muller, que vivem cenas de violência doméstica. “Foi diferente, porque eu nunca tinha contracenado nada relacionado a isso, então, foi difícil, mas foi tudo muito acompanhado, teve psicólogo. Foi uma experiência muito legal, porque gosto de mostrar o meu lado dramático. É o meu jeito preferido de me expressar como atriz. Os filmes que eu fiz da Turma da Mônica e o 10 Horas Para O Natal, são infantis, tinham muitas crianças, então, eu curtia dentro e fora das câmeras. Segunda Chamada foi um choque pra mim, porque era um trabalho com muitos adultos, quase não tinha criança lá, o pessoal era muito concentrado, mas depois percebi o quanto foi bom. Consegui me mostrar como atriz. E conheci muita gente importante, a Hermila, o Otávio, o Paulo Gorgulho, Thalita Carauta, pessoas que sempre me inspiraram. Quando contraceno com alguém assim sempre presto atenção no jeito deles, para me inspirar nos mínimos detalhes”, finaliza.
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