* Por Carlos Lima Costa
Após brilhar em produções como Totalmente Demais, Malhação – Toda Forma de Amar e Carcereiros, a atriz Giovanna Rispoli, 19 anos, acaba de retornar à TV na série Temporada de Verão, da Netflix, que estreou dia 21. A garçonete Helena, sua personagem, de todas que interpretou, é a que mais se parece com ela. Além de terem a mesma sede de viver, de desejarem aproveitar ao máximo as experiências, ambas se conectam também nas inseguranças. “A Helena tem a questão de ter sofrido bullying na escola, insegurança com o corpo, enfim… Eu tive inseguranças fortes na adolescência e sofri bullying quando criança. Temos pontos de trajetória parecidos. Nela, é mais presente, tem traumas, ainda está tentando deixar o passado para trás. Eu não carrego traumas, sou bem resolvida”, avalia.
Giovanna ainda era nova quando foi vítima de bullying. Estava ingressando na carreira de atriz e nas publicidades. “Na escola, falavam que eu não ia dar em nada e que não era bonita o suficiente, meio que me desmerecendo. Eu era criança, tinhas uns dez anos, essas atitudes mexem com a nossa autoestima. Na época, mudei de turno, preferi fugir daquilo, não enfrentei muito. Quis deixar para trás as pessoas que tinham aquela impressão de mim”, relembra.
No caso das inseguranças, elas foram relacionadas à questão estética. “Toda adolescente tem insegurança em relação ao corpo, porque os padrões de estética ficam entrando cada vez mais na nossa sociedade. Sempre tive pouco seio e pouco bumbum, então, achava as meninas todas meio gostosonas e eu mais pequenininha, não tinha muito corpo de mulher. Era sempre nesse sentido”, frisa ela, que vive um outro tempo.
Segundo Giovanna, sua visão vai variando conforme o momento. “Tem dias que a gente acorda bem, se sentindo bonita, e, em outros, achando tudo horrível sobre nossa aparência. Mas consegui me resolver sim. Antes, eu ia à praia e ficava de blusa, colocava aqueles tops que não mostravam nada. Hoje em dia não. Tenho pouco peito, não tenho esse corpão, mas aprendi a lidar com isso. Nem tenho mais vontade de colocar silicone nos seios. Estou de boa”, explica ela, que até posta foto de biquíni no Instagram.
Sobre a ditadura da beleza, ela faz um alerta: “Cada vez mais as pessoas estão se rendendo a procedimentos estéticos, então, a gente fica se comparando com belezas que acabam nem sendo reais. Eu não julgo ninguém que faça, vai muito do processo individual de cada um, mas espero que as mulheres parem de se comparar e de se diminuírem, porque cada beleza é única e a gente tem que lidar com isso”.
As gravações dos oito episódios de Temporada de Verão, que mostra o cotidiano de jovens funcionários do Hotel Maresia, em uma ilha paradisíaca, começaram em novembro de 2020, tendo ainda no elenco nomes como André Luiz Frambach e Cynthia Senek. “Os protocolos da Netflix sempre foram rígidos, não podíamos encontrar com ninguém, ficamos isolados. Isso estreitou a relação do elenco de forma absurda e realmente nos tornamos uma família fora da série”, vibra ela que já marcou presença no cinema em filmes como Fala Sério, Mãe!, adaptação do livro de Thalita Rebouças.
No início da pandemia, Giovanna retornou aos holofotes devido às reprises de novelas como Totalmente Demais, exibida originalmente em 2015/2016, na qual interpretou a rebelde Jojô. “É a minha personagem que ficou mais marcada no público. Até hoje me param por ela, talvez porque eu não tenha mudado muito fisicamente. Continuo com a mesma carinha, então, é fácil associar. Mas a novela realmente foi um sucesso absurdo e na pandemia reprisando voltou muito forte. Ganhei mais de 500 mil seguidores só com reprise. Foi surreal”, comenta Giovanna que tem 2,4 milhões de seguidores no Tik Tok, e 1,1M no Instagram.
Ela já teve canal no YouTube, o Javanna’s, em parceria com uma amiga, aos 13 anos, mas desistiu após passar por sérios problemas. “Não era nada profissional, fazíamos coisas bobas. A gente gravava no meu quarto ou no dela, eram vídeos caseiros da gente fazendo desafios, dando conselho amoroso, questões de adolescentes. Mas sempre tivemos muitos comentários de homens mais velhos, que acabavam sendo nojentos, inapropriados. Teve um caso que foi mais específico, chegamos a recorrer a uma delegacia, mas não levamos pra frente porque era difícil de reconhecer a pessoa, enfim, a gente preferiu deixar de lado, assim como o canal. Não fiquei com trauma, só não tenho mais vontade de ter algo do tipo. Atualmente, prefiro ficar no Instagram e no Tik Tok”, frisa.
Giovanna gosta de fazer posts sobre as trends do momento, mostra um pouco de sua vida, seus cachorros, amigos, trabalho. “Não tem um nicho específico. Me expresso realmente da forma que eu quero. E falo também sobre temas relevantes. Não sou pessoa alienada. Estou a par de tudo que acontece no nosso país. Então, estou sempre colocando esses temas e me posicionando, porque a gente como pessoa pública, se não se posiciona, é posicionado. O neutro não existe. Ou você é ou está sendo conivente, então, sempre escolho o lado no qual acredito”, afirma ela.
A atriz, por exemplo, aprova totalmente a vacinação infantil, que está sendo realizada no momento. “Acredito sempre na ciência. Se a Anvisa aprovou, se o mundo já está com essa campanha ativa, tem que vacinar as crianças. E acabar com a transmissão desse vírus logo mais. As festas de Réveillon, de Natal contribuíram com a alta dos casos. Graças a vacina vemos que não está tendo tanta mortalidade”, observa Giovanna, que teve Covid, em maio do ano passado, antes de ser imunizada. “Foi difícil, tive todos os sintomas, febre, falta de ar, dor no peito, cansaço demais. Até hoje o meu olfato não voltou 100%. Só isso que ficou de sequela, entre aspas”, conta.
Antenada com o cenário político, Giovanna está empolgada com o fato de que este ano vai votar pela primeira vez para presidente. “Sou a favor da democracia, então, estou feliz porque vou poder participar ativamente. Acho importante votar, é o nosso papel de cidadão. Estou querendo mudanças. Esse governo que está atualmente não dá, nunca deu. Nunca fui a favor. Então, o que tiver que fazer pra gente mudar essa situação do país, tirar essa pessoa do poder, eu estou nessa linha”, assegura.
Giovanna sempre foi uma jovem tranquila. “Meus pais até deveriam agradecer pela filha que tiveram, porque nunca saí muito, nunca fui de me revoltar. Trabalhei desde novinha. Quando você é uma criança que está na mídia, você já tem uma imagem a prezar, entre aspas, então, nunca tive esse espaço de ser rebelde, de fazer várias coisas erradas. Sempre fui quietinha”, explica ela, cujo primeiro trabalho como atriz, a peça Meu Amigo Monstro, aconteceu aos 7 anos.
“Meus pais falam que eu sempre fui uma criança extrovertida, querendo ser o centro das atenções. Pegava o meu irmão e o vestia do que fosse para apresentar peças para eles quando eles chegavam do trabalho. Então, sempre tive esse espírito artístico”, diz, mas, ainda não tinha noção de que um dia isso fosse se tornar uma profissão. Com sete anos, umas meninas de sua sala começaram a entrar no teatro e ela foi na onda. A professora enxergou nela um potencial e sugeriu que a mãe a inscrevesse em uma agência de atores. Assim, foram surgindo os testes. Na Globo, o primeiro foi para viver a Nina, em Avenida Brasil, que acabou sendo interpretada por Mel Maia.
Giovanna, que participou também das novelas Em Família e Boogie Oogie, passou por um hiato profissional na adolescência. “Teve uma fase em que fiquei sem trabalhar por um tempo e foi difícil pra mim. Eu via que já não dava para fazer papel de criança e para os de adolescente, normalmente escolhiam atores de 18 anos que parecessem mais novos, por questões jurídicas, de não precisar, enfim do juizado de menores. Então, entre os 15, 16 anos meio que fiquei pensando se era para continuar. Acho que não conseguiria largar da arte muito fácil. São só aqueles pensamentos que passam nos momentos meio de desespero. Estava todo mundo estudando para o vestibular. Fiquei pensando se tinha que mudar completamente, fazer designer, Medicina”, comenta ela que ingressou na faculdade de Cinema. Mas trancou a matrícula por conta das gravações de Temporada de Verão.
“Bati o martelo em definitivo quando gravei a segunda temporada de Carcereiros. Nunca vou conseguir deixar essa profissão de lado, porque é o que eu amo. Acredito muito que o amor deva prevalecer também no nosso trabalho”, ressalta.
Igual a outros tantos jovens, ela sonhava em chegar aos 18 anos para tirar a carteira de motorista e pensava em independência. A idade desejada chegou em plena pandemia, em abril de 2020. “Tive uma adolescência superprotegida pelos meus pais e tinha essa visão de que aos 18 eu ia conseguir ser mais livre, fazer as coisas que eu quisesse, aí veio a pandemia e foi literalmente um bloqueio total. Não pude fazer nada, mas aí quando fui gravar Temporada de Verão, fui morar sozinha. Já foi um passo. Durante seis meses tive essa experiência e foi boa. Consegui preparar arroz, macarrão, frango, mas sou péssima na cozinha. Eu pedia muita comida (risos). Espero que com o tempo eu consiga aprimorar os meus dons e a carteira de motorista eu já consegui tirar”, finaliza.
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