Gil e Lula Buarque de Hollanda lançam ‘Gilberto Gil Antologia Vol. 1’ no Festival do Rio: ‘Estou encantado’, diz cantor


Ex-ministro da Cultura, Gil lamentou ataques recentes a diferentes setores por parte de autoridades públicas. “Fico com pena”

*Por Karina Kuperman

Momentos marcantes da carreira de Gilberto Gil entre as décadas de 1960 e 1980 estão retratados em “Gilberto Gil Antologia Vol. 1”, de Lula Buarque de Hollanda. A première do filme foi parte da programação do Festival do Rio, na terça-feira, dia 10, e estreia no canal Curta!, no dia 23. O longa passeia por obras compostas pelo músico baiano entre 1968 e 1987, período turbulento da história brasileira. Nele, Gil revela sua visão de mundo e sua potência criativa em expansão no início de sua carreira. Tudo isso acompanhado de um vasto material de arquivo, obtido pelo pesquisador Antonio Venâncio, que revisita o contexto em que suas músicas foram criadas. Em “Gilberto Gil Antologia Vol. 1”, Gil assiste e reage às 20 canções com registros, programas, festivais, shows, clipes e ensaios. O filme é construído a partir de pesquisa de imagens de arquivo e o contexto das músicas em conversa com o próprio criador.​

Gilberto Gil em sessão première do filme (Foto: Davi Campana)

“A telona dá essa capacidade de amplificação do elemento histórico. No caso de um filme como esse, que é um rosário construído com pontas da história, é… magnífico. Encantado. Agora, ele também entra na história do Gilberto Gil. Tem as músicas todas e agora tem esse filme”, conta o músico, que é ex-ministro da Cultura e, em coletiva, respondeu um questionamento sobre ataques recentes a diferentes setores da cultura por parte de autoridades públicas. “Eu fico comovido com a ilusão deles. Como se iludem tão facilmente no sentido de querer achar que a gente pode esconder a vida atrás de um biombo qualquer, como eles parecem que pretendem. Uma bobagem. Fico com pena”.

Gil e Lula Buarque de Hollanda (Foto: Davi Campana)

O diretor Lula Buarque de Hollanda falou sobre sua preocupação ao conduzir o projeto e ressaltou: “Eu penso muito nas novas gerações, que não tiveram a oportunidade de conhecer Gil jovem, quando lançou as primeiras músicas dele. Então esse filme pensa também muito no futuro, nas próximas gerações”, explica. De fato, aos 77 anos, o formato em que compositor, violonista, cantor e pensador baiano vai tecendo, junto a som e imagens, suas memórias e visões, faz com que o longa seja mais do que uma explicação ou análise, mas uma vivencia. “Busquei uma linguagem cinematográfica que favorece à resposta sensorial: sem legenda, sem linha de questionamento, só mesmo a sequência cronológica com as músicas, e os comentários do artista. Elas foram escolhidas de um cruzamento entre meu olhar para o que é antológico e aquilo que a pesquisa ia permitindo garimpar, encorajado pela minha longa relação com Gil no audiovisual” descreve Lula. “A confiança, a intimidade e a amizade depois de tantos trabalhos, que eu e Lula temos, fizeram com que eu pudesse ficar à vontade e tranquilo, e permitiram que essas coisas perdidas voltassem como se eu as estivesse vendo e ouvindo pela primeira vez. Isso traz grande nitidez para o que eu era naqueles momentos, o que fazíamos, o que sentíamos”, ressalta Gil.

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A sessão para convidados contou com a presença de nomes como Flora Gil, Marisa Monte, Sandra de Sá e diversos outros famosos.