* Por Carlos Lima Costa
Gabi Petry comemora a repercussão da série Passaporte Para Liberdade, produção da Globo com a Sony, gravada totalmente em inglês e dublada especialmente para a TV brasileira. A trajetória profissional da atriz começou aos 13 anos, quando foi para os Estados Unidos e lá estudou e atuou no teatro. Já filmou até no Irã, onde se tornou conhecida por conta dos longas Texas 1 e 2. Com esse cotidiano meio nômade, a vida afetiva foi ficando em segundo plano. E por consequência, o sonho da maternidade também. Mas ter filho ainda é uma meta. Um de seus projetos para 2022 envolve esse desejo. “Estou com 35 anos, vou congelar meus óvulos este ano para ter a tranquilidade de poder ter o meu filho a hora que eu quiser. A medicina está aí ajudando tanta gente. Então, o melhor é congelar e deixar ali quietinho para ser saudável e bonitinho no futuro. Temos essa opção hoje, ainda bem, porque eu adoro criança. Sempre gostei, quero ser mãe, mas até hoje fui focando na carreira. A gente sempre está trabalhando, fala ‘vamos esperar mais um aninho’, encontrar alguém bacana para ser o meu par e pai da criança. Infelizmente, a mulher tem o relógio biológico, os óvulos vão envelhecendo juntos e daí não tem mais o que fazer”, pontua.
E acrescenta que por estar cada hora em um lugar diferente, a vida afetiva ainda é uma incógnita. “Não é fácil realmente. Eu crio vínculos com o trabalho e com os colegas. Relacionamento é muito difícil mesmo, porque uma hora estou morando em um lugar e, de repente, estou em outro. Você não consegue fixar uma fase com ninguém. Passei anos solteira por isso mesmo, mas fiquei de boa. É difícil ficar com alguém sabendo que daqui a pouco você vai estar em outro lugar e essa pessoa tem que entender isso. Estou cidadã do mundo por hora. Essa parte é um pouco complicada, mas uma hora se define”, explica ela, indicando que, em 2022, deve permanecer no Rio, por conta de um projeto profissional.
Nascida e criada em Florianópolis, mesmo quando tem algum trabalho em São Paulo ou no Rio, aproveita os dias de folga e vai para a terra natal, onde está no momento, e mostra total vibração com o resultado da série com direção artística de Jayme Monjardim, em parceria com a Sony Pictures Television. Na trama, Taibele Bashevis, sua personagem, era filha de judeus ortodoxos, e fugiu de casa para cantar em um cabaré para nazistas. A Alemanha de Hitler está distante, mas grupos neonazistas estão presentes no mundo e mesmo no Brasil, onde em sete estados, em dezembro, foram alvos de operação da Polícia Civil. “Nas redes sociais, as pessoas por trás do computador criam personagens, se acham superpoderosas e começam a falar coisas que ofendem. Vivemos uma fase complicada. O mundo está inflamado”, observa.
Gabi se considera uma mulher forte e decidida e já brilhou no SBT, como a vilã Selene, em Carinha de Anjo, e como a professora Sophie, de As Aventuras de Poliana. Seu envolvimento com a música proporcionou a participação em musicais como Haisrpray e Peter Pan e também foi cantora da banda do Domingão com Faustão. Ela assinava como Gabriela Petry, mas quando Faustão a apresentou como Gabi Petry, decidiu adotar o nome artístico. “Meus pais foram os meus maiores incentivadores. Eles são formados em música e eu tenho essa veia artística desde pequenininha. Com quatro anos, eu ficava imitando o sotaque das pessoas. Era até constrangedor, às vezes, para os meus pais. Mas eu não estava debochando de ninguém. Isso faz parte de mim. Às vezes, eu acordava com um personagem e eles achavam o máximo, entravam na brincadeira comigo. Tanto que nos Estados Unidos, onde fiquei dos 13 aos 18 anos, estudei no American Musical Theater”, relembra.
Depois de participar de musicais em Fort Lauderdale, na Flórida, onde morava, Gaby viveu outra experiência internacional como protagonista feminina de dois longa-metragens iranianos, Texas e Texas 2, indicada por um preparador de elenco que havia conhecido no filme O Escaravelho do Diabo. “Os protagonistas do filme, são os dois maiores astros do Irã. Quando lançaram lá, em 2018, foi recorde de bilheteria das comédias iranianas”, observa a atriz, que ficou bem famosa por lá. Devido ao grande sucesso resolveram produzir o Texas 2. Na época, estava gravando As Aventuras de Poliana. Assim, em uma folga de Natal e Ano Novo, acompanhada do pai, foi à República Islâmica e filmou suas cenas.
O segundo longa foi mais um recorde de bilheteria. Assim, lhe procuraram dizendo que iam realizar o Texas 3, 4 e 5. Mas já estava envolvida com Passaporte Para Liberdade (na época, ainda se chamava O Anjo de Hamburgo), cujas gravações iriam terminar em maio. Assim, em junho de 2020, iria novamente ao Irã para filmar o Texas 3, mas daí veio a pandemia em março e cancelou tudo. “Até hoje não voltaram a filmar lá. Estou nessa espera de poder melhorar para fazer as continuações”, conta ela, que na Globo atuou na novela A Regra do Jogo.
As gravações de Passaporte Para Liberdade foram retomadas em fevereiro de 2021, quando ela estava recém recuperada da Covid, que teve em janeiro. “Meu cabelo estava despencando, então, pra mim foi muito ruim, porque na série eu usava um aplique para deixar o cabelo mais cheio. Só que meu cabelo estava tão frágil, que o aplique era um problema. Fiquei quatro meses com essa queda”, lembra ela, explicando que atualmente está bem. “Minha memória ficou comprometida até uns dois meses atrás, quando comecei a melhorar, mas, às vezes, esqueço. Estou conversando e demoro para buscar as palavras. Me sinto um pouco lesada, mas nos últimos dois meses tem melhorado bastante. Seis meses atrás eu não ia conseguir nem dar entrevista”, revela ela.
E conta mais detalhes. “Ainda estou com raciocínio lento. Não fui internada, fiquei em casa. À princípio, perdi ainda o olfato, o paladar e tive uma dorzinha de garganta. Aí comecei a ter esses efeitos colaterais depois. Na verdade, os médicos não sabem explicar direito, está tudo sendo estudado ainda. A Covid gera essa inflamação no nosso sistema. Meu pai, por exemplo, depois de testar positivo para Covid ficou duas semanas sem conseguir andar. O corpo dele tremia”, relata. A mãe, o irmão e a cunhada também ficaram doentes aos mesmo tempo. Mas o emocional não ficou tão abalado por conta do irmão que é médico e todo dia media a saturação. “Ele dizia que estava tudo bem, então, ficamos tranquilos com relação a isso. Em nenhum momento achei que fosse morrer”, assegura.
Sobre a ditadura dos padrões de beleza no Brasil, ela garante que não dá a menor bola para imposições. “Sou bem tranquila. Infelizmente tem mulher que, em vez de se admirar do jeito que é, se olha procurando os defeitos em vez de apreciar as coisas boas. É normal, mulher tem celulite, tem estria. Fazem parte do nosso corpo. Lógico que a gente tem que se cuidar até por questões de saúde. Mas sem paranoias. Às vezes, não faço dieta, nem deixo de comer o que eu gosto por me preocupar se vou engordar um quilo. Se engordo um pouquinho pelo menos eu comi, me diverti”, aponta, acrescentando: “Estou com 35 anos e me sinto mais bonita de quando eu estava com 20”.
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