Acabou de estrear no canal Viva a novela Viver a Vida (2009), com Taís Araújo no papel da protagonista Helena. Esta trama, exibida originalmente às 21h, deixou más recordações para a atriz, que se sentia desconfortável no papel e foi duramente criticada por sua atuação. Inclusive, segundo a própria Taís Araújo já declarou, a verdadeira protagonista da trama era Teresa (Lília Cabral), a vilã. Em 1984, há quase 40 anos, portanto, Manoel Carlos escreveu outra novela com o mesmo nome, Viver a Vida, exibida pela Manchete. Embora oficialmente tratada como minissérie, Maneco a chamou de “mininovela” em entrevista à revista Manchete. Nessa obra, já se podia perceber muitos elementos do chamado “Manecoverso” – o universo característico das tramas de Manoel Carlos.
Conheça um pouco mais da trama de Manoel Carlos que trazia Cláudia Magno (1957-1994) e Paulo Castelli nos papéis protagonistas e que compõe o acervo da TV Manchete, atualmente tido como perdido. Mesmo fotos de “Viver a Vida” dos Anos 1980 são difíceis. A emissora, com menos de 1 ano, ainda não fazia grandes coberturas sobre os seus próprios projetos. Já a trama global dos Anos 2000, tentou emplacar uma vilã criança, vivida por Klara Castanho, uma protagonista negra e uma direção mais contemplativa – marcas de Jayme Monjardim – mas nada disso foi suficiente para resultar em bons pontos de Ibope. A trama foi a de menor audiência do autor, até a chegada de “Em Família“, de 2014.
MANECOVERSO
Os protagonistas da versão de 1984 eram Marcelo (Paulo Castelli) e Maria Eduarda (Cláudia Magno), que se envolviam logo no começo da trama. Mais tarde, Manoel Carlos reutilizaria esses nomes para outro casal, interpretado por Fábio Assunção e Gabriela Duarte em Por Amor. Até onde foi possível apurar, não houve nenhuma Helena nesta minissérie, o que também é uma marca do autor. A trama foi exibida entre 09 de outubro e 14 de novembro de 1984, uma quarta-feira, segundo dados da Revista Manchete da época. A trama marcou a retomada da parceria de Manoel Carlos com Rubens de Falco (1931-2008), com quem havia trabalhado em A Sucessora. Outro elemento presente no “Manecoverso” foi a música “Eu Sei Que Vou Te Amar“, desta vez na voz de Caetano Veloso. Trinta anos depois, essa música seria o tema de abertura de Em Família, última novela de Manoel Carlos na Globo. Nesta novela, a primeira parceria de Maneco com Louise Cardoso, que se repetiria de forma malsucedida em Páginas da Vida (2006). Yara Amaral fez com o autor, “Sol de Verão”, em 1983 e estava de volta nessa. Já Odilon Wagner voltaria a trabalhar com Maneco, em 1997, em “Por Amor”.
Viver a Vida de 1984 não foi um sucesso, mas também não desapontou. Alcançou 7 pontos de audiência em São Paulo, mantendo os índices da sua antecessora, Marquesa de Santos. Hoje, há poucos registros dessa novela, devido à falência da Manchete, mas algumas cenas e a abertura podem ser encontradas no YouTube. A inspiração de Manoel Carlos foi o livro Uma Tragédia Americana, de Theodore Dreiser, que rendeu duas versões cinematográficas: Uma Tragédia Americana (1931) e Um Lugar ao Sol (1951).
“O excesso de horários dedicados às novelas e o esticamento das histórias talvez tenha levado à exaustão. A novela não morrerá nunca; talvez passe por uma depressão de audiência, mas o formato não acabará. (…) Nunca fiz uma novela perfeita. Estou experimentando fazer esta, minha primeira curta” – Manoel Carlos, em 1984.
Foi a segunda minissérie da TV Manchete e o primeiro trabalho de Manoel Carlos após seu desligamento da Globo, em 1983. Talvez seja o projeto do autor com menos personagens. Ele próprio enumerou 12 na época, e a direção ficou a cargo de Mario Márcio Bandarra (1951-2021). Para se ter uma ideia, a versão da Globo ultrapassou os 100 personsagens.
NÃO CONFUNDA OS “VIVERES”
Viver a Vida de 2009, apesar de grandes expectativas, não fez grande sucesso. O público não se envolveu com a história de Helena, interpretada por Taís Araújo, uma top model no auge do sucesso que se sente culpada pelo acidente que tornou Luciana (Alinne Moraes) tetraplégica. Luciana acabou roubando o protagonismo da novela, que, diferentemente de sua homônima, teve mais de 100 personagens. A versão oitentista conta a história do interesseiro Marcelo, que deixou o interior de Minas Gerais e se instala no Rio de Janeiro com o propósito de subir na vida e vive entre dois amores: Marli (Louise Cardoso), moça simples e honesta, e Maria Eduarda (Cláudia Magno), a filha do patrão.
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