*Por Brunna Condini
A modelo plus size Fluvia Lacerda se prepara para estrear a nova temporada do ‘Beleza GG’, reality documental coproduzido pela Manjubinha Filmes e NBCUniversal, que estreia no E! Entertainment nesta quinta-feira (dia 14), às 22h. Ela estará ao lado de Mayara Russi e Nahuane Drumond, que no programa também mostrarão o dia a dia, abordando temas como body positive, quebra de padrões de beleza, moda, entre outros assuntos. Batemos um papo exclusivo com Fluvia Lacerda, que ressaltou o foco ainda maior na potência feminina e na inclusão e que sofrer pressão estética e gordofobia são coisas distintas. “Sofrer pressão estética é bem diferente de ser rechaçada por simplesmente existir sendo uma pessoa gorda”, frisa.
Fluvia ficou conhecida no começo da carreira como ‘a Gisele Bündchen plus size’, e é também a primeira modelo do segmento a ser capa da revista Playboy, além de atuar como modelo internacional. Quebrou tabus, paradigmas e não deixou que o preconceito alheio lhe guiasse. Pelo contrário. Seguiu abrindo caminhos para que corpos fora da ditadura do padrão cobrado pela sociedade existissem e se tornou símbolo de representatividade para muitas mulheres.
Você é um exemplo de mulher potente e bem-sucedida. O que diria hoje para quem está com a autoestima baixa e se esforçando para caber nos padrões? “Sempre saquei que a minha percepção sobre autoimagem diverge da maioria. Sofremos pressões sim, muitos desses processos danosos precisam de muito anos para serem revertidos. Acho que a ideia principal não é devotar energias para se moldar à nada, mas trabalhar em cima de ser justo consigo mesmo. São desconstruções psicológicas e emocionais complexas demais e encorajo que as pessoas façam acompanhamento com profissionais através de terapia. Mas, acima de tudo, é sobre dar um pontapé inicial, se questionando de onde partem essas pré determinações tão castradoras que, no final, parecem convencer legiões de pessoas de que são determinações válidas e idôneas, quando são o mais absoluto contrário”.
E se no reality ela e as colegas vão mostrar suas lutas pelo lema do “body positive” – falando de auto aceitação, apesar de padrões pré-estabelecidos de beleza, em nome da inclusão e da representatividade – na trajetória pessoal, Fluvia conta que nunca deixou que atitudes gordofóbicas a limitassem. “Gorda não é palavrão, é adjetivo. Honestamente, nunca consegui permitir que essas coisas me abalassem. Encaro e confronto, porque elas existem, mas escolhi caminhos que rompem o controle e a intimidação que tentam impor ao invés de me render a eles”, afirma. “Nunca fui de subir em palanque para ficar mastigando o que está errado. Sabemos o que está errado, expomos o necessário e construímos uma nova realidade nos aliando a pessoas que também buscam investir suas energias nesse processo”.
Nesta temporada do ‘Beleza GG’, Fluvia investe em sua coleção de moda praia com o objetivo de quebrar preconceitos e inovar. “Minha coleção nasceu do desejo de adicionar, descomplicar a vida das mulheres na hora de curtir o verão. Sempre acreditei que para mudar as coisas precisamos criar uma nova realidade. Então me dedico para que isso se torne realidade no aspecto de moda praia. O mercado tem muito espaço para crescimento em todos os setores de moda para o público plus size, mas em proporção à demanda, muito pouco é feito direcionado para esse público ainda”, avalia a modelo.
“Gorda não é palavrão, é adjetivo. Honestamente, nunca consegui permitir que essas coisas me abalassem” (Foto: Paulo Guimarães)Bem-sucedida, a modelo de 40 anos, que trabalha há 16 no mercado da moda, comenta sobre a rotina, que tem muitos ganhos, mas conta também com um super exercício de equilíbrio. “Conciliar trabalho e maternidade sempre foi meu maior desafio. Além dos trabalhos como modelo, hoje tenho demandas como empreendedora que me tiram muito do tempo que poderia estar com meus filhos. Isso é algo que sempre trabalhei duro para lidar”, desabafa Fluvia, que é mãe de Lua, 19 anos, e Pedro, 5. “Me dedico para ser uma mãe presente e a mais afetuosa possível. Vivo para vê-los crescerem e se encontrarem nesse mundo tão complicado sem muitos danos emocionais”.
Fluvia comenta sobre os planos de vida: “Terminei o ano de 2020 a todo vapor. A sensação é de que a transição de ano parece ser bem invisível para mim… tenho vários projetos em andamento, entre assinatura de coleções, campanhas e lançamentos de coleções independentes”, revela. E faz um balanço da vida até aqui: “Tive oportunidades únicas que unidas a um senso de percepção apurado me proporcionaram aprender uma vastidão de coisas riquíssimas, me juntando a pessoas incríveis, que somaram muito na minha vida”.
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