*Por Brunna Condini
Euforia e susto. Surpresa e muita, muita felicidade. A mistura de emoções tem dado o tom nos dias de Sabrina Petraglia, desde que soube da nova gestação, em plena pandemia. Mãe de Gael, de 1 ano, do seu casamento com o engenheiro Ramón Velázquez, a atriz conta que a descoberta trouxe esperança para os dias da família. “Não foi planejado. Eu ainda amamento. Meu ciclo desregulou e devo ter ovulado duas vezes no mesmo mês, segundo a minha ginecologista. Na hora, fiquei assustada e não acreditava. Fiquei feliz, muito emocionada, mas com muito medo. A gente está em plena pandemia, não se sabe muito sobre como o vírus reage em grávidas. O que pode acontecer se uma grávida pegar. Pouco se sabe, então dá medo. Fiquei um pouco apreensiva com relação à novela. Vai voltar? Não se sabe quando volta, mas vou estar barrigudinha, e agora? Mas fui muito acolhida pelo Daniel Ortiz (autor) e pelo Fred Mayrink (diretor), e por todo o Departamento Artístico da TV Globo. Eles foram muito legais comigo e me deixaram muito tranquila. Agora é só curtir”.
A atriz vive a empresária Micaela em “Salve-se quem Puder”, trama das 19h da TV Globo, que teve suas gravações interrompidas por conta da pandemia da Covid-19, e segundo a assessoria da emissora, ainda não tem previsão de retorno. Já sabe o que vai acontecer com a personagem? “Não tenho ideia do que o Daniel vai aprontar para a Micaela. Eu amaria gravar a novela inteira grávida. Estou enjoada, sim, mas está acabando, estou bem-disposta. Adoraria gravar, trabalhar, amo meu trabalho. Mas, como sou grupo de risco, acho que não será possível. A Globo está muito responsável e tomando todos os cuidados. Ainda está tudo muito incerto, não posso afirmar o que será”, divide.
Está preparada para abrir mão da Micaela? “Adoraria não estar em plena pandemia e gravar grávida. Gostaria que a Micaela ficasse grávida do Bruno (Marcos Pitombo) ou que rolasse um suspense. Mas, infelizmente, acho que não será possível. A doutora Cátia Chuba, minha médica, me orientou e alertou sobre todos os cuidados. Acredito que eu volto dando um desfecho para a Micaela, mas ainda não sei. Tenho uma vida sendo gerada dentro de mim, que é muito preciosa. Sempre agarrei com unhas e dentes as oportunidades, mas diante desse milagre que está acontecendo dentro do meu corpo, não tem como ficar triste”.
Com amor, para os filhos
Aos 37 anos, a paulista garante que vem tomando todos os cuidados necessários por conta do Coronavírus, se mantendo em isolamento social desde o início da pandemia, saindo somente o indispensável. E compartilha como tem lidado com o lado emocional. “Estou muito sensível e essa coisa do confinamento me deixa um pouco ansiosa e apreensiva. Estou com uma terapeuta, psicanalista, me cuidando e esse acompanhamento está sendo fundamental. Não parei de meditar. Alguns dias, não consigo. Quando Gael dorme, tenho que correr com as coisas da casa. Tento tirar cinco minutinhos para mim antes de dormir. Mesmo com a casa caindo, tento tirar alguns momentos só meus, para um banho mais demorado, uma série que comecei a assistir, da Globoplay (“Kidding”), com o Jim Carrey, que amo. Meu marido é muito presente e tem me ajudado para que fique tudo bem”, diz. E completa: “A gente fica um pouco apreensiva, com medo desse vírus. Mas estou mais calma em relação a isso. No primeiro e segundo mês, fiquei mais nervosa, com muito medo. Mas agora já me acalmei”.
Ela revela que o bebê que chega deve nascer no início de 2021, e comenta sobre a escolha dos nomes. “A data provável de parto é dia 8 de janeiro. Não temos ideias de nomes. Gosto muito de Maya para menina. Se for menino, não tenho ideia. Mas gosto muito de Romeo, Valentim. Nomes que me vieram na cabeça, mas ainda não conversei sobre isso com o Ramon. Vamos esperar saber o que é para começar a sonhar com o nome”.
Já pensou, que esse novo filho vai nascer em um momento histórico? Não necessariamente dos melhores, é verdade. Pensa em fazer algum tipo de registro para ele e para o Gael, que é tão pequeno? “Eu e Ramon fizemos um vídeo para o Gael contando desse momento. Está sendo tão difícil. Momento crítico da saúde mundial, difícil politicamente no Brasil. Fizemos um registro de todos esses problemas e do lado bom, de ter ficado tão pertinho com ele. Ter visto os primeiros passos, ele falar. Quando Gael fez um ano, gravamos o vídeo. Já estava grávida, mas não sabia”, lembra. “E pensamos em fazer mais um contando desse momento difícil, mas cheio de esperança. Como foi a notícia da nossa gravidez. Dessa nova vida a caminho do mundo e, quem sabe, essas nossas crianças não façam algo para o mundo, para no futuro ser melhor. Algo que não estamos conseguindo fazer. Quero gravar um vídeo para esse novo filho ou filha”, planeja a atriz.
Mais do que um registro amoroso para os filhos, Sabrina, que também é formada em jornalismo, pensa na possibilidade de ter um meio para dividir experiências: “Amo atuar, mas a aventura da maternidade é tão ampla que está me dando vontade de fazer alguma coisa em relação a isso. Não sei ainda o quê. Preciso amadurecer, mas estou escrevendo. De repente um canal de conversa com outras mães. Gosto muito da ideia de compartilhar, trocar histórias e experiências. Isso é muito rico. Não quero fazer um canal contando só as minhas experiências. Talvez seja como uma condutora de um programa que compartilhe experiências. É uma ideia que tenho, mas não sei quando vai acontecer. De repente, fique só na ideia, talvez nas minhas redes sociais. Ainda é muito vago, mas passa pela minha cabeça”.
Você saiu do puerpério, voltou ao trabalho brevemente, veio a pandemia e agora uma nova gravidez. Acha que isso estava “escrito” para ser assim, para que se dedicasse aos dois filhos juntos, ser mãe integral neste período? “Olha, sempre acho que o que é para ser tem mais força. Temos o livre-arbítrio e nossas escolhas, mas têm coisas, que quando “são para ser”, acontecem mesmo”, opina. “Antes de encontrar o Ramon, não pensava em casar e ter filhos. Mas depois de conhecê-lo, essa vontade aconteceu, porque ele é um parceiro incrível. E me deu muita vontade de formar uma família com ele. De educar. É maravilhoso formar uma família com uma pessoa tão especial que a gente escolhe muito consciente. Não casei nem engravidei no susto. A não ser agora (risos). Vai ser maravilhoso e incrível esse momento. Queríamos ter três filhos, esse era o objetivo, mas não sei. Um de cada vez”.
Já consegue avaliar que tipo de mãe você é? “Não sei ainda. Me descubro todos os dias com relação ao Gael. Acho que sou uma mãe de escuta. Observo muito o Gael e tento potencializar tudo que ele me dá. Tento descobrir o que ele gosta. Como ele gosta. E fazer as coisas do jeito dele, mas estimular e apoiá-lo. Sou um tipo de mãe ouvinte. Com serenidade para ouvir, que não vai impondo as coisas. Tentar pegar pistas. Pretendo ser assim com os dois. Não quero fazer diferente”. E também comenta sobre a expectativa de ter um filho seguido do outro. Assustou? “Sim. Fiquei apavorada. Pensei: “Meu Deus! Como? Como vou fazer com dois?”. Mas conversei com tantas mães que tiveram seus filhos pertinho. Acho que no começo é puxado, mas depois de um ou dois anos é só alegria”.
Sabrina celebra a potência transformadora da maternidade. Com um filho recém-chegado ao mundo e outro ainda sendo gerado, ela tem feito o exercício de estar atenta às suas escolhas, para que contribuam para um mundo melhor, com mais empatia, e deseja forte transformações. “Eu espero que tudo melhore. Que toda essa situação que estamos vivendo passe e que a gente, como planeta, consiga refletir, mudar, ter mais paciência, compaixão, serenidade, presença no tato com o outro. Que o preconceito e a desigualdade fiquem para trás. É muito feio ainda existir isso em 2020. Que a gente mude e os tempos melhorem. Que eu consiga criar meus filhos da forma real e possível. Que a gente cresça fortalecendo nossos laços aqui em casa. Que eu continue trabalhando, porque amo meu trabalho e não vou parar de trabalhar. Muita saúde para todo mundo. Que a política do nosso país melhore. Dias melhores e um dia de cada vez”.
Se fosse deixar aqui registrado desejos para seus filhos, neste mundo que se abre, pós pandemia, quais seriam? “Que eles sejam quem eles vieram ser nesse mundo. Que eles assumam suas vontades, desejos e que evoluam como seres humanos. Que sejam generosos, que tenham compaixão e muito amor dentro de casa sempre, para espalhar isso para o mundo. Temos muito amor aqui dentro, então, que a gente consiga espalhar isso. Que eles levem todo carinho e amor. Estamos passando momentos tão importantes com o Gael. Talvez ele não se lembre, mas em algum lugar, tenho certeza que esse amor e carinho ficarão registrados para que ele perpetue isso fora de casa”.
Que seus desejos sejam atendidos, Sabrina.
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