*Por Brunna Condini
Em 2020 uma pandemia atingiu o mundo separando as pessoas em suas casas (para quem tem casa) e cada um em seu universo pessoal. Se isolar do outro para sobreviver virou uma espécie de lema. Ainda vivemos a epidemia da Covid-19 com números alarmantes e mortes galopantes. Ainda precisamos nos afastar do outro para que ele exista e nós também, mas nunca foi tão importante falar de amor e amar, mesmo que muitas vezes ainda à distância. E Fernanda Lima também sofreu uma grande dor ao perder o pai para Covid-19. Ela e Rodrigo Hilbert – um dos casais mais admirados do meio artístico – arrumaram forças para levar uma vibe de “de carinho e leveza ao público” no programa que estreia hoje, às 21h30, no canal GNT, batizado ‘Bem Juntinhos’.
“A gente vai cozinhar, plantar e se inspirar para dar vazão a ideias novas. O programa vai ter dicas de receitas, de leitura e de serviços bem práticos de como manter o lar”, conta Fernanda. “A gente também vai dialogar, compartilhar experiências, ouvir opiniões, reformular conceitos e, por que não, mudar de ideias”, complementa Rodrigo.
https://youtu.be/Hb4ekBG51UQ
Um dos acontecimentos que vai estar no programa já rendeu memes e muita repercussão para Hilbert: a cerimônia religiosa que o casal fez para celebrar a união durante a quarentena. Ele tem fama de ‘homem perfeito’, que cozinha, cuida dos filhos, constrói e, agora, construiu nada mais, nada menos, que uma capela onde se casou, em cerimônia íntima, com a apresentadora. A pequena igreja foi feita dentro do terreno da propriedade do casal e a cerimônia contou com a presença dos filhos.
Após 19 anos juntos, filhos – os gêmeos João e Francisco, de 12 anos, e a caçula, Maria de 1 ano e meio – uma casa no campo, programas individuais de sucesso, eles vivem a primeira experiência de trabalho no comando em dupla. A ideia é trazer temas inspiradores nos episódios, mas tudo de forma franca, direta, aliás, uma especialidade da própria Fernanda desde que pilotou algumas temporadas do programa ‘Amor e Sexo’, na TV Globo.
Em 15 episódios, eles levam amigos e especialistas para falar de questões simples, mas presentes na vida cotidiana, como casamento (tema do programa de estreia), maternidade, ansiedade, medos, sexualidade e por aí vai. Hilbert confessa que deixa Fernanda, que também assina o roteiro, comandar mais as conversas, e prefere ficar na cozinha e nos ‘pitacos’.
“Na verdade, ele diz que não, mas fala bastante também (risos). O programa é um projeto experimental e nós nos entregamos bastante. A ideia surgiu no meio dessa pandemia que foi um processo muito louco. Tem sido muito triste, profundo para todas as famílias. No meio de todo esse processo ainda perdi meu pai – Cleomar Lima morreu em decorrência de complicações da Covid-19 – e nós, como tantas outras famílias que perderam seus entes queridos, ficamos muito abalados, mas muito unidos”, conta a apresentadora.
E acrescenta: “Ficamos seis meses em nosso sítio, em Teresópolis, e ali começamos a sentir uma vontade de conversa, de escuta, de troca. E mesmo sabendo de todas as impossibilidades foi surgindo um embrião, com esse nosso desejo. Foi muito bonita a forma que esse projeto surgiu, verdadeira. Foi até terapêutico. Durante o programa, fizemos revelações que nunca tínhamos feito em casa (risos). Mas isso só contamos lá”.
Fernanda perdeu o pai em julho de 2020, após mais de 100 dias de internação lutando contra o novo coronavírus. “Muita gente se identifica com essa dor e a minha não é mais forte que a de ninguém. A morte nunca foi um tabu para mim. Mas para as crianças foi bem assustador. Foi difícil para todos. Foi o primeiro contato dos meus filhos com a morte. Eles eram muito ligados ao avô. Mas estavam preocupados comigo e eu dizia para eles deixarem a dor vir”, disse ela, em entrevista recente.
“Meu pai foi das primeiras pessoas que ouvi que foi infectado no início de março de 2020. Ele achava que não ia pegar e que era uma ‘gripezinha’ e eu tentando fazer ele me ouvir. Quando ele se recolheu, já estava infectado e a coisa ficou um pouco mais grave. A minha vontade era de gritar. Era uma revolta grande, apesar de toda dor. Tive raiva da gente não estar conseguindo informar corretamente as pessoas. Delas não estarem acreditando na gravidade da pandemia. Meu pai era uma pessoa muito engraçada, amada, carinhosa”.
No processo de luto, a apresentadora se refugiou na família, no desenvolvimento do novo projeto e na troca: “Compartilhar com as pessoas nas redes o que estava me ajudando a superar aquele pesadelo, como a respiração, que sempre me ajudou muito, me fez ter muito retorno delas, que passavam por dores semelhantes, diferentes, gente de idades diversas. Um jeito de ampliarmos nossa voz na internet de forma útil”.
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