Em papo animado com o site HT, Fernanda de Freitas fala sobre personagem racista em “Mister Brau” : “O pior é que essas pessoas existem”


A atriz, de 36 anos, ainda garantiu que não é muito adepta das redes sociais: “Eu tenho pavor! Na primeira coisa que eu li, eu relatei que não tinha a menor condição emocional de acompanhar. Eu achei muito agressivo. Eu particularmente eu não gosto. Eu fico chateada, eu choro. Então, eu prefiro não participar”

Fernanda de Freitas assumiu de vez sua veia cômica nas telinhas e não esconde isso de ninguém. Emplacando a segunda temporada de “Mister Brau” e vivendo a preconceituosa Andreia, a atriz, que também ficou quatro anos no humorístico “Tapas & Beijos”, comemora o sucesso da série, que ressalta a força da cultura negra no país. Em entrevista ao HT, a loura ressaltou a importância de sua personagem, já que traz à tona o debate das minorias para a sociedade brasileira.

“A Andreia é um ponto importante para a trama, porque, mesmo com toda a arrogância, ela abre espaço para a gente discutir isso em rede nacional”, contou. “Não imaginava o sucesso. A gente nunca imagina que vai ser um fracasso, na verdade (risos). Meu primeiro sucesso na Rede Globo foi ‘Tapas e Beijos’. Antes dele, eu só tinha feito fracasso. Lembro que quando fiz ‘Bang Bang’ (2005), todo mundo falava que a novela ia ser um estouro. E acabou que não aconteceu como as pessoas esperavam”, comentou.

Fernanda Freitas (Foto: Divulgação)

Fernanda de Freitas (Foto: Divulgação)

Na série, Andreia é especialista em atacar os personagens de Lázaro Ramos e Tais Araújo com frases carregadas de racismo. Segunda a atriz, nem ela mesmo acredita nas barbaridades ditas pela megera durante as gravações. “Eu tenho falas horrorosas. A gente dá risadas e eu comento: ‘se fosse uma personagem de uma novela das nove, eu provavelmente iria estar apanhando na rua”, brincou a atriz. “Ela é completamente racista, preconceituosa, elitista, etc. Ela tem preconceito com a própria empregada. Ela tem preconceito contra os negros, contra os pobres, enfim, contra tudo. Andréa é completamente preconceituosa. Eu acho que o Brau (Lázaro Ramos) e a Michele (Taís Araújo) tem uma vida tão interessante que vão quebrando um pouco a história da Andreia. No fundo, no fundo, ela queria ser a Michele”, disse ela.

Questionada sobre a importância da televisão para quebrar barreiras de pensamentos ainda retrógrados, Fernanda foi implacável: “É muito importante a gente discutir isso na televisão. Assim como ter os personagens gays nas novelas. Hoje em dia todo mundo pode exercer sua orientação sexual. É tão natural que o fulano namore o fulano e a sicrana namore a sicrana, quando qualquer outra formação de casal. E ninguém tem nada a ver com a vida sexual de ninguém. Eu acho um absurdo as pessoas discutirem ou ficarem ofendidas por conta de com quem eu me deito, como eu faço sexo. As pessoas são livres. E a gente tem que respeitar. O pior é que existem pessoas com essas cabeças fechadas. E nós estamos retratando no seriado”, avaliou.

A atriz no remake da "Escolinha do Professor Raimundo" (Foto: Divulgação)

A atriz no remake da “Escolinha do Professor Raimundo” (Foto: Divulgação)

Fernanda, que há pouco tempo também ficou responsável por dar vida à Marina da Glória, personagem vivida por Tássia Camargo nos anos 90 na “Escolinha do Professor Raimundo”, contou ao HT que tentou copiar ao máximo todos os trejeitos da atriz na releitura do programa que foi ao ar pelo Canal Viva e na Rede Globo. “Assistimos muitos aos vídeos, estudamos. Não tentamos colocar nada nosso, tentamos copiar mesmo, porque já são outros atores, nossos rostos e vozes já são diferentes. Até o Ricardo Waddington (diretor) nos orientou assim. Fizemos sete episódios agora, quem sabe mais sete no ano que vem? Nós ficamos muito satisfeitos e felizes em participar desse trabalho”, comemorou Fernanda, que deixou no ar uma possível volta do programa criado por Chico Anysio.

Apesar de ter começado a carreira em 1999, na novela “Terra Nostra”, ainda há quem confunda a moça com a atriz Deborah Secco. “As pessoas continuam me comparando com a Deborah. Eu agora tenho Instagram, mas quando eu posto foto minha tem lá: ‘nossa, você é a cara da Deborah Secco’. Eu acho que essa parte não mudou. A gente continua muito parecida. E as pessoas continuam falando”, avaliou ela, que ainda comentou sua relação com as redes sociais. “Eu tenho pavor! Eu lembro que eu estava em ‘S.O.S Emergência’ (2010), e, criaram uma conta no Twitter do longa e pediram para o elenco acompanhar. Meu Deus! Na primeira coisa que eu li, eu relatei que não tinha a menor condição emocional de acompanhar. Eu achei muito agressivo. Eu particularmente não gosto. Eu fico chateada, eu choro. Então, eu prefiro não participar”, pontuou.

Fernanda e Lázaro Ramos na primeira temporada de "Mister Brau" (Foto: Divulgação)

Fernanda e Lázaro Ramos na primeira temporada de “Mister Brau” (Foto: Divulgação)

Mas apesar de viver uma vilã, muito bem-humorada, em “Mister Brau”, Fernanda garantiu que o assédio nas ruas continua bem tranquilo. “Até agora eu não ouvi nada tão agressivo em relação à personagem. Dizem que ela é bem chata. O que eu ouço bastante por sinal: ‘ela é bem chata!’. Eu acho que as pessoas prestam mais atenção na série de uma forma geral do que nos preconceitos dela”, finalizou a atriz.