A relação de Fabíula Nascimento com a Bahia é de outros carnavais. Com a nova novela das 21h ‘’O Segundo Sol’’, que estreia nesta segunda-feira, 14, a atriz retorna às terrinhas do Olodum na pele da independente Cacau. Esta é a segunda oportunidade que Fabíula tem de interpretar uma baiana. Em 2013, ela foi Marina, uma mãe de santo, na minissérie ‘’O Canto da Sereia’’ – que teve direção de José Luiz Villamarim e Ricardo Waddington. Para ela, é uma honra poder incorporar novamente as características desse povo cuja energia é tão única. ‘’Eu amo muito a Bahia. Eu vou para lá há 10 anos. É uma terra encantada, as pessoas são encantadoras. É uma alegria poder representar uma baiana, esse sotaque que é delicioso, essa liberdade que eles tem”, conta. A atriz ainda brincou que só falta ter uma casa na região para completar o pacote.
No entanto, nem tudo são flores. Apesar da alegria, a preparação para a personagem foi intensa. O sotaque, reconhecido pela fala um tanto quanto cantarolada, foi a parte mais difícil na hora de se transformar em Cacau. ‘’É bem trabalhoso. Eu me dediquei bastante a isso e espero, nem que seja só um pouco, chegar bem pertinho do que é a Bahia, do que é uma mulher baiana em todos os aspectos’’, afirma. O sotaque não vai ser a única coisa diferente na atriz. Afastada da televisão por um ano, Fabíula apresenta agora uma silhueta mais esguia. No entanto, ela afirma que não é adepta de dietas. ”Eu como o que eu quiser, mas eu tento segurar a minha onda. Mudanças não são rápidas e quando são é por conta de remédios. Não gosto disso. Como tive tempo para me dedicar, acabei descobrindo exercícios novos e me dediquei a questões pessoais. Isso alivia e contribui muito também.”
Na trama, escrita por João Emanuel Carneiro, a atriz vai interpretar a irmã de Luzia, protagonista interpretada por Giovanna Antonelli. Logo nos primeiros momentos, já é possível perceber a garra da personagem Cacau, que se muda para Salvador em busca de uma vida melhor e começa a trabalhar como cozinheira na casa da família milionária Athayde Severo. Cheia de atitude, a empregada não se deixa abalar por nenhum obstáculo e mantêm a pose até quando se vê encarregada de cuidar dos dois sobrinhos, Manuela, papel de Luísa Arraes e Ícaro, de Chay Suede, após a fuga da irmã Luzia. Para Fabíula, a resiliência de Cacau é um traço feminista da personagem. ‘’Ela tem um quê de feminismo. E se não tivesse, eu colocaria porque esse é o momento para se falar sobre o assunto’’, dispara.
Apesar de ser sagaz quando o assunto é vencer na vida, a orgulhosa Cacau não tem a mesma sorte na vida amorosa. Ao ser contratada como funcionária pela família Athayde Severo, ela se relaciona com dois homens da casa: o patrão Edgar, interpretado por Caco Ciocler, e o motorista Roberval, interpretado por Fabrício Boliveira. Após um excesso de raiva gerado por ciúmes, Roberval conta aos donos da casa sobre o romance da moça com Edgar. De acordo com a atriz, que prefere não revelar muito para manter o suspense, a relação dos dois será marcada por muitos altos e baixos. ‘’Nada é tão simples assim, né? As coisas vão acontecendo, a vida vai passando a perna na gente, coisas acontecem. Então, é realmente uma existência normal. Cheia de surpresas e situações’’, conta. Fabíula ainda completou: essa é a graça do seu ofício de atriz. ‘’Eu sempre faço um trabalho e jogo esse processo para a tela. Eu amo que o público em casa pode decidir, julgar, olhar e se identificar com aquela história junto a mim. Isso que é o mais interessante’’, afirma.
Apesar de ser uma personagem fictícia, Cacau é uma representação de muitas brasileiras e brasileiros, que enfrentam a crise econômica que aflige o Brasil desde 2014 com muito trabalho e suor. Assim como todos esses trabalhadores, a empreendedora baiana, que sempre teve facilidade com os negócios, não arreda o pé facilmente. ‘’Ela é muito guerreira e não se amedronta com pouca coisa, não. Acho que se ela perdesse o espaço de trabalho, faria tudo de dentro da casa, assim como muitas pessoas por aí que são extremamente dedicados e buscam dar a volta por cima sempre’’, ressalta. Segundo a atriz, a oportunidade de interpretar mulheres tão reais e fortes como a Cacau transforma a visão de mundo dela. ”Ser atriz aguça todos os meus sentidos, eu trabalho muito com observação. Trabalhar com o que é real é maravilhoso”, disse.
Coincidência ou não, a personagem é ‘’O Segundo Sol’’ da atriz. Em 2014, Fabíula fez parte do elenco de ‘’Avenida Brasil’’, outra grande obra de João Emanuel Carneiro exibida em 2012, como a exuberante Olenka. Com Cacau, o duo marca a sua segunda parceria, novamente, em clima de alegria. ‘’É uma delícia estar com ele de novo. É uma novela tão legal. Avenida Brasil foi muito marcante para mim também e agora essa é mais uma chance de estar fazendo parte de uma obra dele. Fico muito feliz’’, conta.
O clima entre os companheiros de cena não difere muito, transformando o ambiente de trabalho em um paraíso para a atriz. ‘’Tem tanta gente que eu gosto dentro dessa novela. Eu estou rodeada de amor e de amigos. Vários meninos talentosos e dedicados, como Chay e Luísa, meu parceiraço Fabrício Boliveira, Clara de Moura, essa atriz baiana maravilhosa cujo talento vai surpreender vocês. Eu estou simplesmente no céu’’, declara. Os amigos, porém, não são os únicos responsáveis pela alegria da intérprete de Cacau nos sets de gravação. Juntos há um ano e meio, Fabíula divide pela primeira vez a cena com o namorado Emílio Dantas, que interpreta o protagonista Beto Falcão. Segundo ela, o casal vive trocando figurinhas profissionais. ‘’Ele se mete no meu trabalho o tempo inteiro. Ele ama’’, brinca a atriz. Mas ela aconselha: ‘’A gente não leva o trabalho totalmente para casa. A gente tem o nosso momento. Vamos trabalhar? Vamos. Mas depois vamos focar em outras coisas da nossa vida porque é importante ter isso’’, afirma.
No entanto, elogios à parte, a novela nem sempre foi vista com bons olhos. Após a liberação do primeiro teaser da trama pela emissora, a polêmica tomou conta da atmosfera alegre da produção. Devido à ausência de negros em uma trama que se passa em um estado cujo 80% da população é composto por pardos e negros, ‘’O Segundo Sol’’ foi alvo de críticas nas redes sociais, iniciando um debate sobre a representatividade negra. Para Fabíula, essa questão precisa ser discutida além da esfera artística. ‘’É um aspecto que tem que se pensar mesmo. Não só na novela, acho que em tudo. O negro está presente em tudo. Ele poderia fazer qualquer papel dessa novela, mesmo. O que eu acho, que me deixa feliz, é que a gente abre uma discussão e a gente quer elevar essa discussão para que isso seja tratado com mais seriedade em todas as novelas, em todas as séries, em todos os lugares. Todo mundo tem que ocupar tudo’’, declara.
Com estreia marcada para hoje, ‘’O Segundo Sol’’ vai retratar a trajetória que as pessoas enfrentam em busca de recomeços. Assim como na vida real, a história de Cacau será cheia de contundências, surpreendendo a todos a cada semana. ‘’É muita coisa, menina. São muitos altos e baixos. Ela não é 100% má nem boa. Tem muita coisa para acontecer. Vai ter muita surpresa por aí ainda. Eu me surpreendo, então imagino que vocês vão também’’, diz. A atriz ainda completou com um desejo: ‘’Espero que as pessoas também se apaixonem pela novela assim como nós estamos apaixonados’’, disse. Agora só resta esperar o primeiro capítulo, né?
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