Exclusivo! Ricardo Pereira comemora vilão em “Liberdade, Liberdade” e comenta cenas ousadas com Caio Blat: “Não vejo nenhum problema no beijo gay na TV”


Apesar de viver um homem rígido na trama, o ator adianta que seu personagem descobrirá uma possível homossexualidade. “Acho que o horário permite que você possa ir mais afundo nas cenas e na abordagem dos temas”

Quem está acostumado a ver Ricardo Pereira dando vida a mocinhos e heróis na dramaturgia brasileira ainda vai se surpreender muito com o ator português. No ar como o controverso Capitão Tolentino, de “Liberdade, Liberdade”, o galã encara o desafio de interpretar seu primeiro vilão gay em novelas e comemora a oportunidade de poder usar seu sotaque genuinamente lusitano em doze anos de Rede Globo. “Finalmente estou tendo que usar o meu português de Portugal aqui no Brasil”, disse ele, aos risos. “A novela está linda, é um trabalho que está dando o maior orgulho de fazer, sabe? É uma novela feita com muito cuidado e com muito detalhe, já que se trata de uma reconstrução histórica do que era o Brasil naquela época. Além de ficção, também conta uma passagem importantíssima do país e de Portugal”, apontou.

Ricardo Pereira (Foto: Divulgação)

Ricardo Pereira (Foto: Divulgação)

“Essa novela não só me dá a oportunidade de, em 12 anos, fazer um trabalho com o meu sotaque, completamente original, mas também de entrar de cabeça nesse vilão, que realmente não é tão comum na televisão. ‘Liberdade, Liberdade’ é o trabalho mais distante de tudo que já fiz. Diferente não só fisicamente, mas de dar vida a esse cara completamente cru e sem piedade nenhuma. Uma oportunidade dessas me faz crescer muito enquanto ator. A gente só deseja que esses personagens sejam fortes e consistentes para passar uma verdade.”, afirmou.

Ricardo, que é pai de Vicente (4) e Francisca (2), frutos de seu relacionamento com Francisca Pereira, conta que a família é o lugar que ele procura para fugir da vilania de seu personagem. “Fazer um personagem desses mexe muito com o emocional do ator. A gente acaba sendo contagiado por tudo um pouco. Ao construir um personagem você não desliga um botão e vai embora. Essa tensão sempre fica. É preciso às vezes respirar sair e digerir tudo isso. A energia é meio pesada. Eu tento botar uma música no carro a caminho de casa, e ser absorvido logo pelo mundo dos meus filhos”, afirmou.

Ricardo Pereira e a esposa, Francisca (Foto: Bruno Ryfer)

Ricardo Pereira e a esposa, Francisca (Foto: Bruno Ryfer)

Na trama escrita por Mário Teixeira, o temido Capitão Tolentino enfrentará um conflito interno no momento em que descobrir que se sente atraído fisicamente por André, personagem de Caio Blat. Por ser um homem rígido e cheio de preconceitos, ele não vai aceitar tão fácil sua condição. “Ele em um determinado momento descobre que talvez possa ter uma orientação sexual diferente. A homossexualidade era considerada doença naquele época. As pessoas eram levadas para a forca. A gente está lidando com um cara que é um vilão, mas ele vai ter muitos conflitos com suas próprias verdades. Tolentino é daqueles personagens que são um presente pro ator”, reconhece ele, destacando que acredita que o beijo gay não deveria ser um tabu em nossa sociedade. “Acho que o horário permite que você possa ir mais afundo nas cenas e na abordagem dos temas. Eu, enquanto ator, não vejo nenhum problema quanto ao beijo gay na televisão. Eu estou a disposição do que for escrito para mim”, concluiu o ator.

O ator como o Capitão Tolentino, em "Liberdade, Liberdade" (Foto: Divulgação)

O ator como o Capitão Tolentino, em “Liberdade, Liberdade” (Foto: Divulgação)

Questionado sobre o cenário político do país, o ator não levanta bandeira, mas ressalta que deve haver respeito entre as pessoas. “Nós, sendo pessoas públicas, temos que tomar mais cuidado para não influenciar opinião alheia. Cada um tem que ter seu posicionamento, não só com sua opinião sobre o país, mas também da forma que vai expor essa opinião, respeitando a todos. Cada um é dono do seu nariz e livre pra fazer o que deve fazer. Mas o respeito é fundamental”, finalizou.