Exclusivo! Rachel Griffiths esteve no Brasil para divulgar o longa “Mammal” e a gente conversou com ela: “Não é um filme fácil para a audiência”


A atriz se disse surpresa com o choque cultural que sentiu ao chegar em Gramado. Ela afirmou ser uma apaixonada pelas belezas naturais do nosso país, mas ao chegar na Serra Gaúcha se sentiu praticamente em casa.”As pessoas são lindas e solares. Eu amo a arquitetura e a natureza. Mas, hoje, quando abri a janela, eu me senti na Alemanha”

A atriz australiana Rachel Griffiths teve uma passagem relâmpago pelo Brasil, mais precisamente pelo Festival de Cinema de Gramado, para divulgar seu último filme “Mammal”. Vencedora do Globo de Ouro pelo famoso seriado da HBO “A Sete Palmos” e indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo drama “Hilary & Jackie”, ela visitou o Brasil para apresentar o longa ainda inédito na programação paralela do evento em parceria com o Festival de Sundance, maior evento do cinema independente dos Estados Unidos. Dirigido por Rebecca Daly, a história gira em torno de Margaret, uma mulher solitária que abandonou o filho há muitos anos, mas quando descobre que o garoto faleceu, adota um jovem encrenqueiro, interpretado por Barry Keoghan, com quem tem uma relação nada ortodoxa.

Atriz australiana Rachel Griffiths protagoniza o filme ‘Mammal’. (Foto: Edison Vara / Pressphoto)

Atriz australiana Rachel Griffiths protagoniza o filme ‘Mammal’. (Foto: Edison Vara / Pressphoto)

O longa aposta no realismo, sem trilha sonora nem iluminação muito artificial. As atuações são muito boas, embora o relacionamento doentio entre a mulher adulta e o garoto adolescente tenha incomodado alguns espectadores. Em entrevista exclusiva ao HT, Rachel Griffiths comentou sobre sua personagem, além de se mostrar surpresa por sua percepção do país. “Não é um filme fácil para a audiência. É a história de uma personagem alienada dela mesma como mãe e como mulher, que precisa se reconstruir após diversas perdas. De várias maneiras, a personagem é limitada em sua introspecção. Eu já fiz papeis que eram bem seguros, que falavam bastante sobre seus sentimentos. Mas Margaret é bastante mutilada emocionalmente, o que foi desafiador. Ela não reflete muito sobre as suas escolhas de vida”, explicou a atriz, em Gramado.

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Rachel e o jovem ator Barry Keoghan no filma "Mammal" (Foto: Divulgação)

Rachel e o jovem ator Barry Keoghan no filma “Mammal” (Foto: Divulgação)

Para compor a personagem, Rachel adiantou que fez diversas pesquisas com mulheres que, por diversos motivos, tiveram que abandonar seus filhos. Além do tema recorrente, o longa ainda levanta a questão de mulheres que sofrem depressão pós-parto. “Não quis ser rasa ao abordar temas tão profundos da nossa sociedade. Fiz laboratórios com mulheres que tiveram depressão pós-parto, que é o caso desta personagem. Porque muitos casos de abandono estão ligados à depressão. Essas mulheres se julgam mães ruins e acreditam que as crianças realmente estarão melhores se afastadas delas. Vivemos em um tempo em que a mídia e algumas celebridades falam da maternidade como o melhor momento possível de uma vida. Mas não é assim para todas as mulheres. Para algumas, o amor pelo bebê vai crescendo. Outras se sentem estranhas. Elas não conseguem se conectar com o bebê. Quanto à interpretação, acredito que devo muito à diretora. Rebecca tem um olhar detalhista”, adiantou ela, que ainda falou sobre as dificuldades de realizar algumas cenas.

Rachel Griffiths visitou o Museu do Festival de Cinema, em Gramado (Foto: Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto)

Rachel Griffiths visitou o Museu do Festival de Cinema, em Gramado (Foto: Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto)

Por ser uma personagem muito introspectiva, Rachel teve que observar seus movimentos na hora de dar vida a Margareth. “Sou muito comunicativa e uso muito as mãos, mas minha personagem é uma mulher fechada. Por isso, a diretora me conduziu a uma atuação mais contida”, adiantou ela, que em determinada cena mergulha em um lago em pleno inverno irlandês. “Esse filme tem muitas sequências interessantes em que o público certamente vai se recordar. Mas tiveram diversas cenas muito difíceis de filmar e que não foram nada agradáveis. A personagem tem uma fase emocional muito forte e você nunca tem um bom dia de trabalho após isso. Mas a cena que eu precisei nadar no lago foi desafiadora. Os paramédicos me aconselharam a ficar na água por apenas cinco minutos e era preciso medir minha temperatura a todos instante. Foi assustador”, recordou a estrela.

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Atriz australiana ficou encantada com a cidade na Serra Gaúcha (Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto)

Atriz australiana ficou encantada com a cidade na Serra Gaúcha (Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto)

Apesar de estar emplacando diversos sucesso nos cinemas como “O Casamento de Muriel”, “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, “Hilary & Jackie” e “Ela Dança, Eu Danço”, a atriz de 47 anos ficou muito conhecida na televisão norte-americana ao interpretar a problemática Brenda Chenowith, da série “A Sete Palmos”. Segundo ela, o trabalho foi um divisor de águas em sua carreira. “Até hoje é uma série muito marcante, não só para mim, mas como para o formato de se fazer televisão nos Estados Unidos. E é engraçado, porque eu fiquei famosa por fazer uma personagem neurótica na TV e hoje trago uma carga bem mais dramática nesse novo trabalho. Foi uma mulher inesquecível na minha trajetória”, avaliou ela. Casada com o artista visual Andrew Taylor com quem tem três filhos, Rachel voltou a morar na Austrália este ano para focar trabalhar em projetos realizados por ela mesma. “Trabalhei na televisão durante 10 anos e fiz o mesmo personagem durante cinco. Então, quero interpretar diferentes papeis. Quero explorar personagens que ainda não fiz”, ressaltou.

Rachel na série "A Sete palmos" (Foto: Divulgação)

Rachel na série “A Sete palmos” (Foto: Divulgação)

Cheia de projetos futuros, ela contou estar finalizando uma série e um filme. Todos com enfoques bem politizados e que destacam a importância da mulher e das minorias na sociedade. “Finalizei uma minissérie dirigida por Gus Van Sant, em uma produção da ABC (EUA). “When we Rise” acompanha um período do país sob a perspectiva do movimento pela luta dos direitos dos gays, lésbicas e transgêneros. Também obtive os direitos de um livro para adaptação para o cinema e estou feliz pela produção já ter obtido recursos. Será um filme com enfoque muito feminino”, entregou.

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E falando sobre sua primeira passagem pelo Brasil, a atriz se disse surpresa com o choque cultural que sentiu ao chegar em Gramado. Ela afirmou ser uma apaixonada pelas belezas naturais do nosso país, mas ao chegar na Serra Gaúcha se sentiu praticamente em casa.”As pessoas são lindas e solares. Eu amo a arquitetura e a natureza. Mas, hoje, quando abri a janela, eu me senti na Alemanha. Eu não estava esperando que a minha primeira vez no Brasil seria tão ‘Bavária’. Espero arranjar logo uma desculpa para voltar ao Brasil”, revelou ela, que ainda comentou a integração inédita do Festival de Gramado com produções internacionais. “: É muito interessante. Apesar da distância, aprecio quando estas conexões são feitas. Acredito que este é o futuro, não ficarmos em centros isolados, mas conhecer novas fontes e procurar o envolvimento das comunidades. Foi uma decisão inteligente”, completou.