Filho do maestro John Neschling e da atriz Lucélia Santos, Pedro Neschling mantém sua veia artística desde o Teste do Pezinho. Ainda iniciante no entretenimento, ele roteirizou “Timor Lorosae – O massacre que o mundo não viu”, um documentário dirigido por sua mãe em 2001. Dali para frente, seguiu com suas próprias pernas e provou por a + b que talento não era coisa só de gene e que seu terreno na arte não seria cavado por meio de um sobrenome. E assim aconteceu.
Vivendo o último mês com 32 anos, Pedro está acostumado a trabalhar desde os 17. A ideia do jovem era ser feliz na sétima arte e escrever. Mas o futuro (até pouco tempo) lhe preservou outros rumos. “Acabou que outras oportunidades profissionais surgiram, e eu fui embarcando nelas e, como uma coisa leva a outra, me afastei um pouco do meu objetivo inicial durante algum tempo”, conta ele, que tratou de correr atrás do prejuízo – se assim podemos qualificar. “Há algum tempo resolvi retomar um pouco as rédeas da minha carreira, realizar mais meus desejos do que alguns projetos que pintavam, por mais bacanas que fossem. É uma decisão sempre complicada essa, mas estou feliz. E escrever meu primeiro romance era um desses projetos que sempre acabava ficando para depois”, explica.
A obra que Pedro Neschling se refere ainda não tem nome, mas será lançado em setembro pela Editora Paralela, da Companhia das Letras. “Comecei a escrever o romance no ano passado. Agora estou finalizando a última revisão antes do lançamento”, adianta ele, que estreará no ramo literário com um livro sobre o início da vida adulta. “A história tem cinco protagonistas bem diferentes entre si, que têm como ligação o fato de terem sido da mesma turma no colégio. A trama começa na festa de formatura do antigo 2º grau e segue independente na vida de cada um deles até mais ou menos os 30 anos, formando de alguma maneira um painel da minha geração”, contextualiza.
No meio da história, o também DJ, insere uma boa carga de música que, segundo ele, “é quase um sexto personagem”. ” É um livro bem pop. Quis escrever uma história gostosa de ler, misturando humor e profundidade como fazem alguns dos meus autores contemporâneos favoritos, o Nick Hornby, a Jennifer Egan, o Martin Page“, cita. Mas se o livro, como ele mesmo falou, forma um painel da sua geração, será que nessas páginas não tem nenhum causo biográfico? “Não há nada, mas é impossível escrever um romance ou qualquer coisa que seja sem doar algo de si. Especialmente como nesse caso, quando são histórias contadas num tom realista sobre a sua geração. Acho que muita gente vai se identificar com o que acontece com os personagens. São situações e sentimentos muito próximos à todos nós”, adianta.
Nesse papo com HT, Pedro ainda adianta que Patrícia Melo, escritora expert em livros policiais e sua madrasta, já deu uma olhada nos originais. “Sempre sou um dos primeiros leitores dos livros dela e agora a coisa se inverteu. Foi divertido e ao mesmo tempo dá uma confiança especial quando uma escritora do nível dela, uma das principais do Brasil e do mundo hoje, lê seu manuscrito e te diz que está bom, que está pronto. Além dela, por enquanto, só leram minha esposa, minha agente e meus editores”, conta.
Literatura à parte, Pedro continua escrevendo roteiros e atualmente vem se dedicando ao de “E aí, comeu?”, texto de Marcelo Rubens Paiva que saiu dos livros, ganhou os cinemas e agora chega à TV pelo canal por assinatura Multishow. Aliás, esse é o máximo que ele chegará da telinha por enquanto. “Gosto de atuar. Acho divertido, na maioria das vezes. Mas estou realmente focado em outras coisas agora”, adianta.
Por fim, a gente que adora um bom badalo pela urbe-maravilha, acompanha de vez em sempre as performances de Neschling atrás das carrapetas. Então quisemos lançar: como é a festa perfeita? “A festa perfeita? Para mim é algo pequeno, com meus amigos e um bom vinho. Mas como DJ, gosto de pista cheia e galera animada”, devolve. Já que o assunto é festa, o carioca não é arroz de coquetel, e muito menos habitué de coluna de fofoca. O que só nos pode levar a achar que ele é avesso a todo esse mundo glamouroso das celebs. Para nossa sorte, Pedro faz eco.
“Nunca gostei de muita exposição pessoal, e com o passar dos anos tenho cada vez menos vontade que saibam e falem sobre minha vida particular. Como qualquer artista, adoro que acompanhem meu trabalho e fico muito satisfeito quando se interessam e repercutem o que faço. Então meu foco é sempre esse: que conheçam e comentem meus projetos, mas esse universo de glamour que reina na cultura de celebridades não me seduz, muito pelo contrário”, opina ele, que também não crucifica a postura de alguns. “Entendo a curiosidade de algumas pessoas sobre aspectos pessoais da vida dos outros, faz parte da sociedade contemporânea onde, para muita gente, ser famoso por si só é quase um objetivo de vida. Mas particularmente, fujo disso o máximo que der”, finaliza.
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