Exclusivo! Paulinho Serra avalia o humor no Brasil: “estereótipos e clichês sobre a homossexualidade não estão com nada”


O humorista, no ar em “Chapa Quente” da TV Globo, está de volta com o espetáculo “Em Pedaços” no Teatro Fashion Mall, no Rio de Janeiro; e nos confirma: a peça “Répétition” vai virar filme

(Foto: Paprica Fotografia)

(Foto: Paprica Fotografia)

“Estereótipos e clichês sobre a homossexualidade não estão com nada”. A frase pode soar contraditória para alguém como Paulinho Serra, que tem como um de seus principais personagens no teatro um sujeito conhecido como “Traficante Gay”. Mas ele explica o por que da opinião, mesmo interpretando o tipo. “Eu quero passar a mensagem de liberdade sexual a todos. Por isso acho que o personagem faz sucesso, porque de certa forma ele já sofre preconceito desde criança pela sua condição social”, conta em entrevista exclusiva a HT.

Paulinho, depois de fazer um périplo pelo país, voltou com o espetáculo “Em Pedaços” ao Teatro Fashion Mall, no Rio de Janeiro. Já são 15 anos fazendo esse trabalho, que é de interação com a plateia. Tempo mais que suficiente para ele, ao menos, tentar traçar o perfil do público brasileiro perante a comédia. “O público é apaixonado por rir. Já ouvi de tudo. Tem gente que estava triste e melhorou depois do show, gente que apenas ri sem tirar conclusões mirabolantes, e gente que já viu e quer ver de novo”, conta ele, que, ao ser questionado sobre qual assunto o povo torce o nariz, não tem dúvidas: “sinto que assuntos religiosos são sempre os mais complicados”.

A gente bem que tenta fugir da máxima “qual o limite do humor”, mas não tem jeito, uma vez que nossa sociedade parece andar para trás, vestindo-se cada vez mais com conservadorismo. Para o humorista, o bom senso deve prevalecer sempre. “Uma coisa é eu contar uma piada numa mesa de bar, outra é contar a mesma piada numa TV onde existe uma exposição muito maior”, compara. Para Paulinho, em meio a tantas piadinhas infames, há também espaço para que o humor assuma papel social. E há, por consequência, como diferenciar do puro entretenimento caça-níquel. “Acho que quando existe uma micagem corporal ou na fala é entretenimento, mas quando a intenção é mais forte, podemos cutucar assuntos que normalmente são vistos com certo tabu”, acha.

Oriundo da MTV, onde ficou conhecido pelos programas “Quinta Categoria”, “Comédia MTV”, “Trolálá” e mais um bocado, Paulinho Serra cai agora nos braços da TV Globo, em um seriado todo roteirizado no horário nobre, o “Chapa Quente”, na companhia de Leandro Hassum e Ingrid Guimarães. Ele garante que não sentiu diferença no que diz respeito a liberdade de atuação entre os canais. “A MTV era uma empresa muito capaz, porém pequena. Falar de Globo num geral, posso falar de ‘Chapa Quente’, que está o máximo. Não tenho sentido diferença em termos de liberdade”, nos contou, emendando que o caminho para a liberdade da TV paga chegar no mesmo nível da aberta “vem sendo traçado”.

Ligado nos 220V, Serra não se dá por satisfeito em bater ponto na televisão e nos palcos provocando risadas. Também no Teatro Fashion Mall, ele está em cartaz com o espetáculo “Répétition”, dirigida por Walter Lima Jr., com dramaturgia de Flávio de Souza, e Tatianna Trinxet e Alex Nader juntos dele no elenco. A peça conta a história de três atores e dos personagens da peça que estão ensaiando. O fio condutor são as questões pessoais deles que passarão a fazer parte dos ensaios. Sucesso de crítica em 2013, “Répétition” começou o ano com boatos de que viraria filme. Fato esse que Paulinho Serra nos confirma.  “Ainda estamos com um pequeno embrião, porém com certeza é uma realização de um sonho ser dirigido também no cinema por Walter lima Jr”, finalizou.

Paulinho Serra, Alex Nader e Tatianna Trinxet em "Répétition" (Foto: Alex Palarea/AgNews/Divulgação)

Paulinho Serra, Alex Nader e Tatianna Trinxet em “Répétition” (Foto: Alex Palarea/AgNews/Divulgação)