“Eu sofria bullying entre as modelos por ser ‘a gordinha'”. A frase foi dita por Agatha Moreira, que atualmente vive a Giovanna de “Verdades Secretas”. É difícil acreditar na declaração, uma vez que a atriz tem exibido boa forma na tela, onde tem protagonizado cenas quentes como a garota rica que entra para o book rosa como forma de rebeldia. Ainda assim, a afirmativa serve para ilustrar como o mundo por trás das passarelas pode ser cruel, algo que vem sendo retratado com primazia por Walcyr Carrasco em seu folhetim.
Agatha começou a carreira de modelo aos 14 anos e diz que se descobriu atriz “por acaso”, mas que foi a melhor coisa que poderia lhe acontecer, já que aos 17 anos ela era uma de muitas adolescentes que ainda não haviam encontrado sua vocação. Depois de rodar como modelo pela Ásia e pelos Estados Unidos, ela teve sua estreia na TV como a protagonista Ju, de “Malhação”, uma mocinha que parece ser o completo oposto de sua personagem em “Verdades Secretas”.
Na faixa das 23h, Agatha Moreira mostra que, com apenas três anos e três papeis na Rede Globo – “Malhação”, “Em Família” e “Verdades Secretas” -, é um talento nato. Além de protagonizar cenas quentes com Reynaldo Gianecchini, a atriz já tem causado comoção na pele de Giovanna, seja pelas tiradas certeiras da personagem, seja pela carga emocional que demonstrou quando contracenou com Rodrigo Lombardi, em um embate entre pai e filha cheio de diálogos poderosos.
Abaixo, você confere um bate-papo em que Agatha Moreira sobre a repercussão de “Verdades Secretas“, os fatos da carreira de modelo que reverberam pela novela, sua relação com os fãs, como o namorado, o cineasta Pedro Nicoll, a ajuda na tarefa, e o que ela espera que o futuro traga em sua profissão. vem com a gente:
HT: A Giovanna tem sido amada e odiada simultaneamente pelo público. Como se sente com a repercussão da personagem?
AM: Eu estou adorando as duas leituras, na verdade. Todo mundo já adorava a personagem e se divertia muito, porque apesar de tudo, ela é muito bem humorada e tem ótimas piadas. Esse foi meu grande desafio: passar para o público o que sentíamos na leitura. Mostrar esse lado malvadinho, mas ao mesmo tempo muito querida, como ela é no colégio: uma menina completamente segura, bem resolvida, que fica com todo mundo, fala o que quer, mas que é só uma garota de 16 anos, completamente ingênua e frágil, carente de amor. Felizmente, é o que estou conseguindo.
HT: Você vê alguma semelhança entre ela e a a Agatha de 16 anos?
AM: Ela é muito diferente de mim. Jamais faria nada do que ela faz. Se eu abrisse a boca para falar metade do que ela fala com os pais, minha mãe já teria quebrado os meus dentes! (Risos). Acho que, em comum, temos a sinceridade e o bom-humor. Mas eu penso mais vezes que a Giovanna, tenho mais filtro.
HT: A novela já prometia criar bastante buzz desde o início, por conta do tema que aborda. Como tem sido o resultado para você? Superou suas expectativas?
AM: Não só eu, como o elenco todo, estamos muito felizes. É uma galera que desde o início está muito afim de fazer a novela, com muita garra e amando o trabalho desde o princípio. Não sei se é o que a gente esperava, mas é o que almejava.
HT: Como é a rotina de gravação?
AM: Pesada! (risos) Ela é dirigida de uma forma diferente, então demanda mais tempo. Por exemplo, nosso estúdio não tem quarta parede: um quarto é um quarto mesmo, e nós só usamos duas câmeras. Mas, no final, o resultado fica lindo como você vê.
HT: Antes de ser atriz, você trabalhou como modelo. Como acha que a realidade desse mundo é retratada na novela? Acha que pegam pesado?
AM: Felizmente ou infelizmente, o público tem dado um poder muito grande sobre os rumos de uma novela: tem estado mais próximo, com uma opinião mais forte, como podemos ver em “Babilônia”, que mudou a direção pela resposta da audiência. Por outro lado, não tem como agradar gregos e troianos. Essa é uma obra de ficção, e se o Walcyr quer mostrar o “lado ruim” desse mundo, que ótimo. Ele não está afim de mostrar o glamour e o público tem que respeitar, esse é o trabalho dele. A novela está fazendo sucesso e está incrível. Realmente, as coisas acontecem ali e são a realidade. Todo mundo sabe que não é só isso, ele apenas escolheu esse olhar.
HT: Você já sofreu algum bullying como modelo?
AM: Eu sofria bullying porque sempre fui a gordinha das modelos. Sempre tive bunda, quadril e essa coisa toda brasileira, sabe? Mas nunca foi algo que me abalou. Se eu estivesse trabalhando, estava feliz.
HT: O que sabe sobre o book rosa?
AM: É algo muito discreto. Eu fui descobrir essa expressão já bem tarde na minha vida. Posso ter conhecido alguém que fazia o book rosa, mas nunca soube. Só depois fui descobrir que, quando te convidam para um jantar com fulano de tal e é ele quem vai pagar, alguma daquelas meninas subiria para o hotel mais tarde. O que soube foram fofocas.
HT: O que a carreira de atriz te proporciona pessoalmente, que a de modelo não conseguia?
AM: Eu nunca sonhei em ser atriz, descobri que era uma por acaso. Sempre tive crise – pode ser de adolescente ou feminina, sei lá – de não saber o que queria fazer da vida. Isso me afligia, de verdade. Aos 17, eu não tinha ideia do que fazer no vestibular, e foi até um dos motivos de eu ter saído do país para viajar como modelo. Uma das maiores alegrias foi quando assisti a um ensaio de amigos atores e a diretora me chamou para subir ao palco. Uma porta se abriu na minha frente. Sempre fui apaixonada por teatro. Hoje, atuar é o que me move.
HT: Sua cena com Rodrigo Lombardi foi amplamente elogiada nas redes sociais. Como foi filmar esse tipo de embate tão poderoso?
AM: Desde a preparação para a novela, para mim essa sempre foi a cena mais esperada. É uma das mais fortes que eu já fiz na minha carreira. É uma situação extrema: a menina de 16 anos se prostituindo com o pai dela. Não dá para imaginar! Agradeci ao Walcyr, já emocionada desde o primeiro momento que eu li. Quando eu fui gravar, já estava emocionada antes de entrar em cena. Sempre tive uma troca muito legal com o Rodrigo, não me canso de rasgar elogios por ele, por ser uma pessoa e um ator incrível, generoso, alguém com quem eu quero trabalhar para sempre. Foi um prazer poder fazer essa cena com ele. Filmamos de primeira e já tinha funcionado. Eu saí de cena e juntou um monte de gente no monitor, inclusive eu, ainda chorando.
HT: Como se sente protagonizando cenas quentes com Reynaldo Gianecchini? Fica constrangida na hora de gravar? Como é o clima geral no set?
AM: Com o Giane foi muito engraçado, porque já nos conhecíamos de “Em Família”. Ele sempre foi uma pessoa muito querida e eu já sabia que ele era incrível. Minha primeira cena com ele já foi assim. Eu não sabia como seria, cheguei tímida, sem saber nada, e ele foi super fofo, conversou comigo e eu fiquei descontraída em cinco minutos. Estamos muito felizes de conseguirmos passar essa química do casal para as telas. Na hora da cena, como sou uma pessoa tímida, falei ‘gente, vou morrer de vergonha, não vou conseguir fazer’. Mas na hora de gravar é a Giovana que está ali: falo como ela, ajo como ela e nada disso passou pela minha cabeça. Nenhuma vergonha ou nenhum tabu.
HT: Dizem que “Malhação” é a maior escola para um ator que quer aprender a profissão. Como sua participação na novela ajudou para você se tornar essa atriz de hoje?
AM: Foi extremamente importante para o meu desenvolvimento como atriz. Eu era uma pessoa antes da novela e outra completamente diferente depois. Foi incrível, porque eu estava com pessoas muito generosas, dispostas a me ensinar. Tanto que temos uma legião de fãs até hoje e nos falamos entre nós até hoje. É um ano de novela, né, e em algum momento podem surgir conflitos, mas isso não existiu na nossa temporada.
HT: Desde “Malhação”, você tem uma base muito sólida de fãs, mas agora com “Verdades Secretas” o alcance do público aumentou. Como lida com o assédio? Alguma situação te incomoda?
AM: A Ju foi uma personagem muito marcante. Mesmo depois de ter feito uma novela das 21h, ainda me reconheciam como ela. Agora, me param na rua – no pouco que eu consegui sair até agora, que não foi muito… – e me reconhecem mais como Giovanna.
HT: Seu namorado é cineasta e está acostumado com a rotina de filmagens. Como ele se sente com essas cenas da novela e quais dicas ele te dá para a profissão?
AM: Ele é muito crítico! E eu acho isso ótimo, maravilhoso. Ele é um grande diretor, me dirige muito bem, e não é porque é meu namorado. Ele é meu verdadeiro coach! (risos). Quando viu a cena com o Rodrigo, ele deu parabéns, mas depois começou a conversar sobre a minha atuação. Quanto à cena com o Giane, ele é um pouco mais ciumento, mas tem se saído bem.
HT: Qual atriz te inspira?
AM: É um sonho distante, mas é um sonho. Bryan Craston, de “Breaking Bad”, é um ator incrível.
HT: Como espera estar daqui cinco anos?
AM: Não tenho nenhum desejo específico. Quero continuar trabalhando, quero ter feito muitas peças, cinema e muitas outras novelas. Sou muito nova, ainda tenho muita carreira pela frente.
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