Exclusivo! Léo Santos, animador brasileiro que trabalha na Pixar, fala sobre “Divertida Mente”, “Procurando Dory” e mais


Léo é um dos oito brasileiros que trabalham no estúdio de Oakland, na Califórnia, e já ajudou a fazer filmes como “Valente” e “Universidade Monstro”

Quem assistiu a sucesso recentes da Pixar com a Disney como “Valente” (“Brave”, 2012) e “Universidade Monstros” (“Monsters University”, 2013) pode até não saber, mas estava vendo o trabalho magistral de um brasileiro que tem despontado na animação. O nome em questão é Léo Santos, que também ajudou a criar o layout de “Divertida Mente” (“Inside Out”, 2015), o lançamento mais recente dos dois estúdios citados acima.

Ser responsável pelo layout de animação significa que Léo é uma das primeiras pessoas a trabalhar na história, criando uma espécie de protótipo que mais tarde recebe o tratamento final. Tanto, que seu trabalho com “Divertida Mente” já acabou há mais de um ano e agora ele se prepara para outros dois grandes lançamentos, que já podem ser considerados hits comerciais antes mesmo de chegarem às telonas: “Procurando Dory”, o spinoff da peixinha esquecida que foi um dos personagens mais queridos de “Procurando Nemo” (“Finding Nemo”, 2003); e “O Bom Dinossauro” (“The Good Dinosaur”), ambos previstos para chegarem aos cinemas no ano que vem.

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Nascido e criado no Rio, Léo é ainda um dos oito brasileiros que trabalham no estúdio em Oakland, da Califórnia. Antes do emprego, o ilustrador que cresceu influenciado pelos curtas do Pernalonga (Chuck Jones) e as tirinhas de Calvin e Haroldo (Bill Watterson), hoje tem o emprego que era sua meta desde 1995, quando assistiu a “Toy Story”.

Abaixo, Léo Santos comenta um pouco sobre como é trabalhar em um dos maiores estúdios do planeta, seus desenhos preferidos, quanto tempo gasta para fazer um filme como “Divertida Mente” e muito mais. Vem com a gente:

HT: Seu primeiro trabalho com a Pixar foi em “Valente”, que marca também uma nova fase das princesas, onde elas são mais independentes e fortes. Como você vê essa mudança nos desenhos animados?

LS:  Isso veio direto da criadora do filme, Brenda Chapman. Era uma história muito pessoal para ela – os filmes da Pixar são muito baseados na história de seus criadores.

Léo Santos é um dos oito brasileiros que trabalham no estúdio da Pixar, em Nova York, e já participou de filmes como "Valente", "Universidade Monstros" e, o mais recente, "Divertida Mente" (Foto: Divulgação)

Léo Santos é um dos oito brasileiros que trabalham no estúdio da Pixar, em Nova York, e já participou de filmes como “Valente”, “Universidade Monstros” e, o mais recente, “Divertida Mente” (Foto: Divulgação)

HT: Explique um pouco como é a rotina do seu trabalho.

LS: O meu departamento é responsável pela câmera e fotografia do filme. Nós damos o primeiro passo em 3D: escolhemos a lente, o ângulo da câmera, trabalhamos com o editor para podermos fornecer opções e achar a narrativa certa para o filme, porque depois fica muito caro para mexer.

HT: Quanto tempo leva, em média, para fazer um longa-metragem de animação?

LS: A parte do layout leva, em média, um ano. O filme todo demora quatro ou cinco anos, mas não com a equipe inteira. É um trabalho que vai crescendo gradualmente.

HT: E como foi o processo em “Divertida Mente”?

LS: A equipe foi um pouco menos do que o normal – só 10 pessoas, no meu departamento – porque tem muitos takes do filme que são de verdade. Uma animação, geralmente, tem 100 pessoas trabalhando. Mas meu departamento é pequeno, porque a ideia é que tenhamos agilidade, então é mais como um rascunho sem som ou textura.


Trailer de “Divertida Mente”

HT: Qual foi o maior desafio de “Divertida Mente”, considerando que ele mescla animação com live action?

LS: Para o layout desse filme específico, dois aspectos foram mais atípicos: a câmera usada é diferente, modelada fisicamente, com uma distorção da lente. Nas cenas feitas no mundo real, nós basicamente tínhamos uma câmera de verdade, em motion capture. Essa é uma tecnologia que tem sido usada com mais frequência e foi justificável pela linguagem do filme.

HT: Você também faz parte da equipe de “Procurado Dory”. Como está o processo do filme e o que você pode dizer por enquanto?

LS: Já terminamos a parte do layout há mais de um ano e, depois, fomos trabalhar com “O Bom Dinossauro”. O “Procurando Dory” está muito legal – tem o mesmo diretor e a mesma equipe do “Procurando Nemo”.Vai ser bem naquele sabor e, para quem é fã, será emocionante. Mas não posso falar muito ainda.

"Procurando Dory": peixinha sensação de "Procurando Nemo" ganhará spinoff próprio no ano que vem (Foto: Reprodução)

“Procurando Dory”: peixinha sensação de “Procurando Nemo” ganhará spinoff próprio no ano que vem (Foto: Reprodução)

 

HT: Em qual animação você gostaria de ter trabalho se tivesse a chance?

LS: Meu filme favorito é “O Gigante de Ferro”, do Brad Bird, que também é da Pixar. É uma história que me faz chorar todas as vezes que vejo e estou muito feliz porque ele [o diretor] está voltando para o estúdio.