Diogo Vilela está cheio de planos para comemorar seus 48 anos de carreira. O ator, que acabou de deixar para trás o sombrio e divertido Dr. Zoltan, de “Pé na Cova”, volta à telinha no segundo semestre de 2016 com a série “Nem Vem Que Não Tem”, comédia produzida em 14 episódios pelo canal FOX. Na produção, o ator interpreta Maurício, um pai de família comum, que há anos leva uma vida pacata ao lado da esposa Hercília, interpretada por Françoise Forton, e que, de repente, vê sua rotina virada de cabeça para baixo quando seu filho Sérgio Henrique, vivido por Rodrigo Pandolfo, volta a morar com eles. A trama, que tem direção de André Pellenz, conhecido por dirigir o longa “Minha Mãe É Uma Peça” e o programa “220 Volts”, gira em torno de Sérgio, um ex-atleta olímpico que, aos 35 anos, segue desempregado e ainda foi traído e largado pela esposa. Que situação!
“Estou adorando fazer esse personagem. Valeu a pena aceitar o convite e trabalhar com esse elenco e com o André Pellenz, que é o cara!”, anima-se Diogo Vilela, que, além da série, passa a se dedicar ao teatro a partir de maio, quando volta aos palcos com o musical “Cauby, Cauby!”. “Eu decidi fazer de novo o Cauby (Peixoto) para comemorar meus 48 anos de carreira. Nessa temporada vão ter muitas novidades, porque, na verdade, vai ser uma remontagem” adiantou. “Eu acho que o ele é um dos personagens mais ricos da música brasileira, e que eu consegui entender muito bem. Eu estudo canto lírico desde 1995”, contou ele, que ainda adiantou detalhes sobre o processo de composição do personagem. “Eu estudei para esse musical durante três anos. Trabalhei tecnicamente tanto o canto, quanto o gestual dele, mas o trabalho da compreensão da pessoa Cauby Peixoto aconteceu como uma osmose. Um dia eu vi ele dando uma entrevista e achei que ele caberia muito bem no teatro. No teatro ele teria uma homenagem eterna. Ingenuidade minha, né?”, revelou aos risos.
No ano em que completa 59 anos de idade, o ator aproveita para fazer um balanço dos seus anos de experiência bem vividos se dividindo entre vida pessoal, teatro e televisão. “A idade é uma coisa meio dúbia, porque você adquire o conhecimento da vivência, mas não perde as pessoas que você foi quando mais jovem. A cada década você muda, então você foi várias pessoas em várias décadas. Hoje vejo que muito do que eu fui quando jovem ainda existe, mas adormecido. Acho que ainda sou a pessoa que eu era. Aquele adolescente que eu fui, com toda ingenuidade que eu sentia naquela época, ainda existe aquilo. Não apagamos o passado dentro da gente, só modificamos de acordo com as dores que sentimos na vida”, ponderou o ator, que revela não medir esforços para manter a boa forma. “Se tem um coroa que faz ginástica, esse coroa sou eu”, garantiu.
Assim como muitos brasileiros, Diogo também acredita que o país vive um momento histórico e de grande transição no cenário político-social. “A gente está vivendo um momento de desenvolvimento da democracia, mas primeiro a gente precisa ter cidadania. A gente não tem uma cidadania legal e está procurando isso. A maneira que o brasileiro vê o político e a forma com que eles se colocam é muito estranha. Os políticos precisam criar um código para lidar com a sociedade e a sociedade entender o político. Eles não falam para a população individualmente. Eles querem falar para a família, sabe? É, de fato, uma coisa muito louca”, admitiu.
Com dezenas de peças em seu currículo, o ator não esconde sua paixão e vontade de estar no palco. Segundo ele, é fundamental para todo profissional da dramaturgia estar de frente para uma plateia. “No teatro, por mais que você não goste da peça, não há uma sensação de descarte daquela arte. Independente se o público gostou ou não ele aprendeu alguma coisa dali. Entre as artes que envolvem atuação, o teatro é o menos solitário”, disse. “Eu sou um apaixonado pelo teatro. Ele é sempre contemporâneo. Ele não evolui, na verdade, ele existe. Nós é que temos que entrar nele. É uma arte que, talvez, não seja para muitos, mas pra quem gosta, é incrível. No Brasil tem essa coisa de que ir ao teatro é um artifício intelectual, e não é bem assim, né?!”, destacou ele, que, como não podia ser diferente lembrou sua recente parceria com a atriz Marilia Pêra, em “Pé na Cova”, da Globo. “Foi uma honra ter convivido, ter conhecido o trabalho dela e a maneira que ela se dedicou a isso”, finalizou.
Artigos relacionados