Boa parte do país já tinha escutado “Deixa ele sofrer”, nova música de Anitta, enquanto ela nem sonhava que a canção – prevista para ser lançada nesta quinta-feira (16) – tinha vazado. Era pouco depois da meia-noite de quarta, hora aproximada do vazamento, quando ela pousou no Rio de Janeiro após ter ido a Salvador (BA) gravar a nova temporada do “Superbonita” (GNT) com Ivete Sangalo. “Minha mãe tinha me pedido a música e eu não passei. Vai que roubavam o telefone dela? Aí ela veio no grupo de mensagens da família brigar comigo: ‘seus fãs tem a música e eu não tenho’? Foi quando eu, ao chegar em casa, comecei a entender tudo”, nos contou Anitta em entrevista exclusiva horas antes de lançar seu clipe na internet.
Se ela está chateada? “Não. Estou feliz. É obvio que a gente queria lançar o clipe da maneira como planejamos, com todo mundo ouvindo a música pela primeira vez. Mas não tem o que ser feito”, disse ela, garantindo que até agora “não sabe o que aconteceu para a música ter vazado”. Como em tempos de web qualquer clique ganha uma proporção gigantesca, Anitta sabia que até antes do amanhecer seu single estaria disseminado. Foi quando sentou com sua equipe e pensou rápido. “Ouvi a versão e vi que não era boa, era como se fosse um áudio. A gente decidiu então que postaria a oficial porque não queríamos que as pessoas tivessem uma versão ruim do meu trabalho. A gente preferiu lançar logo”, explicou.
Furor passado, “Deixa esse sofrer” é o primeiro single do terceiro álbum de Anitta, em fase de masterização, que será lançado em setembro. O clipe, que você assiste abaixo, foi gravado na cidade de São Paulo, em ambientes super vintages como a Barbearia Corleone, a lanchonete Zé do Hamburguer e o famoso Beco do Batman no bairro da Vila Madalena. Junto dela, ator André Bankoff faz o par romântico da vez em um vídeo quase 100% gravado em plano sequência com roteiro da própria cantora. “Quis dirigir junto, escolhi cada locação. Eu queria um clipe colorido já que o último foi muito sensual, meio dark. Como eu gosto de equilibrar, de fazer algo oposto ao último, optei por esses lugares”, disse. A inspiração? “Eu tive a influência de um clipe que nem é brasileiro. É algo oriental, não lembro nem a língua que era a música. Mas era algo meio rock”, contou. Os detalhes desse trabalho, os novos rumos de sua carreira, moda e algumas cositas de sua vida pessoal você confere na entrevista a seguir. Para não perder o costume: pre-pa-ra!
HT: Primeiro você era a “Menina má”, que virou “poderosa” e terminou “meiga e abusada”. Agora você quer deixar ele sofrer. Por que esse empoderamento feminino todo?
A: Eu procuro fazer músicas que ressaltem a autoestima da mulher. Quero que elas não se sintam submissa aos homens.
HT: Então podemos dizer que você é feminista?
A: Eu tenho um pouco de medo de usar essa palavra porque fica parecendo que a mulher tem que estar por cima do homem. Os dois têm que ter a mesma sintonia, os mesmos direitos em tudo. Então, no sentido do feminismo em que homens e mulheres possuem igualdade, sim, sou.
HT: Os seus pares românticos nos clipes sempre são muito falados. Agora é a vez do André Bankoff. Por que o escolheu?
A: Eu pedi uma indicação de boy para o meu assessor porque estava difícil encontrar alguém que tivesse a ver com a música. Assim, não adianta ser bonito, tem que ter a ver com o que estará sendo proposto no clipe. E ele [André] tem a estética que o clipe tem. Tinha que ser mais jovem, alegre, divertido. Tem uns requisitos, sabe? Não podia ser um cara mais velho, por exemplo.
HT: Maltratou muito ele no set?
A: Apesar do nome da música ser “Deixa ele sofrer”, a letra diz que ela só não vai ficar nos pés dele. Ela vai viver a vida dela e o rapaz que se vire. (ri).
HT: Você já sofreu por amor?
A: Quem nunca? Mas não aquele de ficar sem comer, de sair chorando por aí.
HT: Então deu mais pé na bunda que levou…
A: Com certeza dei mais pé na bunda. Não sou de ficar para trás.
HT: No clipe você veste três looks da grife italiana Moschino e constantemente você aparece vestindo roupas deles em eventos. Como nasceu essa relação?
A: Eu sou muito viciada na marca. Eu sempre gostei muito e comprei peças. E eu tenho muitos amigos que trabalham com moda. Quando eu fiz aquela festa de aniversário, um amigo que mora e trabalha em Nova York quis fazer uma surpresa para mim. Ele conversou com a marca, mostrou meu trabalho e como deram repercussão as vezes que usei. Aí a marca resolveu mandar um look de aniversário para mim. Usei, deu novamente muito assunto. E depois, quando eu fui gravar o clipe, eles mandaram diversas opções para eu gravar.
HT: Falando agora de musicalidade. Podemos afirmar que “Deixa ele sofrer” vem para começar a ser um divisor de águas no seu som?
A: Na verdade, eu sempre fui muito eclética. Sempre gostei de tudo um pouco. Não ouço só ritmo “Y” ou “X”. E esse meu novo álbum vem exatamente assim, bem eclético. Ele vem bem diferente dos demais. E “Deixa ele sofrer” é com essa pegada porque eu queria que meu novo single mostrasse coisas diferentes, uma nova proposta.
HT: Mas por quê isso? O funk não é mais a estrela principal…
A: São muitos ritmos diferentes no novo CD. Tem muito de tudo, referências de tudo um pouco. Eu acho que o mais diferente é isso, que as faixas não têm a mesma conversa. A musicalidade é nova. Como disse, para começar, eu escolhi a diferente. O novo trabalho tem pegadas de hip hop e diversos estilos. Porém, eu mantive uma temática parecida das faixas justamente para as pessoas terem aquela referência: “ah, ok, continua sendo a Anitta”.
HT: O que falta do terceiro disco?
A: Já está todo pronto. Já mandamos para a masterização.
HT: O que pode adiantar?
A: A gente tem umas parcerias.
HT: Quais?
A: O que posso te contar é que será mais de uma participação. (ri).
HT: O show “Inusitado” com o Arlindo Cruz e o Arnaldo Antunes foi muito bem criticado. Espera que as pessoas passem a te ver de outra forma, já que você mostrou um repertório e uma postura de palco diferentes?
A: Primeiro eu preciso falar que foi um dos dias mais felizes da minha vida. Eu não sei se vão me olhar de outra forma. Quando a gente aparece, as pessoas não conhecem a gente por completo. As pessoas não sabem quem você é. Elas sabem as poucas coisas que você disponibiliza para terem uma referência de quem é você. Cabe a cada um escolher o tempo para mostrar o que preferir sobre o seu trabalho. Não adianta eu mostrar tudo de uma vez. Imagina eu, ano retrasado, fazendo isso? Eu sempre cantei de tudo. Não consigo mostrar todas as minhas facetas em um mês.
HT: Profissionalmente falando, o que você ainda quer muito fazer?
A: Eu sou bem realizada, sabe? Eu acho que as coisas vêm em questão de tempo. O meu sonho era fazer o “Inusitado” e eu fiz. Eu tinha um sonho de puxar um trio elétrico no Carnaval de Salvador e puxei. Eu acho que o que falta, tirando o patamar internacional, é fazer um réveillon na Praia de Copacabana.
HT: Vida pessoal agora. Você lê o que falam de você em coluna de fofocas ou é daquelas que já prefere virar a página para não sofrer?
A: Vejo muito pouco. Eu não fico procurando. Eu acho que, como eu sou uma pessoa pública, é supernormal que as pessoas queiram saber sobre a minha vida. Eu não me incomodo com a curiosidade das pessoas a respeito da minha vida. O que realmente me incomoda e nunca vou me acostumar é quando sai uma mentira e as pessoas vão replicando, replicando, sem saber se é verdade. Isso é bem chocante. Você vai influenciar na vida de quem lê e na vida que você está falando. O segundo ponto é quem vai disseminando isso, massificando aquela notícia sem conferir. Às vezes eu pergunto: “porque ninguém entrou em contato antes para perguntar se é real?”. Isso é um pouco chocante. Mas em relação ao assédio eu acho normal. Acho paparazzi normal.
HT: Você aparenta estar na sua melhor fase…
A: É uma das fases que estou mais leve, tranqüila, paciente, amadurecida. Estou fazendo as coisas com calma e paciência.
HT: Então nem lembra a última vez que chorou…
A: (pausa). Nossa, faz mais de um ano. Eu já não sou muito chorona. Sou tão grata ao que Deus faz por mim que acho uma injustiça perder tempo chorando.
HT: Solteira por opção, suponho…
A: Eu não fico sozinha porque eu sou filha de Deus como todo mundo. Mas eu não quero relacionamento agora. Namorar agora não. Só se aparecer uma pessoa muito incrível. Não estou procurando, tá, gente? (ri).
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