O ano mal começou e a produção artística nacional está a todo vapor. A equipe do site HT esteve presente no pré-lançamento carioca do filme “Eu Sou Mais Eu”, no Rio Sul, para o elenco e convidados, nessa terça-feira. Estrelado pela atriz e youtuber Kéfera Buchmann e com direção de Pedro Amorim, a comédia conta ainda com João Côrtes, Giovanna Lancellotti e Marcella Rica para tratar de um tema importante: o bullying. Depois de conversarmos com a direção e parte do elenco, revelamos agora mais sobre o filme.
Já imaginou voltar no tempo mesmo com milhares de compromissos na agenda? É o que acontece com a personagem de Kéfera, Camilla Mendes, que após conquistar a fama e milhões de seguidores, volta misteriosamente para o ano de 2004. “Ela volta para o celular com jogo da cobrinha, para a internet discada que demorava para conectar, para o Orkut. O filme mostra justamente um contraponto dessa era digital que a gente vive hoje em dia”, explicou a youtuber, que em 2004 tinha 11 anos. Segundo ela, “Eu sou mais eu” apresenta um público alvo diferente do esperado por conta da temática apresentada: “Com certeza, o pessoal de 30 anos para cima vai se identificar ainda mais com o filme porque a adolescência foi justamente em 2004. Então, não é um filme teen, um filme infantil ou infanto-juvenil, é um filme para a galera da minha idade”.
Ao retornar para o passado, Camilla precisa da ajuda do seu melhor amigo, Cabeça, interpretado por João Côrtes, para desfazer a situação, mas se vê obrigada a vivenciar toda a antiga rotina. Assim, ela passará novamente pelos dramas da adolescência, responsabilidade escolar e o bullying da inimiga, Drica, personagem de Giovanna Lancellotti. Para Kéfera, a história do longa conta um pouco da sua própria vida pessoal quando mais jovem. “O filme retrata praticamente a minha adolescência porque, de fato, a história da Camilla em 2004 é muito do que eu passei”, revelou.
Para Giovanna, que dá vida à vilã do filme, sua personagem só diminui os colegas porque busca atenção, sem entender a dimensão que isso pode ter na vida de uma pessoa. “Acho que ela é uma menina insegura, mimada, que acaba diminuindo os outros para subir, fazer a galera rir disso e se tornar mais popular. Sendo que ela está ferindo uma pessoa sem perceber. Não acho que ela seja uma menina do mal, não acho que ela seja uma Rochelle [“Segundo Sol”], que fazia as coisas de caso pensado. Para ela, aquilo não é nada demais e não passa de uma brincadeira. E não é assim, né?”, explicou a atriz, comparando Drica a sua personagem anterior. Quando questionada sobre como consegue tanta referência para interpretar meninas mimadas, Giovanna tratou de se defender em tom bem-humorado: “Eu nasci e cresci no interior e por ser uma cidade pequena, todo mundo se conhecia, era uma relação diferente. Não existia o bullying como aqui, humilhante e apelativo. Não tinha muito espaço para isso. Acho que eu também não era um alvo fácil para bullying porque eu sempre fui muito respondona. Uma vez ou outra alguém falava alguma coisa, eu retrucava. Minha personalidade forte sempre me ajudou”. E complementou revelando que a maior inspiração para fazer a Drica foi a personagem Regina George, de Meninas Malvadas.
Assim, o longa que de primeira parece ser mais uma trama teen para a conta, tem na realidade, uma missão muito maior. Para Marcella Rica, que interpreta Juliana, melhor amiga de Drica, o filme acertou em cheio na escolha da temática. “É muito legal ter um material brasileiro que fale sobre isso. Eu não me recordo de ter assistido nenhum assim na minha adolescência. É um serviço incrível poder falar sobre isso com leveza, rindo e ao mesmo tempo, dando a seriedade que merece. O bullying tem efeitos muito perigosos e é preciso estar atento a esse ponto”. Com enorme sintonia, Giovanna completou a fala da colega: “ A grande mensagem do filme é a busca pela nossa consciência, precisamos ser responsáveis pelas coisas que a gente fala e faz, porque o que para mim pode ser apenas uma brincadeira, para o outro é uma ferida, um trauma”.
Ainda que tenha essa séria mensagem embutida ao contexto, a comédia também não abandona a missão de fazer rir. Para o diretor Pedro Amorim, tanto o elenco quanto a produção conseguiram desempenhar os seus respectivos trabalhos da melhor forma, considerando os obstáculos financeiros. “A gente não tem muito dinheiro para fazer cinema no Brasil. Quanto menos dinheiro, mais preparado você precisa estar, mais dever de casa você tem que fazer, porque você tem menos chances de errar”, pontuou ele, que só teve quatro semanas para finalizar o filme devido ao baixo orçamento. E prosseguiu opinando sobre o resultado final e contextualizando a questão: “Esse filme cumpre esse papel de trazer a reflexão de uma forma muito legal porque ele não intelectualiza a questão, sabe? É para isso que a arte serve, para trazer a discussão, e é ridículo ver essa censura do governo Witzel, por exemplo. Qualquer forma de censura é ridícula, principalmente censura à arte e ainda mais quando você está tentando falar algo importante através dela”.
Dessa forma, com a sensação de dever cumprido, o elenco seguiu para assistir junto aos convidados o resultado final. Para Kéfera, “Eu sou mais eu” e a experiência que está tendo com a Mariane, na novela “Espelho da Vida”, são o sinal de que ela está no caminho certo: “Eu já fiz teatro, cinema e agora a novela. Já fui para todos os cantos que eu podia e é oficial, atuar é a paixão da minha vida. O amor da minha vida é a minha profissão”.
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