Eterna estrela de ‘Chiquititas’, Lívia Inhudes desabafa sobre a competitividade entre mulheres na indústria audiovisual


Protagonista do romance “Um Ano Inesquecível — Verão” e intérprete de Vivi na novela infanto-juvenil, a atriz reflete sobre a exaustiva competitividade no meio audiovisual. “As pessoas criam essa competitividade o tempo todo. Eu comecei a minha carreira muito pequena, com cinco anos e fiz a minha primeira novela aos 12, e cresci com as pessoas me comparando a todo momento com as minhas amigas de profissão e com as pessoas que eu trabalhava. Quando mais nova, é difícil da gente perceber que não é sobre a gente, mas sobre a opinião daquelas pessoas.”

A atriz Lívia Inhues procura alçar voos mais altos na carreira

*por Luísa Giraldo

Há cerca de dez anos, Lívia Inhudes deu vida à personagem Vivi no último remake da novela infanto-juvenil “Chiquititas“, produzida pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Apesar de ter arrancado suspiros e gargalhadas dos fãs, a atriz alçou voos mais altos e protagonizou, em junho, o primeiro romance da carreira em “Um Ano Inesquecível – Verão“. A artista encarna a determinada Inha, uma menina do interior que sonha em estudar moda em Paris, na França. Ela se encarrega de apresentar a estação mais quente do ano em uma história romântica, carnavalesca e inspirada no livro “Um Ano Inesquecível”, das autoras brasileiras Babi Dewet, Bruna Vieira, Paula Pimenta e Thalita Rebouças.

Tocada pela relação que estabeleceu com sua primeira personagem, Viviane Gomes, Lívia avalia que o público e a mídia começaram a fazer críticas ao trabalho dela de forma precoce. As assimetrias entre os papéis, comportamentos e aparência da atriz eram constantemente comparadas com as colegas de elenco.

“As pessoas criam essa competitividade o tempo todo. É uma comparação que o próprio público acaba fazendo com a gente sem querer. Quando mais nova, é difícil da gente perceber que não é sobre a gente, mas sobre a opinião daquelas pessoas. É claro que tem um período que a gente sofre até entender que essa comparação vai existir sempre e que não é só comigo. É o tipo de coisa que acontece com todo mundo nesse meio. Eu fui aprendendo a absorver e a entender que não queria saber se as pessoas estavam me comparando ou o que elas achavam sobre a minha beleza e atuação”, desabafa a estrela de 22 anos.

Apesar da intérprete de Inha ressaltar fazer “a parte dela” no trabalho ao construir uma carreira “de forma honesta e com amor”, algumas críticas ainda mexem com a autoestima da atriz. Com comparações e críticas excessivas, o desempenho de Lívia em cena muitas vezes é afetado de alguma forma.

A intérprete de Vivi em Chiquititas também é influenciadora digital e tem 7 milhões de seguidores (Foto: Divulgação)

“Eu nunca sofri muita comparação do meu público. Ele me apoia muito nesta questão e entende que cada pessoa trabalha de um jeito e tem a sua forma. Apesar de não ter sofrido muito, é algo que eu tento me blindar desde pequena para que essas comparações não existam. Com o passar do tempo, entendemos que a gente tem que ser o suficiente para nós mesmos e não para as outras pessoas”.

A artista aponta que, no mundo cultural, a comparação é ainda mais acentuada para as mulheres. Para ela, a pressão estética se trata de um dos fatores condicionantes para se ter sucesso e relevância no meio. Por outro lado, a Lívia frisa enxergar um tipo semelhante de comportamento quanto às mulheres e aos seus corpos em carreiras que não a dela. 

As pessoas criam essa competitividade o tempo todo. Eu comecei a minha carreira muito pequena, com cinco anos e fiz a minha primeira novela aos 12, e cresci com as pessoas me comparando a todo momento com as minhas amigas de profissão — Lívia Inhudes

Responsabilidade social como artista

A intérprete de Vivi destaca a consciência da influência que tem como pessoa pública e artista para a geração de crianças que cresceram acompanhando o trabalho dela.

“Tenho uma responsabilidade muito grande com meu público porque eles cresceram junto comigo. Conheci alguns fãs meus que tinham 12, 13 anos e, hoje, eles têm a mesma idade que eu. Eles acompanharam todo o processo da minha adolescência e do meu trabalho. Eles amadureceram junto comigo. Algo que eu sempre busco deixar claro para as pessoas que me acompanham é que elas continuem acreditando naquilo que querem”, conclui emocionada.

A atriz Lívia Inhues procura alçar voos mais altos na carreira (Foto: Divulgação)

Ávida por mais desafios na carreira, a atriz começa a se projetar nas comédias audiovisuais brasileiras. Apesar de “Uma Fada Veio me Visitar” apresentar a Fadagiária como uma personagem leve e engraçada, o primeiro filme a colocá-la de fato no gênero é “Socorro, Tô Falido”, ainda sem data de lançamento. Com um elenco brasileiro de peso, o longa tem como protagonistas os atores Luís Miranda e Mariana Santos. Nesse papel, Lívia é filha do casal.

“Já se passaram dez anos desde Chiquititas. Agora, eu tenho 22 anos e busco amadurecer o meu trabalho. Quero me desafiar a [pegar um papel em filmes] de drama ou de comédia. Porque são tipos de projetos que eu não conseguia me enxergar quando era mais nova, mas agora sim. Então, estou dando esse espaço para alcançar lugares diferentes na minha carreira. Procuro sempre me desafiar a ser uma artista que leva histórias e coisas boas para o público”.

Lívia lembrou da diversidade de projetos audiovisuais que já participou, que variam de novelas, peças de teatro a filmes. No entanto, a moça confessou sonhar em estrelar uma série e estar aberta para propostas de todos os serviços de streaming. A recente conquista de protagonizar um longa pela primeira vez dá motivação a ela para acreditar que está no caminho certo.

O último projeto em que a atriz participou, o filme “Uma Fada Veio me Visitar”, marcou a volta de Xuxa Meneghel às telas de cinema. Ele também é baseado na obra homônima de Thalita Rebouças. Como Fadagiária, a estrela tem espaço para arrancar gargalhadas dos telespectadores com as atitudes e falas cômicas da personagem.

Apesar de não ter sofrido muito, é algo que eu tento me blindar desde pequena para que essas comparações não existam. Com o passar do tempo, entendemos que a gente tem que ser o suficiente para nós mesmas e não para as outras pessoas — Lívia Inhudes

A potência de Lívia em ação (Foto: Divulgação)

Romântica de Carteirinha

Quando a atriz recebeu a notícia que havia conquistado o papel de Inha, não pôde conter a empolgação. Afinal, a oportunidade significava não apenas o desafio da sua primeira protagonista, como a chance de estrelar uma história de amor no cinema. Diferentemente da personagem, que é centrada no objetivo de estudar fora e desconsidera viver um romance, Lívia se descreve como uma moça romântica e sonhadora

“Sou apaixonada por filmes de romance, ele [o romance] me estimula muito. Eu me considero apaixonada pela minha profissão, pela minha família e amigos e romanticamente na minha vida amorosa. Falo e demonstro [o amor], sou uma pessoa movida pela paixão porque acredito no amor. Quando a Inha chegou para mim, vi que ela lutava muito pelo sonho dela da carreira, mas que lutou muito pelo Guima no final. Aquele era o tipo de história que eu acredito muito. A gente pode ser bem-sucedido e amar, estar aberto para todas as coisas da vida.

Segundo a ex-chiquitita, a vida e personalidade de Inha deveriam se conectar com as meninas jovens brasileiras. Ela desejava representar a história do Carnaval com amor e comédia de forma fidedigna. Tudo isso para fazer com que as telespectadoras pudessem se enxergar na protagonista, além de se inspirar na determinação dela para a realização de sonhos. Ainda assim, interpretar Inha foi um “desafio muito gostoso” para Lívia.

“Trabalhar com a Thalita [a autora do conto “Verão” em “Um Ano Inesquecível“] sempre foi um sonho muito grande. Eu via minhas amigas e pessoas próximas a mim contando histórias dos livros dela e me imaginei contando uma história romântica de amor adolescente. Quando passei no teste, foi a realização de um sonho de poder contar uma história jovem, que é o tipo de produto audiovisual que eu consumo muito. Amo assistir filmes adolescentes românticos com aquela comédia”, detalhou.