*Por Karina Kuperman
“A dona do pedaço” estreou semana passada e os espectadores conheceram um rostinho novo na TV: Áurea Maranhão, intérprete de Ticiana, irmã de Amadeu (personagem de Marcos Palmeira). A atriz, nascida no Maranhão, já tem uma carreira consolidada no teatro, onde atua desde criança. “Sou apaixonada pela arte de interpretar desde muito cedo e com 19 anos, eu me mudei para São Paulo para estudar na Escola Dramática da USP. Em 2013, fundei a Ordinária Companhia com colegas de faculdade”, lembra ela, que também já integrou o elenco de longas-metragens.
“No mesmo ano também que conheci o grupo AP 43, que tem o foco na pesquisa no ator de cinema. Lá aprendi a atuação de cinema e foi onde conheci o Roberto Gervitz, que é o diretor de ‘Prova de Coragem’, primeiro longa que eu trabalhei como atriz com uma repercussão nacional, com Mariana Ximenes e Armando Babaioff. Estudei quatro anos no AP 43 e depois eu voltei para minha cidade e entrei em contato com uma cena cinematográfica que estava surgindo na época”, conta, acrescentando: “Comecei a conhecer as pessoas, os festivais e senti necessidade de produzir filmes. Me desafiei a produzir, dirigir e atuar no filme ‘Carnavália’, que teve uma repercussão e ganhei alguns prêmios por ele. Dois como atriz, melhor direção de arte, montagem, júri popular, estivemos em um festival em Portland. Esse filme me mostrou que, se você quer se inserir no mercado cinematográfico e não vê maneiras, você precisa criar”, lembra. “Isso foi um divisor de águas. Precisei parar de me ver como produto e criar produtos. A Áurea que ficava na prateleira esperando ser chamada tomou atitude e passou a propor os seus próprios projetos”.
Com um vasto currículo, Áurea, não por acaso, chamou atenção do autor Walcyr Carrasco e da diretora Amora Mautner. “ Fiz um cadastro no ano passado na emissora. Acredito que os dois tenham visto esse material. Recebi um telefone falando que eles tinham gostado do meu trabalho e que queriam me convidar para fazer uma participação na novela das 21h. Eu fiquei muito feliz. É a minha estreia numa novela das 21h, em uma obra escrita pelo Walcyr Carrasco, dirigida pela Amora Mautner. É uma honra”, destaca. “Eu acho que todo ator pensa em fazer televisão em algum momento. Para mim aconteceu de forma natural. Fiz teatro por muitos anos, fui buscar uma formação. O cinema chegou como uma pesquisa, entrou na minha vida como um jeito de me inserir no mercado. Eu sinto que o teatro e o cinema me levaram para a TV de forma natural. Minha experiência com a novela foi maravilhosa. Estou contracenando com atores consagrados no teatro, no cinema e na televisão”, diz.
E nem o currículo extenso a deixou com medo de arriscar um novo passo. “Na minha vida foi assim: o teatro me levou ao cinema. E o cinema me levou a televisão. Esse processo foi muito natural, cada coisa no seu tempo. Medo não seria a palavra. É claro que você fica ansiosa, você não sabe como é a TV, tem muita mais visibilidade… Dá um friozinho na barriga, um nó na goela. Sinto borboletas na barriga”, confessa. A personagem, no entanto, só estará na primeira fase da trama. “Ticiana é uma mulher forte, uma mulher de personalidade. Ela fala o que pensa, não mede certo ou errado, ela defende família dela. Ela é uma leoa, que defende da maneira que for necessária, não tem medo de nada”, adianta ela, que gravou cenas no Sul do país e nos Estúdios Globo.
As diferenças técnicas de televisão, cinema e teatro são muitas, mas, para Áurea, todos os meios tem algo em comum: “Quanto mais verdadeiro você for, melhor será o seu trabalho”, afirma. “No teatro, você mostra com mais veemência. No cinema, fica no olhar, na expressão. A TV carrega um pouco dos dois. Sinto que o ator que tem experiência no cinema, ele traz esse segredo, esse enigma que cada cena vai construindo. Mas o ator que improvisa, que tem o jogo da cena, que sabe aproveitar os acontecimentos, o ator que tem essa expertise, esses jogos teatrais… ganha de forma especial. Eu olho para os grandes atores que admiro e eu vejo isso neles, são consagrados no teatro, no cinema. E eles carregam isso com eles. E fazem uma grande arte na TV”, exemplifica ela, com expertise de quem também é diretora. “Mas só dirijo os meus filmes. Quando estou trabalhando como atriz, eu mato a diretora que tem em mim. É algo automático. Eu foco na minha atuação. Eu sei dividir bem as coisas e acho importante isso. A verdade é que eu só dirijo para poder atuar. Eu só crio para poder atuar. Quando estou só atuando é uma delícia”.
Para os próximos meses, Áurea já tem agenda cheia. “Tenho dois longas para estrear. Um deles chama-se ‘Terminal Praia Grande’, com direção da Mavi Simão. O outro é ‘Ana’, dirigido por Heitor Dhalia. Também tem dois curtas que eu dirigi, produzi e atuei, o ‘Mala Preta’ e o ‘Chá da tarde’“, conta. “Além disso, vou estrear meu solo, ‘Mergulho’, em novembro. E, claro, pretendo fazer mais novelas. Quero que essa seja a primeira de muitas”. A gente fica torcendo.
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