Um dos principais nomes e representantes da dramaturgia brasileira pelo mundo, Rodrigo Santoro foi destaque na 11ª edição do Sorriso do Bem. Encantado com as propostas e realizações de Fábio Bibancos e seus colaboradores da ONG Turma do Bem, o ator participou da cerimônia que premiou os expoentes da odontologia mundial, entre eles, o escolhido como melhor dentista do mundo. Em Poços de Caldas, cidade sede desta edição do evento, Rodrigo conversou com exclusividade com o HT e contou sobre sua relação com o cirurgião-dentista Fábio Bibancos, seus trabalhos na televisão, no cinema e as impressões de um brasileiro globalizado sobre o atual cenário cultural do nosso país.
Entre uma premiação e outra desta 11ª edição do Sorriso do Bem, que reconhece o trabalho dos profissionais que acreditam que odontologia é muito mais do que apenas cuidar de dentes e, sim, cuidar de sorrisos e do bem-estar, Rodrigo Santoro revelou como entrou para o projeto. Mais um fã declarado do trabalho realizado por Fábio Bibancos, o ator definiu as ações da Turma do Bem como “maravilhosas”. “O meu engajamento neste projeto está apenas começando, eu acabei de chegar. Eu conheci o trabalho do Bibancos através de amigos que também já participaram da ONG. Antes, eu só sabia do projeto à distância. Mas há alguns meses, eu fui me aproximando da Turma do Bem, recebi alguns materiais, comecei a mergulhar e entender um pouco mais e fiquei muito estimulado a vir aqui participar. É um trabalho muito bonito”, avaliou Rodrigo. Nós concordamos!
Além de um excelente e brilhante ator, vimos que Rodrigo Santoro também é interessado e engajado na questão humana. Afinal, o trabalho desenvolvido por Fábio Bibancos e seus 16 mil voluntários pelo mundo está centrado no carinho, respeito e tratamento humanizado àqueles que querem um novo sorriso. Mas, com tantos trabalhos icônicos em sua carreira estrelada, a arte tomou conta da conversa.
Recentemente, em mais um trabalho para sua carreira internacional, Rodrigo Santoro teve a honra, o privilégio e a responsabilidade de viver Jesus Cristo no longa Ben-Hur. Sobre este trabalho, que ainda levou às telonas Jack Huston e Morgan Freeman, faltaram palavras para Rodrigo Santoro comentar o feito. “Ben-Hur foi uma experiência inesquecível que não dá nem para descrever a sensação que foi fazer aquele personagem. Jesus Cristo é uma figura muito icônica que eu mesmo tenho uma relação muito próxima. Então, foi uma experiência intensa, como não poderia ser diferente, mas, acima de tudo, inesquecível”, relembrou.
Para essa missão, Rodrigo Santoro contou que mergulhou em um mar infinito de pesquisas que, inclusive, dura até hoje. Segundo o ator, a preparação para interpretar Jesus no cinema representou uma transformação muito grande que durou meses. “Na pesquisa, que é o momento em que eu me preparo para fazer o trabalho, eu conheci, explorei e descobri algumas vivências e experiências. Mas, no caso de Jesus Cristo, este é um processo interminável, é uma pesquisa que eu continuo fazendo até hoje. Ou seja, este papel foi muito importante para mim como ser humano”, comemorou.
Apesar da grandiosidade do papel, o passado recente de Rodrigo Santoro possui mais um destaque profissional. Depois de 13 anos de um hiato em novelas desde sua atuação em “Mulheres Apaixonadas” (2003), o ator integrou a primeira fase de Velho Chico. No folhetim, Rodrigo Santoro interpretou o coronel Afrânio, que, na segunda fase, teve Antonio Fagundes no papel. Em relação a essa volta à teledramaturgia brasileira, o ator explicou a experiência com a sensação de voltar ao começo. “Foi um reencontro com o grande público, com amigos e comigo mesmo. Eu voltei a experimentar a minha cultura e a minha casa. Fazia muito tempo que eu não terminava um trabalho e retornava para a minha casa, no sentido geográfico claro. E, em Velho Chico, eu saia das gravações e não tinha que ir para um hotel e ficar falando uma língua que não é a minha. Tudo isso fez deste trabalho uma experiência muito legal pela qual eu já vinha batalhando há bastante tempo. Eu já queria voltar a televisão e ao Brasil, mas não conseguia por uma questão dinâmica de agenda”, explicou.
Com essa participação em “Velho Chico”, novela que foi elogiada desde o começo pelo trabalho primoroso, Rodrigo Santoro contrariou quem persistia em dizer que o ator não gostava dos folhetins brasileiros. Ele nos contou que, frequentemente, ouvia pessoas afirmando que ele “jamais faria novelas”. “Eu sempre disse e continuo dizendo até hoje que não tenho nada contra a teledramaturgia. Para mim, o importante e elemento chave para entrar em um projeto é o tamanho do compromisso. Então, uma novela naquele formato tradicional de dez ou onze meses, eu realmente não vejo possibilidade por todo o resto que eu estou vivendo. Porém, uma participação, como foi o caso em ‘Velho Chico’, eu não via o menor empecilho. Ainda bem, porque foi um trabalho incrível e enriquecedor. Eu contracenei com artistas excepcionais e conheci o sertão do nordeste de uma outra forma. Por causa da novela, eu pude presenciar e viver as entrelinhas desta região e o coração do nordeste brasileiro”, destacou.
E ele não para. Atualmente no elenco da série “Westworld”, da HBO, Rodrigo Santoro revelou que está flertando com uma série de novos projetos misteriosos. Enquanto não descobrimos em quais telas veremos a brilhante interpretação de Rodrigo Santoro novamente, segue o convite do ator: “Esta série é um projeto incrível sobre ficção cientifica que vai ao ar todo domingo às 23h na HBO”, anunciou sobre o trabalho que foi rodado em Los Angeles e em Utah, nos Estados Unidos.
Com uma experiência e uma vivência plural que transcendem as fronteiras do Brasil e dos Estados Unidos, onde tem trabalhado sequencialmente nos últimos anos, Rodrigo Santoro é gabaritado para comentar sobre o panorama atual do nosso país. Segundo o ator destacou, este processo de mudanças no qual estamos inseridos em território tupiniquim não se restringe só ao Brasil. “Politicamente, socialmente e culturalmente, o mundo está em um processo de transformações constantes. Isso não é uma exclusividade do Brasil. Então, quando eu viajo, eu consigo enxergar a realidade de longe para depois, quando voltar, fazer a imersão e a vivência do cotidiano. De certa forma, eu acho que eu consigo expandir o meu ponto de vista para que ele não fique viciado, seja na minha forma de pensar, de entender as situações ou de relacionar. Sempre que eu chego aqui ou nos Estados Unidos, eu tenho o meu processo de readaptação que, para mim, é um desafio constante”, contou o ator que destacou o ponto positivo desta expansão de opinião. “Tem um lado muito bom que é o frescor que esse olhar me traz. Eu consigo me afastar e analisar a situação de longe. Isso é fundamental, porque senão a gente roda junto com a confusão. Quando a gente está no centro das transformações, eu acho que não conseguimos entender claramente o que está acontecendo”, opinou.
Quando o assunto é cultura, sua especialidade, Rodrigo Santoro foi além nas comparações a avaliações. O ator, que presencia a realidade do Brasil, dos Estados Unidos e de dezenas de outros países diariamente, afirmou que acredita que a arte brasileira está em movimento. “No cinema, por exemplo, eu acho que a gente está caminhando e buscando para que os trabalhos cinematográficos brasileiros encontrem sua própria identidade. Aos poucos, as produções foram ganhando espaço até no cenário internacional, mas estão sempre oscilando em momentos altos e baixos. A cultura, na verdade, é um dos maiores bens que o Brasil possui por causa de sua diversidade. Nosso país é muito grande e, por isso, temos expressões plurais para dar e vender”, disse Rodrigo ressaltando a pluralidade do nosso folclore, das nossas músicas e novelas, por exemplo.
Por fim, Rodrigo Santoro afirmou que precisamos enaltecer a cultura brasileira da forma que ela merece. Para o ator, são as expressões culturais as grandes responsáveis pela alegria e identificação de um povo. “Eu sempre espero que a gente possa valorizar e fomentar o máximo possível dessas expressões. Eu acho que a nossa cultura, assim como a de qualquer país, é a identidade do povo. E isso nós não podemos perder. No entanto, hoje, inseridos no processo de globalização, temos um risco dessas manifestações se misturarem. Com isso, nós perderíamos os nossos detalhes, que faz com que sejamos nós mesmos”, alertou.
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