Em sua estreia como protagonista no cinema, Thalita Carauta comenta produção audiovisual em tempos de crise e destaca resistência da classe: “O destino do artista não é ser rico”


Em “Duas de Mim”, Thalita interpreta Suryellen, uma mulher multiatarefada que, quando tem a oportunidade de fazer um pedido mágico, escolhe ter duas versões para dividir as tarefas. Mas, obviamente, nada sai como o planejado. “Ela é uma clássica representação dessa mulher da periferia e da baixada que precisa ter jornada dupla para pagar as contas de casa”

Ela já brilhou no cinema e é um dos destaques do novo formato do “Zorra“. Mas, agora, Thalita Carauta vive seu momento de protagonista das telonas. Em seu primeiro longa como personagem principal, o que já era esperado desde o sucesso da Dialinda de “S.O.S. Mulheres ao Mar”, a atriz estreou em “Duas de Mim”. Na nova comédia nacional, Thalita interpreta Suryellen, uma mulher multiatarefada que, quando tem a oportunidade de fazer um pedido mágico, escolhe ter duas versões para dividir as tarefas. Mas, obviamente, nada sai como o planejado.

Em mais uma aposta com boa repercussão da comédia nacional, Thalita Carauta representa a mulher brasileira que precisa se dividir em múltiplas versões para dar conta das funções como mãe, trabalhadora, esposa, filha etc. “A Suryellen é uma clássica representação dessa mulher da periferia e da baixada que precisa ter jornada dupla para pagar as contas de casa”, definiu a atriz que estreou o roteiro escrito há três anos em um momento em que a sociedade está acendendo holofotes para essa temática. “Eu acho que o filme chegou em um bom momento, em que o feminismo está galgando novos espaços. Essa não foi a nossa pretensão no primeiro momento. O objetivo do longa sempre foi falar da mulher brasileira que precisa se dividir em várias. Mas é bom quando colocamos a arte a serviço dessas questões. Eu acho que a Suryellen mostra a força da condição feminina em nossa sociedade”, analisou.

Discussões à parte, a personagem de Thalita Carauta em “Duas de Mim” também mostra que a solução desejada para os problemas nem sempre é a melhor saída. Com seu humor peculiar, a atriz contou que não gostaria de ter duas versões para dividir as tarefas do dia. “Isso iria me dar muita confusão. Melhor pedir para ter mais horas no meu dia, caso fosse possível”, comentou. Não sendo, Thalita disse que também não é daquelas que se apoia na tecnologia para simplificar sua rotina. Analógica, como brincou, a atriz prefere um dia-a-dia mais tradicional. “Eu não me dou muito bem com tecnologia. Confesso que sou muito atrasada com a internet. Inclusive, quando preciso fazer uma transferência no banco pelo aplicativo já fico toda tensa”, afirmou.

Com ou sem os avanços da tecnologia como aliados, Thalita Carauta vem subindo consideráveis degraus em sua carreira. Em “Duas de Mim”, a atriz fez sua estreia nas telonas. Mas, de acordo com ela, a experiência como protagonista só mudou em relação ao volume do trabalho. “O fato de eu ser a personagem principal ou não só interfere na quantidade de texto e de dias que eu fico naquele projeto. Para mim, o trabalho de construção daquela pessoa é o mesmo para uma ou 100 falas”, explicou.

O filme “Duas de Mim” marca a estreia de Thalita Caraita como protagonista no cinema (Foto: Divulgação)

Antes da Suryellen de “Duas de Mim”, Thalita Carauta tinha brilhado no cinema em “S.O.S. Mulheres ao Mar” com a divertida Dialinda. Em sua carreira, a atriz ainda tem outras três experiências nas telonas, sendo duas delas na comédia. Em relação ao espaço que o humor vem conquistando no cinema brasileiro, Thalita comemorou o ritmo aquecido das produções, mas destacou a necessidade de o público brasileiro também se interessar e consumir estes trabalhos. “É muito bom ver que o cinema brasileiro está produzindo bastante e obras muito interessantes e divertidas. Eu acho que esse é um mercado que está reagindo bem à crise e às dificuldades que temos encontrado. Porém, é essencial que o público também se interesse e venha com a gente. Infelizmente, eu sinto que as pessoas não estão indo mais tanto ao cinema, por mais que nós atores estejamos estreando novas produções e fazendo a nossa parte”, analisou a atriz que, apesar disso, não escondeu a dificuldade de continuar produzindo. “O cinema é muito complexo. Tudo é dinheiro. Mas a gente segue tentando com persistência e amor. Eu faço o que eu amo e sei que o destino do artista não é ser rico. Sempre foi difícil”, disse.

Mesmo assim, resistir parece ser palavra de ordem. Com a produção tão intensa, pelo menos nos bastidores e na vontade, como disse Thalita Carauta, os enredos tornam-se potentes elementos para o sucesso das películas. E, como consequência, o desafio da inovação um risco para manter o gênero aquecido e com bom retorno das bilheterias. “Cada vez mais, nós precisamos ficar atentos às histórias interessantes que nos cercam os aos novos comportamentos da sociedade. Não tem uma fórmula de história que vá ser sucesso. A gente só sabe que deu certo depois que estreamos e acompanhamos a repercussão. Mas, se fosse para eu apontar uma temática, eu acredito que as questões humanas são sempre as fontes de melhores histórias”, comentou.

Para o sucesso no cinema, a atriz acredita que não haja fórmula, mas aponta as questões humanas como estratégia (Foto: Divulgação)

O fato é que, não importa a temática na qual Thalita Carauta esteja inserida, a chance de vir um novo sucesso na carreira da atriz é sempre grande. Nos últimos anos, ela coleciona experiências positivas e, inclusive, bordões que ganharam o público. Seja no “Zorra” ou no cinema, a popularidade de Thalita Carauta é algo quase unanime. “Com os anos de carreira, a gente vai adquirindo currículo e experiência e é natural que as pessoas guardem trabalhos mais marcantes. E eu vejo isso como algo bom. Para mim, ter um personagem muito forte ligado ao meu nome não influencia em futuros trabalhos. Se aquele projeto for bom e estiver servindo um discurso interessante, o público vai embarcar na história”, disse a atriz que, neste caminho de novos personagens, participa do longa “4×100”, que conta a história da modalidade de revezamento do atletismo.