Em reprise de ‘A Favorita’, papel de Claudia Ohana levanta debate do namoro de mulheres com homens mais jovens


Ao interpretar a caminhoneira Cida, a atriz mostrou que mulheres que desempenham essa função são femininas e vaidosas e considera qualquer comentário ao contrário puro machismo. “Elas se enfeitam e se cuidam como qualquer mulher”, frisa a estrela, que completa 60 anos, em fevereiro, e, recentemente integrou o elenco do longa “Apaixonada”, comédia romântica com Giovanna Antonelli, e aguarda lançamento de “Nós somos o amanhã”

Uma das principais atrizes de sua geração, Claudia Ohana sempre diversificou seu trabalho entre o teatro, a televisão e o cinema, onde recentemente deu vida a Naomi, no longa-metragem Apaixonada, personagem promete passagem marcante na comédia romântica protagonizada por Giovanna Antonelli, que, na pele de Bia, enfrenta um casamento falido e precisa promover mudança para não perder tudo. Claudia também estará no longa musical Nós Somos o Amanhã. E, na TV, Ohana, no momento, pode ser vista na reprise de A Favorita, nas tardes da Globo, como a caminhoneira Cida, que levantou debates em sua exibição original, em 2008, como a questão de ela namorar Juca (Bento Ribeiro), um homem mais jovem. “Isso marcou a personagem, que já era moderna, feminista, feminina e, ainda por cima, namorava um rapaz mais jovem”, frisa a estrela, que, na vida real, já viveu situação semelhante.

Claudia, caracterizada como Cida, na reprise de A Favorita, onde levanta questão do namoro de mulher com homem mais novo (Foto: TV Globo/João Miguel Júnior)

Claudia não enxerga nenhum problema nisso. “Uma vez, eu estava namorando um cara muito legal, muito bonito e as pessoas diziam para mim: ‘Parabéns pelo namorado (risos).’ Quando você está acompanhada, é parabéns. E quando você está sozinha é ‘ahmmm’. As próprias mulheres falam isso, como se a gente pudesse ser feliz somente com um homem do lado ou com uma parceira que seja. Nós podemos também ser felizes sozinhas, nos divertindo, sendo solteiras. A sociedade ainda cobra muito”, pontuou, recentemente, aqui, no site Heloisa Tolipan.

Claudia Ohana e Giovanna Antonelli nos bastidores do filme Apaixonada (Foto: Reprodução Instagram)

Outra questão da trama escrita por João Emanuel Carneiro, que está sendo reprisada no Vale A Pena Ver de Novo, é que Cida, mesmo sendo caminhoneira, profissão tradicionalmente masculina, ela era feminina, o que talvez o público não esperasse naquela época.Como esse universo era desconhecido para mim, fiz um laboratório, conversei com várias profissionais do meio para saber um pouco sobre esse mundo. As pessoas têm a impressão de que por ser uma profissão majoritariamente masculina, a mulher precisa ser masculina também para fazer esse papel. Mas, através das caminhoneiras, constatei que elas são muito femininas, usam esmalte, se enfeitam, se cuidam, como toda mulher. Assim, quis fazer uma personagem feminina e com características fortes. Ela era decidida, livre.. A Cida foi embora da cidade em busca do seu sonho e volta para a família, mantendo a mesma personalidade. As pessoas tinham que aceitá-la como era”, enfatiza.

Durante o processo de composição, Claudia precisou aprender a dirigir caminhão, afinal, foram inúmeras cenas dela ao volante. “Eu adorei. Gosto muito de dirigir e me sentia superpoderosa no alto daquele caminhão! O ofício do ator tem essa vantagem, aprendemos várias atividades. Então, agora eu tiro onda”, diverte-se.

Claudia Ohana na Pedra Bonita, com a Pedra da Gávea ao fundo (Foto: Reprodução Instagram)

Ela lembra bastante do cuidado que se tinha na novela toda, desde o texto moderno, até o cenário mais realista. “A direção buscava uma naturalidade na interpretação. Isso me marcou muito, assim como estar naquele núcleo de atores maravilhosos, a amizade das irmãs vividas por mim, Lilia Cabral e Gisele Fróes, que nos fez ficar amigas na época. Saíamos para comer, ficamos muito unidas, era muito legal”, recorda.

CELEBRAÇÃO DOS 60 ANOS

Claudia Ohana admite não gostar de ficar revendo antigos trabalhos. “É bom lembrarmos da nossa própria história, caminhada, o que fizemos, mas não sou nostálgica, vejo algumas coisas para relembrar a personagem, mas não costumo rever uma novela inteira”, conta a atriz, que completa 60 anos, em fevereiro, ostentando a mesma forma física.

A sociedade é machista, como se nós mulheres só pudéssemos ser felizes com um homem ao lado. Eu fico muito bem sozinha – Claudia Ohana, atriz

Quando é fotografada de biquíni na praia ou quando ela mesma posta fotos assim em seu Instagram, Claudia recebe inúmeros elogios. “É gostoso ser elogiada, mas isso nunca foi fundamental na minha vida como as pessoas que amo e que me cercam. É claro, que na rede social, coloco sempre uma foto melhor. Não é que eu esteja linda, maravilhosa a toda hora. A gente vai envelhecer, isso é fato. Eu não luto contra isso e acredito que existe beleza em todas as etapas da vida. Agora, as pessoas ainda têm preconceitos demais. Este é um país que cultua a juventude e o corpo estereotipado. O importante na vida é ter saúde e realizar o que deseja”, já comentou em entrevista aqui no site.

Claudia Ohana na novela Vamp (Foto: Globo/Nelson Di Rago)

Com extensa carreira de sucesso, a mais recente aparição de Claudia na televisão foi no Super Dança dos Famosos. Mas volta e meia reprisam algum de seus trabalhos na dramaturgia. Por exemplo, ano passado, em plena pandemia, os fãs puderam revê-la como Natasha, um de seus papéis mais marcantes, na novela Vamp, de 1991. “Como disse, não sou uma pessoa que revejo meu trabalho, não sou nostálgica, mas tenho uma carreira com papéis maravilhosos e de muita sorte”, conclui ela, que também considera inesquecíveis a Isabela Ferreto, de A Próxima Vítima, e Antônia, da minissérie A Muralha.