Em preparação para mais uma fase de “Os Dez Mandamentos”, dessa vez em “A Terra Prometida”, a atriz Andréa Avancini, que vive a personagem Sama, deu uma pausa nas gravações para conversar com o HT sobre mais essa etapa. Como nos contou, assim como todo início de trabalho, está uma correria combinar gravação, oficinas, estudo do texto e as outras obrigações com a trama. Mas, segundo ela, vale a pena. “É muito bom aprender um pouco mais sobre a época da novela, pessoas, costumes. Tivemos oficina com um historiador para aprendermos mais sobre o contexto em que se passa a novela. Fiz a minha preparação de texto e entendimento de personagem com o Igor Rodriguez, que é incrível como preparador e diretor. Dentro da Record, tive o acompanhamento da maravilhosa Fernanda Guimarães, que é preparadora de elenco, para uma vivência de emoção. Quando chegamos ao estúdio, eu já estava pronta para receber a direção dos mestres. Fui dirigida pelo Ajax Camaxo e pelo Alexandre Avancini, meu irmão, que tenho muito orgulho em dizer que hoje é um dos diretores mais respeitados do nosso país e também diretor de maior bilheteria da história do cinema brasileiro. Foi muito bom!”, contou.
Sobre a experiência em ser dirigida pelo irmão Alexandre Avancini – que desempenha o mesmo papel do pai Walter Avancini –, Andréa disse que, dentro do set, a relação pessoal deles só ajuda. “Minha relação com meu irmão durante as gravações é excelente. Nos conhecemos profundamente. Admiro seu trabalho como profissional e sou fã de carteirinha como irmã. Com meu pai, minha relação profissional era ótima também. Ele era duplamente durão, pois era meu pai e diretor. São dois diretores geniais, que desenvolveram seu trabalho de forma diferente”, falou a atriz sem poupar elogios.
Andréa, que, além de tramas bíblicas também tem novelas de época na trajetória de mais de 30 anos, destaca que a maior dificuldade nesses enredos é a forma de falar entre os personagens. “A direção estipula se quer uma linguagem mais formal ou uma mais coloquial e seguimos o trabalho muito em cima de texto. A época em que se passa a trama, para mim, não faz muita diferença, pois quem define mesmo a linguagem é a direção. É uma questão de opção para aquele determinado produto”, explicou.
Sobre as novelas bíblicas, Andréa disse que adora trabalhar com os contos católicos. Segundo ela, é o melhor livro de histórias do mundo por envolver superação, fé e amor. “Eu particularmente sou uma pessoa de muita fé em Deus. Então, é muito gratificante fazer parte de um projeto que transmite ao público mensagens de esperança, de fé e de amor em tempos tão conturbados como os nossos. Acredito que, para o ator, a maior dificuldade é se adaptar à linguagem de época, que deve ser naturalista, sem ser moderna”, argumentou. Já em relação à responsabilidade em trabalhar com um tema que lida diretamente com a fé do público, a atriz destacou o respeito pelo enredo por parte de toda a equipe como segredo do sucesso. “Tudo está sendo feito com muito cuidado, no ritmo de uma novela, mas com a direção atenta aos pequenos detalhes que fazem a diferença para o espectador. Se for preciso, eles levam horas de estúdio para uma direção mais detalhada da história que cada personagem traz. E, neste trabalho, eu, particularmente, lido com a minha fé também. Então, é muito gratificante”, explicou Andréa.
Com diversos trabalhos de sucesso na Rede Globo – emissora na qual ficou por 20 anos –, como nas novelas “Xica da Silva”, “Cambalacho”, “O Profeta” e “Alma Gêmea”, Andréa, há dez anos, é contratada da Record. Sobre a transição, a atriz encara com naturalidade e destaca os reencontros com profissionais de bastidores que também migraram do plim-plim para a rede de Edir Macedo. “Somos como os profissionais de circo, uma hora estamos aqui e outra ali, exercendo nosso ofício onde tiver uma plateia”, comparou.
A carreira como atriz e a carga de conhecimento que carrega renderam à Andréa uma nova função no meio artístico: a atriz também tem uma oficina de preparação de atores e dá aulas aos iniciantes. E já passaram vários nomes conhecidos pelas mãos da filha de Walter Avancini. “A ideia de dar aulas e ter minha oficina de formação de atores surgiu de uma necessidade da diretora Marlene Costa, que é uma das maiores profissionais de dublagem do país. Na época, ela dirigia a dublagem da novela Carrossel, que tinha um elenco infantil muito grande que não tinha muita experiência como atores ou apresentava uma linguagem muito teatral para dublagem. Comecei a dar aulas para essas crianças e, em três meses, a turma que era de cinco alunos se transformou em um grupo de trinta alunos. Foi assim que começou e eu nunca mais parei. Adoro dar aulas. Hoje tenho turmas na CAL, na Reis Oficina de Atores e na Atores In Cena. Além de viajar bastante como convidada em oficinas fora do Rio de Janeiro. É uma felicidade muito grande saber que fiz parte na formação de excelentes profissionais. Fico orgulhosa”, disse ela que já ensinou à atores como Johnny Massaro, Josie Pessoa, Sérgio Malheiros, Bianca Salgueiro, Rafael Zulu, Rodrigo Phavanelo, Thais Muller, entre muitos outros.
E tem mais! Além do trabalho na preparação de profissionais para o meio artístico, Andréa Avancini também está presente nos bastidores de peça de teatro. A gente explica: além de diretora, a atriz também já produziu espetáculos. “Saber transitar entre várias funções nessa área me ajuda muito, pois tenho uma noção mais ampla de todo o processo. Dirigi e produzi várias peças pela minha oficina – Casa e Companhia de Artes Avancini – e depois fui para produções adultas pela minha produtora. Getsemani, de Mario Bortolloto foi a primeira, com Luciano Szafir no elenco”, contou a atriz que possui outros projetos em processo de captação.
Como mais uma representante da classe artística brasileira, Andréa é do grupo que ressalta a importância da cultura para o Brasil e os brasileiros. Com as recentes mudanças no governo e posicionamentos políticos de artistas de diversos meios, a atriz prefere não expressar opinião político-partidária. No entanto, afirma que a decisão inicial do presidente interino Michel Temer em acabar com o Ministério da Cultura representou um retrocesso. “Sempre optei por não ter um posicionamento partidário porque acredito que na política, o que hoje é verdade, amanhã pode deixar de ser. Então, o que verdadeiramente me preocupa, são os reflexos desse período conturbado político que estamos passando, em um dos bens maiores de um país, que é a cultura. O poder transformador da cultura, assim como o do esporte, é capaz de fazer pessoas terem esperança, acreditarem nelas próprias, e assim não desistirem diante da enorme dificuldade de viver. E sem dúvidas diminuir o Ministério da Cultura não seria um avanço ao que já construímos até aqui, e sim um retrocesso. Fico feliz que a expressão popular artística resultou num novo olhar sobre a nossa cultura e torço verdadeiramente que o Marcelo Calero, agora como ministro, consiga desenvolver um bom trabalho. Que não haja preferências partidárias, e que sim, um Ministério que trabalhe em prol da sociedade cultural homogeneamente. Eu acredito no meu país e quero vê-lo crescer. Tenho certeza que a cultura pode sim contribuir para nos levar muito longe”, argumentou a atriz Andréa Avancini.
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