Em papo com HT, Selton Mello fala sobre a volta à TV com “Ligações Perigosas”, projetos para o cinema e idade: “Não tenho medo de envelhecer, acho ótimo”

Depois de 15 anos afastado das novelas e outros quatro sem nenhum projeto diretamente desenvolvido para a TV (o último foi em “A mulher invisível”, de 2011), Selton Mello estará de volta às telinhas a partir do próximo dia 4 como o moralmente desprovido e meticulosamente manipulador Augusto de Valmont, um dos protagonistas de “Ligações Perigosas”. Na próxima minissérie da Globo, com texto de Manuela Dias e direção de Vinícius Coimbra, o ator dividirá os holofotes da vilania com Isabel D’Ávila de Alencar, interpretada pela incrível Patrícia Pillar, enquanto ambos tentam infernizar a ingênua Mariana de Santanna (Marjorie Estiano). Em conversa com HT, o astro falou sobre os desafios do personagem, a alternância entre cinema e televisão e a relação com o público.

“O Augusto de Valmont é um personagem escrito em 1780, que já teve 11 versões para o teatro, cinema etc. Este foi um trabalho muito difícil de fazer, por ser rico e complexo. Fiz questão de tratá-lo como um homem de muitas camadas de entendimento. Há muitas contradições dentro dele e deixei para o próprio público resolver o que se passa por dentro. Espero que se encantem, porque esse não foi ‘mais um’ projeto. Todos da equipe se apaixonaram desde o início”, explicou o ator, cujo personagem será vivido também por Guilherme Lobo, em sua fase adolescente.

Selton Mello durante a coletiva de imprensa de “Ligações perigosas” (Foto: AgNews)

De acordo com Selton, o projeto, além de ter sido apaixonante, também teve o tempo de duração perfeito para que o seduzisse a voltar à TV. Tanto, que ele admite cogitar um retorno às novelas. “Penso sim, é possível que aconteça. Só não aconteceu ainda por causa do tamanho da novela, basicamente. Isso sempre foi um empecilho para eu voltar. Minha vida é muito dinâmica, e eu também dirijo, então fica complicado. Gosto de fazer muitos projetos simultâneos”, contou o astro, que planeja o lançamento de “O Filme da minha vida”, sua próxima investida na direção, com Bruna Linzmeyer, Johnny Massaro e Vincent Cassel no elenco, para o próximo ano. O longa-metragem é uma adaptação da obra homônima chilena, e foi rodado na Serra Gaúcha, onde o diretor criou uma cidade fictícia para contar a história do menino que chega da faculdade e descobre que o pai desapareceu.

Por sinal, Selton Mello não esconde o apreço pela telinha, onde começou na profissão de ator ainda criança e seguiu por anos, antes de investir no meio cinematográfico. “Para mim, a TV é sempre um retorno, é de onde eu vim e onde sempre trabalhei. Minha primeira novela na Globo foi aos 11, e voltar à emissora é uma alegria muito grande, porque eu sempre tenho a chance de reencontrar pessoas que trabalharam comigo desde o início. O J. Passos, por exemplo, foi o câmera da minissérie e já filmou comigo em “Corpo a corpo” (1984). Ele dizia que, na hora de gravar, eu não ia para o camarim durante os intervalos, mas ficava no set mexendo na câmera ou reparando na iluminação etc. Ou seja, desde sempre esse foi o meu universo”, confidenciou.

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O amadurecimento diante das câmeras fez com que Selton não só se tornasse um dos atores mais respeitados de sua geração, mas também agregasse uma legião de fãs: “Eu tenho uma relação muito carinhosa com o público e acho que muito disso se deve ao fato de ele ter me visto crescendo. Talvez os mais jovens tenham acompanhado mais a fase do cinema, mas sempre sinto um olhar carinhoso com o meu trabalho”, explicou. E será que não rola um medo de envelhecer sob os holofotes? “Não, acho envelhecer ótimo. Você fica mais maduro e entendedor de si mesmo”, analisou.

Selton Mello sobre retorno às novelas: “O único empecilho é o tempo” (Foto: Divulgação)

Em relação às “ligações perigosas” da vida real, Selton Mello não faz cerimônia e, assim como seu personagem, admite que já foi traído, mas sem remorsos. “Certamente fui”, disse, em tom displicente. Ao mesmo tempo, ele confessa que não dá para manter tais ligações na vida amorosa. “Em relacionamento não. Roubada não dá, tem que fugir. Acho que já tive, mas às vezes a gente tem e nem sabe, só descobre depois”, comentou, completando com um sorriso de quem vai muito bem, obrigado: “Se tive, sobrevivi”.