Cauã Reymond está prestes a dar um passo importante em sua gloriosa carreira. Depois de fazer o maior sucesso em “Justiça”, o galã volta a protagonizar em dose dupla em uma série que promete ser campeã de audiência na telinha da Globo. Diferente de tudo o que o ator já havia feito, em “Dois Irmãos” ele terá o desafio de sentir na pele diferentes sensações já que interpretará os gêmeos Omar e Yaqub, separados tantos pela guerra como pela predileção da mãe por um deles. Agora, se um Cauã já era bom, imagina dobrado? Idênticos na aparência, mas rivais no que diz respeito ao amor desmedido de Zana, os personagens fizeram o ator considerar o trabalho como “o papel mais importante de sua vida” pela complexidade e entrega visceral que contextualizou. Em entrevista ao site HT, Cauã contou que deu literalmente o sangue pelo drama familiar inspirado na obra de Milton Hatoum e adaptada por Maria Camargo e direção do mago Luiz Fernando Carvalho.
“Na última cena, eu me cortei e levei quatro pontos. Bati numa janela, acontece. Me doei de corpo e alma”, frisou o artista, que sempre teve o desejo de embarcar nessa aventura profissionalmente. “Fazer esses personagens é um sonho que tenho há mais de dez anos. Fizemos uma preparação muito especial no galpão onde a gente ensaia todos os produtos do Luiz Fernando. Esse processo durou cerca de três meses com aulas de corpo, voz, dança e improvisações. Também li o livro várias vezes. Ganhei da minha mãe, ainda quando fazia ‘Malhação’, acredita? Estava engatinhando na carreira e tive a intuição de que poderia fazer esses gêmeos. Quando tive a possibilidade de embarcar nesse projeto, foi um grande sonho”, comemorou o ator.
Apesar de só ir ao ar em janeiro, o produto de dez episódios está totalmente gravado há mais de um ano. A trama se passa em uma Manaus de 1920, onde a efervescência cultural era tão rotativa quanto os idiomas que se propagavam pelo porto da capital amazonense. Em paralelo a isso, o epicentro da tragédia em três fases gira em torno de Zana (Gabriella Mustafá/ Juliana Paes/ Eliane Giardini), Halim (Bruno Anacleto/ Antonio Calloni/ Antonio Fagundes) e os gêmeos Omar (Enrico Rocha/ Matheus Abreu/ Cauã Reymond) e Yaqub (Lorenzo Rocha/ Matheus Abreu/ Cauã Reymond).
“Sem dúvidas esta foi a jornada artística mais interessante da minha carreira. Eu realmente me joguei como nunca. Me fez entender quem eu sou como artista, o que quero, que lugar é esse novo que conheci. Mais do que entretenimento, ele trará reflexão ao telespectador”, avaliou o galã, que descartou maiores dificuldades para contracenar com ele mesmo. “Tínhamos um dublê na hora das conversas, que não são tantas assim. Afinal, eles se odeiam. O embate entre esses dois mundos me rendeu mais perguntas em relação às questões psicológicas”, avaliou.
A história oriunda do livro homônimo de Hatoum promete levantar tabus ainda intocáveis na nossa dramaturgia. Afinal, caso de incesto, a sexualidade entre irmãos e o desprezo do pai pelos filhos serão abordadas de forma sugestiva na série. “A mãe o leva para esse lugar, então só me deixei ser levado. As pessoas não estão preparadas, mas estamos inaugurando um diálogo. A obra artística proporciona momentos de diversão e reflexão”, ponderou ele.
Agora, quanto às cenas de sexo, recheadas na história, inclusive com a estreante Bárbara Evans (no papel da sensual Lívia, disputada pelos gêmeos), o segredo é se divertir. Truque que aprendeu com Vincent Cassel, o ator francês, quando fez o filme “À Deriva”. “Já fiz tantas cenas de nudez que vou levando sempre no bom humor e me concentrando. Se não for assim, fica sofrido. Já é tão estranho”, conclui Cauã, que entende a repercussão. “É cultural. Temos curiosidade sobre isso”, disse.
No entanto, Cauã admite que o trabalho foi intenso e a espera para o seu lançamento aguardada com muita ansiedade. E, mesmo compondo personagens que exigissem entrega total e uma carga dramática afloradíssima, ele ainda faz graça sobre seu salário. “Reza a lenda que a Gloria Pires ganhou dobrado quando fez a Ruth e a Raquel em ‘Mulheres de Areia’. Mas, infelizmente, não vai acontecer. Não vou receber dois 13º agora em dezembro”, diverte-se ele, que diferentemente do pai de seus dois personagens, tem se sentido a cada dia mais agraciado pelo nascimento da pequena Sofia, de quatro anos, fruto de seu relacionamento com a também atriz Grazi Massafera.
“Eu acho que eu amadureci tanto, desde o nascimento de minha filha. Eu me sinto cada vez, melhor pai. Eu acho que sou o pai que eu nem imaginava que poderia ser. Eu sou apaixonado pela paternidade. Eu acho muito especial. Acho que é um sentimento que todo mundo deveria experimentar. Porque me faz melhor ser humano, melhor ator, melhor filho, melhor namorado, melhor amigo, melhor tudo. Pode parecer piegas. Mas, quando você se entrega a paternidade. É um amor que lhe toma lugares imagináveis”, completou.
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