Política. Essa é a palavra que rodeia a vida pessoal e profissional do ator Igor Angelkorte no atual momento. Em entrevista exclusiva ao HT durante as manifestações contra o governo interino no edifício Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, o artista contou que os trabalhos feitos ultimamente têm o atual panorama político como cenário. Em cartaz no Oi Futuro de Ipanema, a peça “Os Sonhadores”, que também tem Juliana David e Bernardo Marinho no elenco, aborda uma juventude alienada que precisa descobrir a política neles próprios. Nas telonas, Igor marcou presença no elenco do filme “Mormaço”, que conta a história da Vila Autódromo – comunidade no Rio de Janeiro que precisou ser removida para construção de instalações das Olimpíadas. Já na televisão, o ator está no elenco da série “Segredos de Justiça”, que será exibida no Fantástico (Rede Globo), e da série “Justiça”, com Marina Ruy Barbosa e Débora Bloch, para a mesma emissora. “Eu estou em um momento, coincidentemente, muito politizado e de um engajamento muito bacana no meu trabalho em projetos que falam sobre assuntos que eu acredito”, disse Igor Angelkorte.
Porém, engana-se quem pensa que foi apenas coincidência a combinação de trabalhos que sigam o mesmo pensamento ideológico e político do ator. Como nos contou, ele teve que abrir mão de outros papéis para que pudesse estar nesses enredos. “Eu acho que nós, como artistas, podemos usar a nossa ferramenta para provocar um mundo melhor problematizando essas questões que aparecem. Eu fico muito feliz por estar a serviço desses projetos que estão aparecendo em diferentes meios: no cinema, no teatro e na televisão. É muito importante que existam projetos dentro da TV que sejam contundentes e bacanas como as séries que eu participei”, argumentou.
Apesar da função do ator ser dar vida a personagens que muitas vezes não seguem as características do artista, Igor Angelkorte disse que não aceita papéis que ferem os seus princípios. “Eu realmente não topo. Acho que não teria como eu respeitar o meu lado artístico sem respeitar isso, porque eles estão interligados. Eu faço teatro para, justamente, entender melhor, em primeira instância, a mim mesmo e, em outro momento, poder colaborar um pouquinho, na maior medida que eu puder, para a nossa sociedade e o nosso país”.
Já que a política é o assunto do momento na vida de Igor e de grande parte dos brasileiros, sobre a atual situação, ele disse que não há diálogo com o governo interino. E mais: o ator sequer o reconhece. Na manifestação no edifício Capanema, ele ressaltou que estava participando para pedir a saída do presidente Michel Temer do poder. Para ele, a sigla #ficaMinC – que exigia a volta do, primeiro, extinto, e, em seguida, recriado Ministério da Cultura – não atende às reivindicações do grupo que esteve presente no prédio, já que eles não estão interessados em dialogar com esse governo. “A gente está tentando se fazer ouvir aqui para dizer que não é sobre a cultura especificamente. É sobre esse governo ilegítimo que se coloca e vem tomando decisões arbitrárias muito rapidamente e que nós precisamos resistir juntos e nos posicionarmos. Independentemente do que fazemos, com o que e para quem estamos trabalhamos, temos que dar voz ao que a gente acredita nesse momento. Não podemos nos omitir”, sentenciou.
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