Em entrevista exclusiva, Paolla Oliveira, aos 40 anos, fala com a de 20: “Vai sem medo. Amadurecer acalma muito”


A atriz está no filme ‘Papai é Pop’ contracenando com Lázaro Ramos e fala sobre o papel masculino na criação de um filho, a ligação com o pai, José Everardo, e se mostra observadora atenta da relação de Diogo Nogueira com o filho Davi, de 16 anos. E aponta ainda necessidade de uma reeducação masculina: “O homem que precisa se reinventar é aquele feito para pedestais, distante muitas vezes das responsabilidades, da maturidade, da sensibilidade e do afeto”

*Por Brunna Condini

Em bate-papo ao site, Paolla Oliveira falou sobre o novo trabalho no cinema, ao lado de Lázaro Ramos em ‘Papai é Pop‘, que estreia nesta quinta-feira (dia 11), trazendo reflexões necessárias a respeito da paternidade justamente na semana em que é celebrado o Dia dos Pais, no próximo domingo. Aqui, Paolla comenta sobre a relação com o pai, José Everardo, cita a paternidade do namorado Diogo Nogueira com o filho Davi, e avalia sua própria trajetória de amadurecimento. “Se eu aos 40 anos, fosse dar conselho para a Paolla de 20, diria: Vem pra cá! Com calma e curtindo cada momento, porque eles são únicos e não voltam. Mas vem sem medo. Equilíbrio pleno não existe, nada é perfeito, errar faz parte, e estar vulnerável te coloca no jogo da vida. Mas amadurecer acalma muita coisa”.

Se reconhecendo feminista, a atriz também observou, recentemente, que o feminismo está “mais agressivo, impaciente e apressado, porque as pessoas estão cansadas”. E aproveita aqui para esclarecer: “Acredito que para equalizar algo, talvez seja necessário explicitar bastante as diferenças. O que cansa é o não poder relaxar. O que cansa, na verdade, é o que tem que ser feito. A reeducação e precisar ser firme e alerta o tempo todo. Incansável!”.

Paolla Oliveira fala sobre a desconstrução da paternidade e dos caminhos do feminino hoje (Foto: Fe Pinheiro)

Paolla Oliveira aponta os caminhos do feminino hoje (Foto: Fe Pinheiro)

E analisa a importância da desconstrução do papel masculino nisso tudo. “O homem que precisa se reinventar é aquele educado dentro de uma sociedade com máximas patriarcais. O que é feito para pedestais, distante muitas vezes das responsabilidades, da maturidade, da sensibilidade e do afeto. O homem que, pelo simples fato de existir e não de se fazer presente, acredita merecer respeito, estabelecer relações e ser superior às dicotomias impostas, por exemplo na construção de familiar”, aponta. Namorando Diogo há um ano, Paolla mostra admiração pelo tipo de pai que ele é para o filho, Davi, de 16 anos: “É uma relação de aprendizado. E existe um espaço para buscar ser melhor e estar presente mesmo nessa vida corrida que ele leva”.

"O homem que precisa se reinventar é o que é feito para pedestais, distante muitas vezes das responsabilidades, da maturidade, da sensibilidade e do afeto" (Foto: Fe Pinheiro)

“O homem que precisa se reinventar é o que é feito para pedestais, distante muitas vezes das responsabilidades, da maturidade, da sensibilidade e do afeto” (Foto: Fe Pinheiro)

Ponto de equilíbrio

Interpretando uma dublê, e também mãe, na trama das 19h, ‘Cara e Coragem‘, Paolla vive no longa baseado na obra homônima de Marcos Piangers, uma mulher às voltas com as transformações do nascimento da primeira filha. “O filme fala de um lugar onde a maternidade não se funde com a mulher. Um lugar que tem as responsabilidades mais equilibradas no ambiente familiar, com menos restrições impostas à ela, e um espaço mais livre de pesos e culpas. Sem romantizações desse período, para que ele possa ter sua beleza no que é. E é muito grandioso”, detalha, sobre a produção que joga luz na educação desses novos pais.

Em cena com Lázaro Ramos no filme 'Papai é Pop' (Divulgação)

Em cena com Lázaro Ramos no filme ‘Papai é Pop’ (Divulgação)

Sobre o lugar da mulher de eixo, e de muitas vezes ser ‘guia’ para o homem, indicando caminhos, ela opina: “Acredito que faz parte do processo. Permitir que o feminino tenha realmente seu espaço, para mim, parte do princípio da desconstrução histórica de como fomos educados, do que cultivamos esse tempo todo, e de que maneira vamos educar daqui para frente”. A atriz também já se posicionou sobre o incômodo da maternidade ainda ser algo imposto à condição feminina. Cansa falar sobre o tema? “A maternidade é um assunto pertinente. Está tudo certo! A cobrança que acompanha o tema é que já não tem espaço e se torna chata. Não me parece fundamental, é um desejo e se rolar, rolou!”.

Paolla Oliveira fala sobre desconstrução feminina (Foto: Fe Pinheiro)

Paolla Oliveira fala sobre desconstrução feminina (Foto: Fe Pinheiro)

Paolla Oliveira fala sobre desconstrução feminina (Foto: Fe Pinheiro)

Paolla Oliveira fala sobre desconstrução feminina (Foto: Fe Pinheiro)

 

Pai e filha

Filha do policial aposentado José Everardo, Paolla fala da relação com o pai. “Ele é um homem como tantos brasileiros. Teve uma infância e educação super rígidas e machistas, mesmo assim se formou para uma profissão muito dura e com essas experiências me criou. Tenho uma relação carinhosa e de muito respeito com meu pai. Principalmente depois que coloquei em perspectiva o que ele tinha para oferecer diante do que recebeu. Faz parte do processo querer aprimorar o que recebemos na primeira educação. E de forma fundamental me ensinou o valor da honestidade, do conhecimento e do trabalho”.

"Permitir que o feminino tenha realmente seu espaço, para mim, parte do princípio da desconstrução histórica de como fomos educados" (Foto: Fe Pinheiro)

“Permitir que o feminino tenha realmente seu espaço, para mim, parte do princípio da desconstrução histórica de como fomos educados” (Foto: Fe Pinheiro)

Como é a Paolla filha? “Poxa, difícil responder… a gente tem a melhor resposta para o que procuramos ser para o outro, mesmo que sejam nossos pais. Acredito ser atenciosa, cuidadosa, apaixonada e, às vezes, um pouco ‘brava’. A proteção e o amor podem nos colocar nesse lugar”. E mesmo em meio à rotina intensa de gravações da novela, faz planos para domingo: “Eu e meu pai gostamos de tomar uma cerveja, de um almocinho e jogar baralho. Estou torcendo para que consiga estar com ele”.