Em cartaz com a peça “Fatal” e no ar no novo “Zorra”, Débora Lamm transita entre a comédia e o drama. “A gente não pode ter tanta rigidez”


Além de estar em cartaz com a peça, a atriz de 38 anos voltou a gravar o humorístico ‘Zorra’, da Rede Globo

Ela joga nas onze! Quem só acompanha a atriz Débora Lamm nas noites de sábado no “Zorra”, na Rede Globo, nem imagina que a moça meiga e de sorriso fácil também esconde uma carga dramática gigante. Em cartaz com a peça “Fatal”, que segue temporada até 10 de abril no teatro Oi Futuro Flamengo, na Zona Sul da urbe carioca, a moça, de 38 anos, conta que, quando se trata de trabalho, ela gosta mesmo é de variar. “Eu costumo sempre pautar minhas escolhas na qualidade e principalmente na diversidade. Como o público está muito acostumado a me ver fazendo comédia, quando tenho a oportunidade de estar no teatro procuro projetos que me tragam uma outra pegada, sabe?”, disse ela. Mas quando o grana fica curta, não tem mesmo pra onde correr. “Quando o orçamento aperta a gente não pode ter tanta rigidez, faz parte. Mas coisas que não me agradam, geralmente, eu não consigo aceitar”, ressalta.

Débora Lamm está em cartaz com a peça "Fatal" (Foto: Divulgação)

Débora Lamm está em cartaz com a peça “Fatal” (Foto: Divulgação)

“Fatal”, é uma trilogia do amor. É uma história sobre a paixão criada a partir de mitos e lendas. Os textos são livremente inspirados nas histórias de Kama e Rati, Tristão e Isolda e Eros e Psiquê. Em cena, Debora Lamm e o ator Paulo Verlings dão vida a um casal que conta, em três atos, os encontros amorosos destes grandes mitos da mitologia grega. “Paulo é um parceiro antigo de trabalho. Pelo convite ter vindo dele, eu já estava muito inclinada a aceitar. Eu gosto de trabalhar com ele e sempre quis ter um contato também com a Vera Holtz (que assina a colaboração artística do espetáculo). A peça apresenta o amor em tempos de ódio”, disse.

Debora Lamm e Paulo Verlings em cena (Foto: Divulgação)

Debora Lamm e Paulo Verlings em cena (Foto: Divulgação)

Falando em tempos odiosos, Débora, que é totalmente à favor da democracia, não consegue esconder sua indignação com o nosso cenário político atual. “Acho que a gente não atravessa um bom momento, mesmo. são tempos difíceis, mas a minha bandeira é da liberdade e da democracia. Eu vou lutar o quanto eu puder pra fazer jus a uma galera que lutou lá atrás. Definitivamente, não vai ter golpe!”, declarou.

Com os motores a todo vapor, a artista, que também tem diversos trablhos no cinema nacional, ainda adianta que em agosto vai estrear seu primeiro monólogo inspirado em Medeia (personagem da mitologia grega), no Sesc Copacabana. A peça marca os 20 anos da atriz no teatro.

Mas muito se engana quem pensa que Débora renega o título de humorista. “A televisão me deu esse visibilidade como comediante. Eu fico muito vaidosa. A comédia é um requinte da espécie, é algo que você não consegue ensinar pra ninguém. É um dom. Adoro esse título de comediante”, garante ela, que segue firme nas gravações da nova temporada do “Zorra”, que tem reestreia marcada para o dia nove de abril. “Estou muito feliz! Eu adorei a reformulação do programa. Gosto muito desse humor de hoje em dia, onde a gente ri de si mesmo e se coloca no papel principal, além das situações do cotidiano. O humor contemporâneo tem essa coisa do deboche. Adoro!”, contou.

Débora Lamm e o elenco do "Zorra" (Foto: Divulgação)

Débora Lamm e o elenco do “Zorra” (Foto: Divulgação)

Vem ver na íntegra o papo que a gente teve com a atriz!

HT: Conta um pouco de como você foi parar na arte. tem alguém da família? Como o teatro entrou na sua vida?

DL: Eu comecei a fazer teatro em 1997, no teatro Tablado, e ali foram as minhas primeiras experiências com a profissão. Cheguei a fazer quase 10 peças de Maria Clara Machado e montagens com a Guida Vianna. Fiquei alguns anos no Tablado aprendendo mesmo a ser gente do teatro. Aprendi que todo mundo é muito importante para que tudo aconteça da melhor maneira. Meus avós maternos eram pintores naïfs. Eles têm quadros expostos no Mian (Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil), ali no Cosme Velho (no Rio). Eles são minhas referências artísticas mais próximas. Mas, no núcleo familiar de casa eu sou a única artista mesmo. Eu fui parar na arte por afinidade. É onde eu me expresso melhor e sou mais feliz.

 

HT: Você, pelo menos na TV, tem uma pegada de humor marcante. Acha que o humor ainda sofre preconceito e a comédia é vista como um gênero menor? Como avalia ser uma atriz – também – de comédia?

DL: A televisão me deu esse titulo de comediante, eu fico muito vaidosa, a comédia é um requinte da espécie, é algo que você não ensina a ninguém. É um dom. A comédia ainda é vista como uma arte menor, acaba tendo menos prestígio, não entre mim e meus amigos, mas no geral mesmo. Mas não é bem assim. Fazer rir é um dom divino. Adoro esse título de comediante.

HT: Você faz muito, muito, muito teatro. Como avalia a seara teatral brasileira contemporânea?

DL: Eu faço muito teatro e assisto muito teatro. Eu tenho uma companhia de teatro há 6 anos. A OmondÉ. Ela surgiu em 2010, e eu tenho percebido entre os trabalhos dos meus colegas que hoje em dia tem muita gente falando das questões do nosso país. O teatro contemporâneo é muito diverso e eu fico muito feliz de fazer parte dele. Eu adorei o Projeto Brasil e o Caranguejo Overdrive.

HT: Como foi a preparação para esta peça “Fatal”? Como veio o convite, o processo de ensaio?

DL: Eu fui convidada pelo Guilherme Leme e Paulo Verlings. Paulo é um parceiro antigo de trabalho. Pelo convite ter vindo dele, eu já estava muito inclinada a aceitar. Eu gosto de trabalhar com ele e sempre quis ter um contato também com a Vera Holtz. A peça apresenta o amor em tempos de ódio  O processo de ensaio foi tranquilo. Foram de 5 a 6 semanas e caiu em um momento ótimo pra mim. Eu estava de férias do programa e nesses tempo eu fiz três peças.

HT: O que os mitos gregos têm ainda pra nos ensinar?

DL: Todos os mitos e todas as historias sempre têm a nos ensinar. Muito! Eles têm essa função.

HT:  O que é fatal para você? (pode ser pro bem ou pro mal sentido)

DL: Fatal é tudo aquilo que te toca. Fatal  está relacionado ao bem e o mal. Falando da peça, é bem o limite entre o amor e a dor. Quando o amor dói, sabe?

A atriz na pele da hippie Estrella, no longa "Muita Calma Nessa Hora" (Foto: Divulgação)

A atriz na pele da hippie Estrella, no longa “Muita Calma Nessa Hora” (Foto: Divulgação)

HT: Quais seus próximos projetos?

Tenho um longa pra fazer com meu parceiro Bruno Mazzeo. Mas estamos iniciando as leituras ainda. Tenho o projeto de um monólogo baseado em Medeia, onde eu estreio em agosto no Sesc Copacabana. Vai ser a primeira vez que estarei à frente de um espetáculo sozinha. Até porquê ano que vem eu faço 20 anos de teatro. É uma forma de comemorar. Apesar de ser um monólogo, também é um  um projeto da minha companhia. Também tenho dois projetos de direção, no grupo “Abacaxi”, e o projeto pra crianças Berenice Soriano. Mas ainda estamos em processo de captação.

HT: Como vai ser a volta ao “Zorra”?

DL: Estou muito feliz! Eu adorei reformulação do programa. Gosto muito desse humor de hoje em dia, onde a gente ri de si mesmo e se coloca no papel principal, além das situações do cotidiano. O humor contemporâneo tem essa coisa do deboche. Adoro! No entanto, eu acho que o humor do bordão não tem mais volta, por enquanto. A vida é cíclica. Agora o humor está em outra. Sou muito agradecida ao Marcius Melhem e ao Mauricio Farias que me deram essa oportunidade.

HT: Como você vê o nosso cenário político?

DL: Me deixa muito triste.  Acho que a gente não atravessa um bom momento, mesmo. São tempos difíceis, mas a minha bandeira é da liberdade e da democracia. Eu vou lutar o quanto eu puder pra fazer jus a uma galera que lutou lá atrás. Definitivamente, não vai ter golpe!